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Espanha: casos de assédio sexual envolvendo membros do Partido Socialista afastam eleitorado feminino

Os casos de violência e assédio sexual, além de prostituição e gestão controversa de denúncias feitas por funcionárias têm comprometido a imagem do Partido Socialista espanhol (PSOE). Os escândalos podem afetar a popularidade da legenda junto ao eleitorado feminino.

12 dez 2025 - 14h21
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A revelação de áudios de uma conversa entre o ex-ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, e seu assessor Koldo García chocou correligionários e a opinião pública. No bate-papo, eles organizavam encontros com prostitutas e o tom explícito do diálogo é surpreendente. "Você prefere a Ariatna, não?", diz um deles. "A Carlota manda muito bem."

O ex-ministro espanhol dos Transportes, José Luis Ábalos, deixa o Supremo Tribunal após sua audiência por suspeita de corrupção, em Madri, em 15 de outubro de 2025 (imagem ilustrativa)
O ex-ministro espanhol dos Transportes, José Luis Ábalos, deixa o Supremo Tribunal após sua audiência por suspeita de corrupção, em Madri, em 15 de outubro de 2025 (imagem ilustrativa)
Foto: © JAVIER SORIANO / AFP / RFI

O incidente abalou o partido do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que tem o feminismo como um de seus pilares. Após o caso vir à tona, o premiê proibiu seus membros de recorrer à prostituição, que não é ilegal na Espanha.

Dias depois, no Palácio da Moncloa — sede do governo e residência oficial do primeiro-ministro —, Francisco Salazar, outro membro do governo, foi afastado por "comportamentos inapropriados" de caráter sexual.

A situação é constrangedora para o chefe do governo, que se apresenta como defensor da igualdade entre homens e mulheres, e em meio a acusações de envolvimento de membros de seu partido, incluindo Ábalos, em um esquema de corrupção.

"É de dar ânsia"

Nos últimos dias, outras denúncias de assédio surgiram contra dirigentes locais perto de Málaga (sul) e em Lugo (noroeste). Na quinta-feira à noite, um senador da direção nacional do partido também anunciou sua renúncia por "motivos pessoais". "É de dar ânsia", condenou a porta-voz do governo, Pilar Alegría.

Na sexta pela manhã, a nova secretária de Organização do partido, Rebeca Torró, reconheceu em coletiva que "haverá um antes e um depois" e afirmou que "desrespeitar mulheres e ter comportamentos machistas é incompatível com ser socialista".

"O feminismo nos dá lições a todos, e eu sou o primeiro", defendeu-se Sánchez no Parlamento na quarta, dizendo "assumir os erros e agir em consequência".

A oposição está tirando dividendos políticos do caso. "Pedro 'el Guapo' ('o Bonito') se cerca de mulheres submissas e de grosseirões", atacou a colunista Isabel San Sebastián no jornal conservador ABC.

Mulheres são base do eleitorado de Sánchez

As mulheres representaram 56% do eleitorado do partido nas eleições gerais de julho de 2023 que reconduziram Sánchez ao poder, segundo o instituto nacional de pesquisas CIS. "O partido sempre teve quase dez pontos de vantagem sobre o Partido Popular (oposição de direita) entre as eleitoras, e isso está mudando", avalia Elena Valenciano, ex-número 2 da legenda e presidente da Fundação Mujeres, uma das principais organizações feministas da Espanha.

Reconquistar a confiança das eleitoras será difícil, apesar de uma primeira tentativa em outubro, com a promessa de incluir o direito ao aborto na Constituição — uma reforma praticamente impossível sem maioria qualificada no Parlamento. "A crise está longe de acabar", analisa a jornalista Lucía Méndez, do jornal El Mundo, de direita.

Perda de prestígio

"Pedro Sánchez baseou seu governo em dois pilares: o combate à corrupção e o feminismo, e nenhum dos dois deu certo", aponta Méndez, lembrando as investigações judiciais contra aliados do premiê. Para ela, Sánchez pode perder mais do que votos. "Perder três pontos de intenção de voto é uma coisa. Perder o prestígio político é pior."

"O impacto pode ser particularmente forte entre as eleitoras porque atinge valores emblemáticos do partido", concorda a socióloga Belén Barreiro, diretora do instituto de pesquisas 40dB.

"A maioria dos avanços legislativos para os direitos das mulheres foi conquistada graças à aliança entre feministas e socialistas", lembra Valenciano. O Partido Socialista "deixou de ser um aliado, a menos que mude radicalmente", continua ela, citando um sentimento de "decepção e traição". Mas "a direita não é mais confiável para as mulheres", lamenta.

Com agências

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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