Ministra da Agricultura da França reafirma oposição ao acordo UE-Mercosul
A França não assinará um acordo que "condene seus agricultores", afirmou a ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, no domingo (9), três dias após declarações "positivas" de Emmanuel Macron sobre uma possível aprovação do pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
A França não assinará um acordo que "condene seus agricultores", afirmou a ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, no domingo (9), três dias após declarações "positivas" de Emmanuel Macron sobre uma possível aprovação do pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
"Queremos apoiar nossos agricultores e, por isso, a França não assinará um acordo que, em última análise, os condene", disse a ministra ao Journal du Dimanche (JDD), reafirmando as "linhas vermelhas" impostas pelo país.
Estes limites se resumem em três pontos: uma cláusula de salvaguarda agrícola específica, medidas de rebote, que impeçam a importação para a Europa de produtos agrícolas que não atendam aos padrões europeus de saúde e meio ambiente, e controles sanitários mais rigorosos.
Sobre a cláusula de salvaguarda, a ministra explicou que a ideia seria "poder acionar um freio de emergência caso, por exemplo, o setor seja ameaçado por uma queda acentuada de preços ligada a uma grande quantidade de produtos importados".
Genevard reconheceu, no entanto, que muitos pontos precisavam de esclarecimento, garantindo que permaneceria "vigilante". "Quem decide? Quem verifica? Quanto tempo leva? Quais critérios acionam o mecanismo? Atualmente, estamos examinando isso, fazendo a nós mesmos uma única pergunta: este sistema é realmente eficaz e protege nossos agricultores?"
Possível bloqueio
Questionada sobre a possibilidade de a França "bloquear" o processo, visto que o Brasil mencionou a assinatura com a UE até 20 de dezembro, Genevard afirmou que Paris "tem os meios para fazer sua voz ser ouvida" e enfatizou que outros Estados-membros compartilham suas preocupações, incluindo Polônia, Áustria, Holanda, Irlanda e Hungria.
"Enquanto essas garantias não forem escritas, validadas e aceitas por nossos parceiros do Mercosul, a França manterá sua posição", afirmou.
Na quinta-feira (4), no Brasil, Emmanuel Macron disse estar "bastante otimista" quanto à possibilidade de aceitar este acordo comercial, que tem sido amplamente criticado na França, ao mesmo tempo em que afirmou permanecer "vigilante". Algumas horas depois, durante outra parada em sua viagem pela América do Sul, no México, ele afirmou que "a França continua aguardando respostas claras".
Essas declarações, feitas em um momento em que a França já considerava o acordo inaceitável antes mesmo da introdução dessas cláusulas, foram denunciadas por grande parte da classe política francesa e do setor agrícola.