PUBLICIDADE

Europa

Sem papas na língua: relembre frases polêmicas do 'papa pop'

Francisco parece ter opinião para tudo: e quando o pontífice fala, todo mundo quer saber - até mesmo quem não é católico

10 fev 2015 - 08h53
(atualizado em 11/3/2015 às 14h12)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Papa Francisco tem opiniões marcantes</p>
Papa Francisco tem opiniões marcantes
Foto: Giampiero Sposito / Reuters

O papa Francisco chegou para causar: revolução, emoção, polêmica, lágrimas, aprovação, surpresa. Surpresa sempre. Os discursos e mensagens do argentino - o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos - conseguem atingir de alguma maneira até mesmo quem não é católico.

Seja o assunto que for, o 'papa pop' sempre tem um opinião marcante. Sem papas na língua, ele veio para mudar de vez a rotina do Vaticano. Holofotes ligados, vamos recordar 20 frases polêmicas de Francisco nestes quase dois anos à frente de uma das religiões mais seguidas do mundo.

"Os bons teólogos, como os bons pastores, cheiram o povo e a rua"

Em março de 2014, prestes a completar 2 anos de papado, Francisco escreveu para o ao cardeal Mario Aurelio Poli, arcebispo de Buenos Aires e grande chanceler da Pontifícia Universidade Católica Argentina (U.C.A.), em ocasião da celebração do centenário da Faculdade de Teologia, pedindo para que os teólogos formados no local sejam capazes de "construir em torno de si a humanidade, de transmitir a divina verdade cristã em uma dimensão verdadeiramente humana, e não um intelectual sem talento, um moralista sem bondade ou um burocrata do sagrado". 

Assim, solicitou que não acumulem dados e informações sobre a Revelação sem saber depois "o que fazer com isso". "Os bons teólogos, como os bons pastores, cheiram o povo e a rua e, com sua reflexão derramam vinho nas feridas dos homens", escreveu. 

"Um mundo no qual as mulheres são marginalizadas é um mundo estéril"

No Dia Internacional da Mulher de 2014, Papa Francisco revolucionou defendendo a importância da participação feminina na sociedade. Durante seu pronunciamento depois da oração do Ângelus, o pontífice disse que este 8 de março representa a "ocasião para ressaltar a importância das mulheres e a necessidade de sua presença na vida".

"Um mundo no qual as mulheres são marginalizadas é um mundo estéril, porque as mulheres não só dão a vida (...), mas têm a capacidade de entender o mundo com outros olhos e de sentir as coisas com coração mais criativo, mais paciente e mais mole", ressaltou Francisco . 

"Os filhos precisam de um pai que os acolham ao voltarem para casa com seus fracassos. E os pais, às vezes, terão que castigá-los, mas nunca bater no rosto"

Foto: Aaron Favila / AP

O Papa Francisco começou o mês de fevereiro deste ano causando muita polêmica ao defender que os pais castiguem os filhos, incluindo o uso de 'palmadas'. Para o pontíficie, bons pais são aqueles que nunca "humilham" os filhos, que sabem "perdoar com o coração, corrigir com firmeza" e os colocam de castigo quando necessário. 

A declaração causou furor especialmente em países, como o Brasil, onde a violência doméstica é condenada com Leis especiais (Lei da Palmada ou Lei do Menino Bernardo). 

“Católicos não precisam procriar ‘como coelhos’”

Foto: Reuters

Foto: Reuters

Francisco falou sobre controle de natalidade e população, temas que foram levantados em sua visita às Filipinas, em janeiro deste ano, onde a igreja local se opõe a uma lei do governo que torna os contraceptivos mais acessíveis.

"Alguns pensam, desculpem se uso a palavra, que para ser bons católicos temos que ser como coelhos, mas não", disse o papa, acrescentando que a Igreja promovia a "paternidade responsável".

Na ocasião, o pontífice reafirmou a proibição aos métodos contraceptivos artificiais e acrescentou que existiam "muitas vias permitidas" de planejamento familiar natural.

