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Europa

Ucrânia: ataque mortal no leste abala trégua de Páscoa

Separatistas pró-Rússia disseram que foram atacados por atiradores nacionalistas da Ucrânia na cidade de Slovyansk

20 abr 2014 - 11h22
(atualizado às 11h38)
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Soldado passa próximo a carro incendiado durante tiroteio na madrugada deste domingo na cidade ao leste da Ucrânia
Soldado passa próximo a carro incendiado durante tiroteio na madrugada deste domingo na cidade ao leste da Ucrânia
Foto: Reuters

Pelo menos duas pessoas morreram em um tiroteio na manhã deste domingo perto da cidade ucraniana de Slavyansk - controlada por separatistas pró-Rússia, o que pode abalar um já frágil acordo internacional que foi definido em Genebra na última semana para evitar um conflito maior.

Depois das mortes, a Rússia questionou se o governo ucraniano, apoiado pelo Ocidente, estava cumprindo o acordo, mediado na semana passada em Genebra para por fim a uma crise que fez com que os laços da Rússia com o Ocidente ficassem mais tensos do que em qualquer momento desde a Guerra Fria.

Os separatistas disseram que foram atacados por atiradores do grupo nacionalista da Ucrânia "Setor Direita", que negou qualquer envolvimento, dizendo que as forças especiais russas estavam por trás do conflito.

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O fracasso do acordo de Genebra pode trazer mais derramamento de sangue no leste da Ucrânia, mas também pode fazer com que os Estados Unidos imponham sanções mais duras ao governo russo na semana que vem, com potenciais consequências generalizadas para muitas economias e importadores de energia russa.

O acordo, assinado em Genebra na semana passada por União Europeia, Rússia, Ucrânia e EUA, determina a retirada de grupos armados ilegais.

Até agora, os militantes pró-Rússia não deram nenhum sinal que pretendem sair de onde estão, embora houvesse alguma esperança de progresso, depois que Kiev disse que não ia agir contra os separatistas durante a Páscoa, e mediadores internacionais se dirigiram ao leste da Ucrânia para tentar convencê-los a se desarmar.

Mas os tiroteios perto de Slaviansk, que já é um local de tensão entre grupos rivais da Ucrânia, provavelmente tornarão essa tarefa ainda mais difícil, fortalecendo a opinião de partes pró-Rússia da sociedade de que eles não podem confiar em Kiev.

"A trégua da Páscoa foi violada", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado. "Essa provocação... demonstra a falta de vontade por parte das autoridades de Kiev de controlar e desarmar os nacionalistas e extremistas."

O porta-voz do Setor Direita, Artem Skoropadsky, disse que isso era uma "blasfêmia e uma provocação da Rússia: blasfêmia porque aconteceu durante uma noite sagrada para os cristãos, na noite de Páscoa. Isso foi claramente realizado pelas forças especiais russas."

Milicianos separatistas perto da cidade ucraniana oriental de Slaviansk disseram à Reuters que um comboio de quatro veículos se aproximou do seu posto de controle por volta das 2h da madrugada e abriu fogo.

"Tivemos três mortos e quatro feridos", disse à Reuters um dos combatentes separatistas, chamado Vladimir, no posto de controle onde havia dois jipes incendiados.

Ele contou que os separatistas responderam com tiros e mataram dois dos agressores, que, segundo disse, eram membros do movimento nacionalista que tem sua base de poder no oeste do país, onde se fala predominantemente ucraniano e uma área desprezada por muitos do leste, de língua russa.

Um cinegrafista da Reuters no local disse que viu os corpos de duas pessoas colocados na traseira de um caminhão, um deles com ferimentos provavelmente provocados por tiros no rosto e na cabeça.

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Um dos mortos estava usando uniforme militar camuflado, o outro, identificado por diversos curiosos presentes, seria um homem local, com roupas civis. 

Em Kiev, o Ministério do Interior disse que uma pessoa foi morta e três ficaram feridas em um confronto armado. A pasta afirmou que a polícia estava tentando obter mais detalhes sobre o que aconteceu.

Foram as primeiras mortes em confrontos armados no leste da Ucrânia desde que o acordo de Genebra foi assinado, na quinta-feira.

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