Grevistas protestam contra chegada da Shein em tradicional loja de departamento de Paris
A decisão da Shein - gigante de eletrônicos e da moda ultra efêmera - de abrir sua primeira loja física permanente no BHV Marais, uma das lojas de departamento mais tradicionais de Paris, gerou protestos na capital francesa. O anúncio, feito na semana passada, provocou a saída de várias marcas locais e repúdio de sindicatos, que convocaram uma greve de três horas nesta sexta-feira (10) para alertar sobre os riscos à sobrevivência do estabelecimento.
A decisão da Shein - gigante de eletrônicos e da moda ultra efêmera - de abrir sua primeira loja física permanente no BHV Marais, uma das lojas de departamento mais tradicionais de Paris, gerou protestos na capital francesa. O anúncio, feito na semana passada, provocou a saída de várias marcas locais e repúdio de sindicatos, que convocaram uma greve de três horas nesta sexta-feira (10) para alertar sobre os riscos à sobrevivência do estabelecimento.
Marcas como a Aime, cofundada por Mathilde Lacombe, deixaram o BHV Marais em protesto contra a parceria com a Shein. Lacombe afirmou estar "profundamente chocada" com o acordo. Os sindicatos também criticam a parceria, alertando que ela pode colocar em risco centenas de empregos e a saúde financeira do estabelecimento, que já vinha enfrentando dificuldades.
A Shein, fundada na China e agora com sede em Cingapura, tem sido amplamente criticada por seu modelo de negócios, acusado de impactar negativamente o meio ambiente e de explorar condições de trabalho nas fábricas. A chegada da marca a um dos centros de compras mais emblemáticos de Paris gerou reações negativas, principalmente entre as marcas locais, que temem perder espaço no mercado.
"Eles estão criando uma Megastore da Shein em frente à Prefeitura de Paris, que poderá inundar ainda mais o mercado francês com produtos descartáveis", afirmou a FFPAPF, associação de marcas de moda feminina. A Comissão Europeia também investiga a Shein devido a preocupações com produtos ilegais e seu impacto ambiental.
Shein e a "Homenagem" à moda francesa
Em sua defesa, a Shein alega que sua entrada no mercado físico francês é uma forma de "homenagear" a França, considerada uma capital global da moda. Donald Tang, presidente executivo da Shein, declarou que a França foi escolhida para lançar suas lojas físicas devido à sua "criatividade e excelência" no mundo da moda. Além do BHV Marais, a Shein planeja abrir lojas em outras cidades francesas, como Dijon e Reims.
A situação no BHV Marais já era delicada antes da chegada da Shein. A SGM, empresa responsável pelo estabelecimento, enfrenta problemas financeiros e atrasos de pagamentos a fornecedores, o que levou várias marcas de luxo a abandonar o local. A marca de lingerie Slip Francais, por exemplo, entrou com uma ação judicial contra a SGM. A SGM afirmou que os atrasos são temporários, devido à implementação de um novo sistema de contabilidade automatizado, e que o BHV voltou a ser lucrativo em 2024.
A entrada da Shein no varejo físico francês levanta questões sobre o futuro do setor de moda, especialmente em relação aos impactos ambientais e sociais do fast fashion. Embora a Shein defenda sua expansão como uma forma de celebrar a moda francesa, críticos alertam que sua abordagem de baixo custo pode ser incompatível com os valores sustentáveis e éticos defendidos por muitas marcas francesas.
Com AFP