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EUA avaliam aplicar sanções a autoridades cubanas por papel em repressão na Venezuela, diz fonte

21 nov 2018 - 20h25
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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando impor sanções sobre autoridades militares e de inteligência cubanas que estariam ajudando o governo socialista da Venezuela a reprimir dissidentes, de acordo com uma fonte familiarizada com as deliberações. 

Presidentes de Cuba e da Venezuela em Caracas
 30/5/2018    REUTERS/Marco Bello
Presidentes de Cuba e da Venezuela em Caracas 30/5/2018 REUTERS/Marco Bello
Foto: Reuters

Tais sanções marcariam a primeira vez que Washington se volta a um bloco de autoridades estrangeiras aliadas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O país membro da Opep passa por uma longa recessão, com sua economia abatida pela hiperinflação e pela escassez de alimentos. 

O governo republicano de Trump já impôs sanções a dezenas de autoridades venezuelanas, e buscou atrapalhar as crescentes exportações de ouro do país e o acesso ao financiamento internacional como parte de uma campanha de pressão contra o governo Maduro. 

As potenciais sanções relacionadas a direitos humanos seriam destinadas a autoridades cubanas, possivelmente incluindo generais, que Washington acusa de aconselhar o governo venezuelano sobre como monitorar adversários e encerrar protestos de rua, disse a fonte. 

O número e as identidades dos potenciais alvos de sanções não estavam claros. Nenhuma decisão final foi tomada ainda sobre se as sanções seriam impostas ou quando elas seriam aplicadas. 

As medidas esfriariam ainda mais as relações entre Estados Unidos e Cuba, já que Trump retrocedeu em algumas das medidas do ex-presidente Barack Obama destinadas a estabelecer laços mais próximos, e também alimentam o discurso de Maduro, que costuma dizer que Washington está empenhado em boicotar seu governo por razões ideológicas. 

Cuba e Venezuela se tornaram aliados próximos durante os governos dos já falecidos presidentes Fidel Castro e Hugo Chávez. Desde uma série de acordos bilaterais em 2000, a economia da ilha comunista depende largamente do petróleo venezuelano, que é compensado por Havana pela disponibilização de médicos e de outros serviços. 

Os Estados Unidos e políticos de oposição venezuelanos há muito sustentam que oficiais militares e de inteligência cubanos aconselham o governo Maduro e as forças de segurança na repressão. 

Embora Maduro sempre viaje a Havana e o embaixador cubano seja um convidado frequente em encontros do governo em Caracas, a extensão da influência de Cuba e o apoio ao governo e às forças militares da Venezuela não são publicamente conhecidos. 

Há questionamentos sobre qual seria a eficiência das medidas destinadas a autoridades cubanas. 

Sanções relacionadas a direitos humanos normalmente congelam ativos, apreendem propriedades, bloqueiam direitos de viagem nos Estados Unidos e proíbem acordos de empresas dos EUA com os alvos das sanções. Entretanto, dado o bloqueio financeiro e embargo comercial de seis décadas promovido pelos Estados Unidos a Cuba, acredita-se que poucos, ou nenhum oficial cubano tenha uma presença financeira considerável nos Estados Unidos. 

A Casa Branca se negou a comentar em resposta à Reuters a perguntas sobre possíveis sanções aos oficiais cubanos. 

No passado, Maduro condenou as sanções como medidas "imperialistas" desenvolvidas para complicar transações financeiras, incluindo importações de alimentos e pagamentos de títulos. Ele também já ridicularizou as sanções dos Estados Unidos a ele e a outras autoridades, classificando-as como ineficientes, ou ostentando-as como uma medalha de honra. 

O governo de Maduro já foi criticado por Washington, pela União Europeia e por seus vizinhos latino-americanos por passar por cima do Congresso, hoje liderado pela oposição, por encarcerar adversários políticos, e por usar de força excessiva contra manifestantes, além de não permitir a entrada de equipes internacionais de ajuda humanitária para aliviar os efeitos da crise econômica. 

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