"Escutem mais as mulheres, não sejam machistas"

Foto: Alessandra Tarantino / AP

Também em meados de janeiro deste ano, na visita às Filipinas, o papa argentino fez declarações de improviso durante uma reunião de jovens numa universidade católica na capital Manila, depois que percebeu que quatro das cinco pessoas que falaram com ele no palco eram homens. “Há apenas uma pequena representação feminina aqui, muito pequena. As mulheres têm muito a nos dizer na sociedade atual. Às vezes, nós, os homens, somos muito 'machistas'", disse.

Francisco disse que, embora a proibição da Igreja Católica Romana em relação à ordenação de mulheres seja definitiva, ele quer promover mais freiras e outras mulheres a cargos mais importantes no Vaticano.

"Se meu amigo (...) xinga a minha mãe, ele pode esperar um soco. É normal. Não se pode provocar"

Foto: Tony Gentile / Reuters

Foto: Reuters/Tony Gentile

Após o atentado terrorista contra a redação da Charlie Hebdo em Paris, em janeiro, Francisco defendeu que nenhuma religião pode ser desrespeitada, mas que a fé nunca deve ser usada para justificar violência. Para ilustrar, ele disse: "se meu amigo Dr. Gasparri xinga a minha mãe, ele pode esperar um soco. É normal. Não se pode provocar", disse.

Francisco afirmou que a liberdade de expressão é um direito e um dever e precisa ser exercida. Ao mesmo tempo, disse que "matar em nome de Deus é um absurdo" e que a religião nunca pode ser usada para justificar a violência.

“Se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?”

Foto: Wally Santana / AP

Durante o voo de retorno ao Vaticano, após visita ao Brasil em julho 2013, Francisco falou com jornalistas sobre os gays e a homossexualidade. O pontífice citou o Catecismo da Igreja Católica para reafirmar a posição de que a orientação homossexual não é pecado, mas os atos (como casamento) são. “Se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?”, indagou.

“Que celulares não atrapalhem conversas em família”

Foto: Rolando Mailo / AP

Foto: AP/Rolando Mailo

No Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, 23 de janeiro, o papa Francisco pediu para que as tecnologias não atrapalhem as conversas em família. Ele lembrou que os pais são os primeiros educadores e que devem orientar o relacionamento com as tecnologias.

“Hoje, as mídias mais modernas, sobretudo para os jovens, são impossíveis de serem renunciadas e tanto podem ajudar como atrapalhar a comunicação familiar. (...) Que as famílias orientem o nosso relacionamento com as tecnologias ao invés de serem guiadas por elas", destacou.

“Sistema econômico é causador da pobreza”

O papa Francisco afirmou que a causa da pobreza não são as famílias, mas um sistema econômico que fez com que o povo fosse guiado pelo “Deus do dinheiro”, durante uma audiência geral realizada na Sala Paulo XVI do Vaticano, em 21 de janeiro deste ano.

“A causa principal da pobreza (...) é um sistema econômico que fez com que o povo deixasse se guiar pelo Deus do dinheiro. Um sistema econômico excludente que desloca os idosos e jovens”.

"Deus escolhe boas pessoas em todas as religiões"

Foto: Eranga Jayawardena / AP

Foto: AP/Jay Awardena

Mais uma vez surpreendente, ainda nos primeiros dias de 2015, o papa Francisco defendeu que a busca de Deus pelas boas pessoas "nunca tem fim" e compreende “homens e mulheres de todas as religiões e do mundo inteiro”.

"Aquele menino, nascido em Belém da Virgem Maria, veio para libertar não só o povo de Israel, que foi representado pelos pastores, mas também para a humanidade, representada pelos Magos vindos do Oriente", ressaltou o Pontífice.

"É preciso servir aos frágeis ao invés de se servir deles"

Foto: Saurabh Das / AP

Foto: AP/Sauraba-Das

No último dia de 2014, Francisco fez um pedido especial para que as pessoas coloquem os menos favorecidos "no centro das preocupações", servindo aos mais frágeis. “É preciso servir aos frágeis e não se servir dos frágeis”, defendeu o papa durante sua homilia na Basílica de São Pedro.

“Quando uma sociedade ignora os pobres, persegue-os e os criminaliza, lhes obriga a se unir à máfia. Essa sociedade se empobrece até a miséria”, disse.

"Como faz bem uma boa dose de humor!"

Foto: Gregorio Borgia / Reuters

Foto: AP/Gregorio Borgia

Na sua mensagem de Natal de 2014, Francisco surpreendeu a todos ao pedir que os cardeais façam um exame de consciência ante o “alzheimer espiritual”, entre outras doenças que relacionou e que disse afetarem a Cúria.

