Greve paralisa museu do Louvre: 'visita se tornou uma corrida de obstáculos', relatam funcionários
O Louvre fechou as portas nesta segunda-feira (15) em Paris devido a uma greve de seus funcionários, que denunciam as más condições de trabalho e de atendimento ao público. De acordo com a direção, o museu permanecerá fechado durante todo o dia.
"O público tem acesso cada vez mais limitado às obras e encontra dificuldades para circular. Visitar o Louvre se tornou uma verdadeira corrida de obstáculos", afirmam os sindicatos. Durante uma assembleia geral na manhã desta segunda-feira, cerca de 400 funcionários votaram a favor da paralisação por tempo indeterminado "por unanimidade", de acordo com as organizações sindicais francesas CGT, CFDT e Sud Culture.
Dezenas de agentes exibiram uma faixa com os dizeres "O Louvre luta por condições de trabalho dignas, aumento de salários e do número de funcionários", entoando em coro a frase "todos juntos, todos juntos".
A imagem da instituição ficou abalada após o roubo de joias da Coroa, em 19 de outubro, em plena luz do dia. As peças, datando do século 19 e avaliadas em € 88 milhões, ainda não foram recuperadas.
"Estamos com raiva", "não concordamos com a forma como o Louvre tem sido administrado", declarou à imprensa Elise Muller, vigia no museu e representante do sindicato Sud Culture.
Uma nova assembleia geral está marcada para quarta-feira às 9h, já que terça-feira é o dia de fechamento semanal do Louvre. Christian Galani, da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), sindicato majoritário no museu, pede "urgência" e prioridade em questões como "segurança e renovação do prédio".
A ministra da Cultura, Rachida Dati, comprometeu-se a reverter o corte de € 5,7 milhões na dotação pública ao Louvre previsto no projeto de lei orçamentária de 2026.
"É decepcionante"
"Estou realmente decepcionado, o Louvre era a principal razão da nossa viagem a Paris, porque queríamos ver a Mona Lisa", declarou à AFP Minsoo Kim, 37 anos, sul-coreano, em lua de mel com a esposa. "É um pouco decepcionante, mas ao mesmo tempo entendo por que eles fazem isso, só que é um momento ruim para nós", disse Natalia Brown, 28 anos, vinda de Londres.
A greve ocorre às vésperas das férias de Natal e em meio a uma série de problemas para o museu. Após o roubo de 19 de outubro, o Louvre precisou fechar uma de suas galerias em novembro devido à fragilidade da estrutura do edifício.
Em 26 de novembro, o museu também sofreu um vazamento de água que danificou centenas de obras da biblioteca de Antiguidades Egípcias.
Paralelamente ao conflito social, o estabelecimento enfrenta uma reestruturação interna. A presidente do Louvre, Laurence des Cars, terá de trabalhar por alguns meses em dupla com Philippe Jost, funcionário encarregado da reconstrução de Notre-Dame, a quem a ministra da Cultura, Rachida Dati, confiou na sexta-feira (12) a missão de "reorganizar profundamente o museu".
Nesta semana, senadores franceses realizarão audiências para continuar buscando respostas sobre as falhas do museu, após tomarem conhecimento da investigação administrativa aberta depois do roubo. Laurence des Cars, à frente do museu desde o fim de 2021, será ouvida na quarta-feira (17).
As primeiras conclusões da investigação administrativa após o roubo mostraram, segundo a ministra da Cultura, que o estabelecimento "subestimou" o risco de intrusão e furto, além da falta de equipamentos de segurança. O Louvre recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024, sendo 69% estrangeiros.
Com agências