Shein corre risco de ser banida da França por venda de bonecas pornográficas para pedófilos
O governo da França ameaçou, nesta segunda-feira (3), banir a marca chinesa Shein do país caso volte a vender bonecas de natureza pedopornográfica. A gigante chinesa do comércio eletrônico garantiu que o produto não está mais disponível para compra, após o escândalo que veio à tona neste fim de semana.
O governo da França ameaçou, nesta segunda-feira (3), banir a marca chinesa Shein do país caso volte a vender bonecas de natureza pedopornográfica. A gigante chinesa do comércio eletrônico garantiu que o produto não está mais disponível para compra, após o escândalo que veio à tona neste fim de semana.
O anúncio chocante mostrava, até o último fim de semana, a foto de uma boneca com proporções e traços de uma criança, usando um vestido branco infantil e duas tranças nos cabelos. Nos braços, ela segura um urso de pelúcia. A descrição do produto era ainda mais perturbadora: "boneca sexual, brinquedo para masturbação masculina com corpo erótico e vagina e ânus verdadeiros". Preço: € 186,94 (equivalente a R$ 1153,24).
A Shein anunciou no domingo (2) ter retirado a boneca da venda em seu site na França após denúncia da Direção-Geral de Concorrência, Consumo e Repressão à Fraude do país. O escândalo veio à tona após a revelação pelo jornal Le Parisien da mobilização das autoridades francesas contra a empresa chinesa.
O diário ainda destaca uma gama imensa de produtos pornográficos - entre sex toys e bonecas infláveis - comercializados no site da Shein. Vários produtos continuam sendo facilmente acessíveis, bastando um clique para o comprador certificar ser maior de 18 anos.
A polêmica surgiu dias antes da abertura de uma loja da Shein em um centro comercial no coração de Paris, o BHV Marais, seu primeiro ponto de venda físico da marca na França.
No entanto, esta não é a primeira vez que a gigante chinesa entra na mira das autoridades na França. A Shein recebeu neste ano três multas, totalizando € 191 milhões (R$ 1,18 bilhão), por descumprir a legislação sobre cookies online, promoções falsas, informações enganosas e por não declarar a presença de microfibras plásticas em seus produtos.
Direito de proibição da plataforma
"Se esse comportamento se repetir, teremos o direito, e eu solicitarei, de proibir o acesso da plataforma Shein ao mercado francês", declarou o ministro da Economia, Roland Lescure, ao canal BFMTV e à rádio RMC nesta segunda-feira.
"Por atos terroristas, por tráfico de entorpecentes e por objetos pedopornográficos, o governo [francês] tem o direito de solicitar a proibição de acesso ao mercado (...), caso os comportamentos se repitam ou caso os objetos em questão não sejam retirados em 24 horas", detalhou. "Esses objetos horríveis (...) são ilegais" e "haverá uma investigação judicial", afirmou.
"Já chega, porque esses não são objetos como os outros", declarou à BFMTV a alta comissária para a Infância da França, Sarah El-Haïry. "São objetos ligados à pedocriminalidade, nos quais predadores se exercitam — infelizmente, às vezes antes de cometer abusos contra crianças", acrescentou ela.
Segundo ela, outras plataformas que atuam na França também estão no visor das autoridades. Segundo a rádio RMC o site AliExpress venderia as mesmas bonecas que a Shein.
Bonecas estão a venda em outros países
Para Arnaud Gallais, fundador do coletivo francês Mouv'Enfants, que combate a violência sexual contra menores, a Shein está "mentindo" quando alega ter retirado os produtos de seu site. "As bonecas ainda estão à venda na Shein do Reino Unido, da Espanha, do Chile. Você as encontra e com um VPN é possível mandá-las entregar na França", alerta.
Gallais lembra que na casa do ex-médico francês Joël Le Scouarnec, que agrediu sexualmente de mais de 300 pessoas na França, foi encontrada uma coleção de bonecas com aparência infantil. O ex-cirurgião foi condenado recentemente a 20 anos de prisão por estupros e violências sexuais.
Segundo uma fonte do Ministério francês da Economia, o caso da Shein está a cargo do Minstério Público de Paris. O regulador da comunicação audiovisual e digital da França, a Arcom, confirmou nesta segunda-feira, em comunicado, que também foi acionado.
Com informações da AFP