Salão Paris Air Show 2025 destaca defesa e inovação em meio a tensões globais
O maior salão aeronáutico e espacial do mundo, o Paris Air Show, foi aberto nesta segunda-feira (16) no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, em meio a uma escalada de tensões entre Israel e Irã. O cenário geopolítico instável afeta uma indústria já pressionada por tarifas comerciais e dificuldades nas cadeias de suprimentos.
O evento, que vai até sexta-feira (20), é um ponto de encontro estratégico para fabricantes de aviões e armamentos, que aproveitam a ocasião para apresentar tecnologias de ponta e anunciar novos contratos. Cerca de 47% dos expositores têm atuação militar, refletindo o foco crescente em defesa. Quase metade dos 2.400 expositores presentes são franceses, de grandes corporações a pequenas e médias empresas, e o setor parece estar imune à crise econômica no país. Em meio ao conflito na Faixa de Gaza e a recente ofensiva contra o Irã, o governo francês ordenou o bloqueio do acesso aos estandes de cinco fabricantes israelenses de material bélico que exibiam "armas ofensivas", segundo autoridades francesas. Os estandes da Israel Aerospace Industries (IAI), Rafael, Uvision, Elbit e Aeronautics amanheceram cobertos por lonas pretas que impediam seu acesso. O governo israelense denunciou em um comunicado "uma decisão escandalosa e sem precedentes" que cria uma "segregação" contra os expositores do país. "As empresas israelenses assinaram contratos com os organizadores, pagaram (...) É como criar um gueto israelense", denunciou o presidente de Israel, Isaac Herzog, ao canal francês LCI. Segundo uma fonte francesa que acompanha o caso, os estandes foram fechados porque exibiam armas, como as que podem ser utilizadas na Faixa de Gaza, em violação ao acordo assinado com as autoridades israelenses. Nove expositores procedentes de Israel, um dos países líderes em capacidades militares avançadas no setor aeroespacial, estão presentes no salão. Presença da Embraer A Embraer, presente no salão há mais de 40 anos, exibe o jato E195-E2 e o cargueiro militar KC-390 Millennium, já adquirido por países como Holanda, Áustria e Suécia. Também participa com o A-29 Super Tucano, aeronave leve de ataque e treinamento. Entre os destaques comerciais, a Airbus anunciou importantes encomendas: a AviLease adquiriu 10 cargueiros A350F e 30 A320neo, com opção de ampliar para 22 e 55 unidades, respectivamente. Já a Riyadh Air encomendou 25 Airbus A350-1000, com direito de compra de mais 25 aeronaves. Apesar do otimismo, a Airbus enfrenta atrasos na produção até 2027, devido à escassez de motores e mão de obra qualificada. Diretor da Boeing cancela participação O diretor geral da Boeing, Kelly Ortberg, que era aguardado no salão para falar dos planos de recuperação da fabricante americana, cancelou sua participação, devido ao acidente com o Dreamliner 787 na Índia, na semana passada. A tragédia, de causas ainda desconhecidas, deixou 279 mortos entre ocupantes do avião e pessoas atingidas em terra. A edição de 2025 do Paris Air Show promete ser intensa, com demonstrações aéreas, foco em sustentabilidade, avanços no setor espacial e iniciativas para ampliar a participação feminina na indústria aeronáutica.