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Europa

"Lady Jihad", a jovem italiana que defende o Estado Islâmico

Italiana defende as decapitações do grupo, dizendo que as vítimas atuam como espiões e fornecem informações aos 'infiéis"

12 jul 2015 - 06h29
(atualizado às 09h11)
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Mudança da italiana após a aproximação com o Estado Islâmico
Mudança da italiana após a aproximação com o Estado Islâmico
Foto: EFE

Maria Giulia Sergio é uma jovem italiana de 28 anos que se casou com um albanês e deixou sua vida em Milão para viajar à Síria e se unir ao jihadista Estado Islâmico (EI), que, em sua opinião, é "um Estado perfeito" no qual não são violados os direitos humanos.

Sua decisão surpreendeu à opinião pública italiana, que não consegue explicar como uma jovem estudante de biotecnologia na Universidade de Milão (norte do país) pôde mudar sua vida deste modo, até o ponto de adotar o nome Fatima.

Outra demonstração de sua conversão ao Islã é a imagem divulgada pela polícia italiana que revela uma mudança progressiva em seu aspecto físico: de uma jovem sorridente, vestida de rosa e com o cabelo solto passou a usar uma burca cinza com apenas os olhos para fora.

Maria chegou inclusive a participar de debates televisivos nos quais pronunciava diversos argumentos a favor da burca e do hiyab (lenço) porque, em sua opinião, "a integração não significa que a mulher muçulmana deva passear nua".

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Sabe-se que Maria nasceu em 1987 em Torre del Greco, na província de Nápoles (sul da Itália), e que em sua adolescência se mudou junto a sua família para Inzago, no cinturão industrial de Milão.

Em 2008 Maria se casou com um tunisiano de quem se separou, aparentemente por não respeitar com todo rigor as normas que o Corão estipula, e cinco anos depois se casou com Aldo Kobuzi, o albanês com quem viajou à Síria para se unir ao EI.

Sua história voltou às páginas dos jornais na semana passada, quando as autoridades italianas detiveram sua família, assim como a de seu marido na Toscana, quando planejavam viajar à Síria, já que, da mesma forma que o casal, supostamente teriam abraçado o Islã radical.

A irmã e a mãe de Maria - ou Fatima - tentavam vender todas as propriedades da família enquanto o pai pediu demissão do trabalho e cobrou a quitação de uma dívida com a intenção de financiar a viagem e a estadia em terras controladas pelos jihadistas, de acordo com a polícia.

Inclusive as autoridades policiais mostraram imagens nas quais é possível ver a irmã, Susanna, vestida com uma burca preta e descarregando de um carro uma mala de grandes dimensões com as quais, segundo a fonte, pretendia realizar a mencionada viagem.

As mesmas fontes divulgaram intercepções telefônicas nas quais Maria Giulia pede a sua família que deixe a Itália e encoraja seu pai, Sergio, a "levar sua mãe pelos cabelos se for necessário".

O jornal "Il Corriere della Sera" publica hoje uma conversa que uma de suas jornalistas manteve pela internet com Maria Giulia e na qual a jovem explica as razões pelas quais abandonou sua vida na Itália para emigrar ao "califado".

"Saiba que o EI é um Estado perfeito. Aqui não fazemos nada contra os direitos humanos. Coisa que, pelo contrário, fazem aqueles que não seguem a lei de Alá", justifica, para depois lembrar a existência de cadeias como a base americana de Guantánamo.

A repórter tenta raciocinar com Maria Giulia e a lembra dos massacres perpetrados pelos jihadistas de Abu Bakr al Baghdadi, as decapitações, as crucificações e todos os crimes pelos quais é conhecido.

Perante estes argumentos, Fatima assegura: "Nós, quando decapitamos alguém, estamos obedecendo a sharia (lei islâmica)". E sempre insiste no termo "nós" porque, ressalta, também faz parte do EI.

"O EI não tortura nenhum prisioneiro. Os que são decapitados são ladrões, são hipócritas que atuam como espiões no EI e oferecem informação aos infiéis para que depois nos ataquem", diz com veemência.

Assim, defende a Lei do Talião e afirma, entre gritos e interrupções da conexão, que "Alá estabelece que a mão de um ladrão seja cortada" para que isto sirva "como exemplo para todos".

Em relação à situação das mulheres no califado entre Síria e Iraque, Maria Giulia diz que as mulheres ali são honradas e não escravizadas. "Chega de usar os típicos argumentos!", exclama irritada.

Além disso, Maria denuncia que "todo o mundo" os ataca e usa um exemplo. "Há dois dias chegou um avião teleguiado (drone) cheio de explosivos para destruir (a conexão é interrompida)... Aqui só há mulheres e crianças".

Fatima sabe que sua família foi detida, mas garante que esta ação "ilógica" é como "fazer um buraco na água" porque "não serve para nada".

"As mensagens que troco com meus pais e minha irmã não eram de incitação à jihad e nem nada desse estilo. Simplesmente falávamos que poderiam ter uma boa vida aqui, no Estado Islâmico", conclui.

Imagens mostram Guarda Municipal sendo morto a tiros:
EFE   
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