O Papa afirmou que, "como qualquer corpo humano", a Cúria sofre de "infidelidades ao Evangelho" e de "doenças que precisa aprender a curar".

As expressões geraram algum desconforto entre os cardeais e altos funcionários da Santa Sé. Em meio ao discurso forte, ainda brincou “como faz bem uma boa dose de humor!”.

"Precisamos é de pontes, e não de muros"

Foto: Bullit Marquez / AP

Foto: AP/Bullit Marquez

Na comemoração do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim, em novembro de 2014, Francisco pediu “a construção de pontes e não de muros”, lembrando o papel de João Paulo II para o fato histórico, na Alemanha.

“A queda do Muro chegou de forma imprevista, mas foi possível graças ao longo e difícil compromisso de todas as pessoas que lutaram, rezaram e sofreram (...) Entre elas, o papa santo João Paulo II”, afirmou durante a oração do Ângelus na Praça de São Pedro.

O Papa rezou para que "se desenvolva cada vez mais a cultura do encontro, suscetível de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo, e para que nunca mais os inocentes sejam perseguidos ou, às vezes, mortos por suas crenças e religiões”.

“Divisões na Igreja são obras do diabo”

Foto: Stefano Rellandin / AP

Foto: AP/Stefano Rellandin

Pela necessidade de unidade da Igreja e comunidades cristãs, o papa argentino fez um discurso especial contra “intrigas, invejas e ciúmes”, em agosto de 2014.

"A divisão em uma comunidade cristã, em uma paróquia ou em uma associação é um pecado gravíssimo porque é obra do diabo", declarou o pontífice.

Francisco também lembrou que, ao longo da História, os cristãos estiveram muitas vezes divididos, como nas guerras, e lembrou que “isto não é cristão".

"Eu só posso dizer que os comunistas têm roubado a nossa bandeira"

Foto: Romeo Ranoco / Reuters

Foto: Reuters/Romeo Ranoco

Francisco é crítico aberto do capitalismo desenfreado e algumas de suas mensagens já o levaram a ser rotulado de “marxista”. Para se defender em uma entrevista ao Il Messaggero, jornal de Roma, em junho do ano passado, o Papa disse que, na verdade, os “comunistas roubaram a bandeira do cristianismo”.

A crítica ao pontífice de 77 anos foi publicada no blog da revista Economist, dizendo que ele soava como um leninista ao criticar o capitalismo, pedindo uma reforma econômica radical. “Eu só posso dizer que os comunistas têm roubado a nossa bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro de o Evangelho", disse ele, citando passagens bíblicas sobre a necessidade de ajudar os pobres, os doentes e os necessitados.

"Justiça social não é invenção comunista"

Novamente para se defender da "acusação" de ser comunista, Franciso disse que acredita que o cuidado com os pobres não é uma invenção da ideologia desenvolvida por Karl Marx, e sim algo que está presente no Evangelho.

Aos repórteres, em junho de 2014, o argentino Jorge Bergoglio ainda disse que a preocupação social não deve ser "ideologizada" e que a globalização ajudou muita gente a crescer, mas também condenou outros tantos a morrer de fome.

"Se, por exemplo, uma expedição de marcianos aparecer e um deles vir até nós e pedir para ser batizado, o que aconteceria?"

Foto: Alessandra Tarantino / AP

Foto: AP/Alessandra Tarantino

Francisco – sem papas na língua – usa de uma linguagem simples e direta para os assuntos cotidianos. Por causa disso, muitas vezes, é mal interpretado e, em maio de 2014, o portal Catholic News Service teve de explicar uma declaração sua, que dizia: “Se, por exemplo, uma expedição de marcianos aparecer e um deles vir até nós e pedir para ser batizado, o que aconteceria?". Francisco ainda terminou o sermão dizendo que todos seriam batizados.

Nas redes sociais, algumas pessoas disseram que o Papa estaria passando dos limites, insinuado que “batizaria aliens”, e alguns até duvidavam da sanidade de Francisco.

O site oficial da Igreja Católica explicou que Francisco usou de uma linguagem metafórica e que quis dizer que qualquer ser humano que queira participar da Igreja tem passagem garantida.

