Proposta da Ucrânia a plano de paz de Trump 'envolve concessões territoriais', diz chanceler alemão
Segundo o chanceler alemão Friedrich Merz, a proposta ucraniana para encerrar o conflito com a Rússia foi entregue nesta quarta-feira (10) ao presidente americano Donald Trump. "Ele ainda não tinha tomado conhecimento do documento, que ainda não havia sido transmitido quando conversamos por telefone. O essencial agora é saber quais concessões territoriais a Ucrânia está disposta a fazer", declarou Merz nesta quinta-feira (11), durante coletiva de imprensa em Berlim, ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
O chanceler alemão não deu detalhes sobre a proposta. Segundo ele, cabe "ao presidente ucraniano e ao povo ucraniano" responder a essa questão. "A conversa telefônica com Trump foi muito construtiva e as posições respectivas foram claramente expostas, além do respeito mútuo", declarou. Merz, o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Keith Starmer conversaram nesta quarta com Trump.
Segundo o chanceler alemão, o plano para pôr fim à guerra deve ter como objetivo o cessar-fogo, garantias de segurança "robustas" para a Ucrânia e uma solução que preserve os interesses de segurança europeus diante da ameaça russa.
A Ucrânia enviou uma nova versão do plano de paz de Trump para encerrar o conflito sem divulgar o conteúdo. A proposta inicial norte-americana, de 28 pontos, era considerada favorável a Moscou e incluía a cessão à Rússia de territórios ucranianos.
O presidente Volodymyr Zelensky confirmou na terça-feira (9) que a proposta de Kiev foi dividida em três partes: um acordo com 20 pontos, um documento sobre garantias de segurança e outro sobre a reconstrução da Ucrânia após a guerra.
Os europeus, que permanecem unidos no apoio a Kiev, tentam influenciar as negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia sem ceder às exigências da Rússia. Trump disse ter adotado "um tom incisivo" durante o telefonema com os europeus. Ele deixou claro que os Estados Unidos não querem "perder tempo".
Fim do 'mal-entendido' com Trump, diz Rússia
Nesta quinta, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse que todos os "mal-entendidos" com os Estados Unidos em relação à Ucrânia foram resolvidos após a reunião entre o presidente russo Vladimir Putin, o enviado especial norte-americano Steve Witkoff e Jared Kushner, genro de Trump.
O encontro ocorreu em 2 de dezembro e já havia sido considerado "construtivo" pelo Kremlin, mas sem avanços concretos para pôr fim ao conflito na Ucrânia. As discussões, no entanto, confirmaram os "acordos mútuos" alcançados entre Donald Trump e Vladimir Putin durante a cúpula no Alasca, realizada em agosto passado, segundo Lavrov.
"Os mal-entendidos e os problemas de comunicação foram resolvidos em relação às negociações sobre a questão ucraniana", reiterou. Segundo Lavrov, a Rússia espera a aprovação de um "conjunto de documentos" para concretizar um acordo de paz "duradouro e de longo prazo" na Ucrânia, com garantias de segurança para todas as partes envolvidas.
Moscou considera "sinceros" os esforços de paz por parte do presidente dos EUA. Para Lavrov, o acordo deve resolver "as causas profundas" do conflito. "Enviamos aos nossos colegas norte-americanos propostas adicionais sobre garantias de segurança coletiva", afirmou. "Entendemos que, no que diz respeito às garantias de segurança, não podemos nos limitar apenas à Ucrânia".
Segundo o ministro russo, Moscou não aceitará que a Kiev integre a Otan. Ele renovou o apelo para proteger as populações russófonas na Ucrânia.
Ataques com drones
Mais de 300 drones ucranianos foram derrubados pela Rússia nesta quinta, em defesa contra uma das ofensivas mais massivas lançadas pelo Exército de Kiev em quase quatro anos de guerra. Entre esses drones "interceptados e abatidos" pela defesa antiaérea russa, cerca de 40 se dirigiam a Moscou, segundo o Ministério da Defesa russo e o prefeito da capital, Serguei Sobianine.
Devido aos ataques de drones contra a capital russa, foram impostas restrições temporárias nos quatro aeroportos moscovitas — Sheremetievo, Domodedovo, Vnukovo e Zhukovski — segundo a Agência Federal de Transporte Aéreo Rosaviatsia. Centenas de voos foram cancelados, atrasados ou redirecionados para outros aeroportos, segundo as autoridades.
A Ucrânia também sofre bombardeios russos quase diários que atingem todo o seu território desde o início da ofensiva em fevereiro de 2022, e seus aeroportos permanecem fechados há quase quatro anos.
Nesta quinta-feira, a Força Aérea ucraniana informou que 234 drones russos foram lançados contra o país, principalmente nas regiões de Poltava (centro-leste) e Odessa (sul), provocando incêndios em instalações energéticas, frequentemente alvo de ataques. O Exército ucraniano, por sua vez, realiza regularmente ataques com drones na Rússia, visando principalmente infraestruturas militares e energéticas.
Com agências