"Eu não sou super-homem"

Foto: Twitter

Foto: Twitter

Desde que assumiu o cargo de papa, Francisco gerou uma empolgação dos católicos por sua postura mais liberal. Porém, após um ano à frente da Igreja, em março de 2014, fez uma declaração para minimizar a ideia de que seja um "super-homem", promovendo amplas reformas na Igreja Católica. Na ocasião, reforçou que a proibição aos contraceptivos e a oposição ao casamento gay, por exemplo, iriam continuar.

Francisco disse que não gosta da "mitologia" dele como um homem que pode cumprir todas as expectativas. "Retratar o papa como uma espécie de super-homem, uma espécie de astro, parece ofensivo para mim. O papa é um homem que ri, chora, dorme tranquilamente e tem amigos como todo mundo, uma pessoa normal", disse.

“Brasileiros roubaram meu coração. E roubaram bem”

Foto: Twitter

O papa Francisco aproveitou a viagem do cardeal brasileiro dom Orani Tempesta a Roma, em fevereiro de 2014, para mandar um recado ao país: "o Brasil tem meu carinho. Vocês são uns ladrões. Roubaram meu coração", disse na frente de todos os cardeais.

Depois de cumprimentar todos os 18, voltou até dom Orani e disse: "E como sabem roubar bem", disse, rindo.

"Peço a vocês que sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, peço que se rebelem; que se rebelem contra essa cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar a verdade"

Foto: Osservatore Romano / Reuters

Foto: Reuters/Osservatore Romano

O discurso do Papa para 12 mil jovens brasileiros na Jornada Mundial da Juventude no Riocentro, em julho de 2013, emocionou muitas pessoas pelo teor esperançoso e, claro, inovador. Francisco agradeceu aos voluntários pelo trabalho na jornada e deixou uma mensagem a todos, antes de partir para Roma.

“Eu peço a vocês que sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem; que se rebelem contra essa cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar a verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!”, pediu o Papa Francisco, sendo bastante aplaudido pelos jovens.

"Não se pode fazer guerra em nome de Deus"

Foto: Saurabh Das / AP

Foto: AP/Sauraba-Das

Francisco lembrou cristãos mortos e feridos no Níger, no final de janeiro deste ano, durante protestos contra as caricaturas de Maomé publicadas pela revista francesa Charlie Hebdo, e afirmou que “não se pode fazer guerra em nome de Deus”.

"Eu gostaria que orássemos juntos pelas vítimas das manifestações dos últimos dias no amado Níger. Foram atos de brutalidade contra os cristãos, contra as crianças, contra as igrejas", disse Francisco durante a audiência geral, realizada semanalmente, na Sala Paulo XVI do Vaticano.

"Sinto-me impelido a me responsabilizar por todo o mal que fizeram alguns padres"

Francisco já enfrentou diversos casos de padres e religiosos da Igreja que foram acusados e condenados por abuso sexual. Uma das declarações mais marcantes sobre o tema foi feita pelo pontífice em abril de 2014, quando disse que se sente impelido a se "responsabilizar por todo o mal que fizeram alguns padres – bastante em número, mas não em comparação com a totalidade – e pedir perdão pelo dano que fizeram com os abusos sexuais às crianças”.

“O mundo digital pode ser um ambiente rico em humanidade, é uma rede não de cabos, mas de pessoas”

Foto: Andrew Medichini / AP
Foto: AP/Andrew Medichini

Em mensagem no Dia Mundial das Comunicações da Igreja Católica, em janeiro de 2014, o Papa disse que os meios de comunicação e a Internet - que ele chamou de "algo verdadeiramente bom, um presente de Deus" - poderia unir as pessoas, mas que a comunicação digital frequentemente impede que elas conheçam de fato umas as outras.

Por isso, ele lembrou que as pessoas devem ser tolerantes no ambiente digital, para que ouçam o ponto de vista das outras, já que a velocidade da comunicação é tão rápida que supera nossa capacidade de reflexão e julgamento. "Precisamos de ternura. O mundo da mídia tem de ser preocupar com a humanidade", disse ele. "O mundo digital pode ser um ambiente rico em humanidade, uma rede não só de cabos, mas de pessoas", acrescentou.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade