EUA condenam recompensa por morte de autor de filme anti-islâmico
23 set2012 - 18h00
(atualizado às 18h41)
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Os Estados Unidos condenaram neste domingo (23) a oferta de uma recompensa de US$ 100 mil (cerca de R$ 202,5 mil) pela morte do cineasta responsável pelo filme americano Inocência de Muçulmanos, considerado ofensivo ao profeta Maomé.
Um representante do Departamento de Estado americano disse que a oferta, feita ontem (22) pelo ministro de Ferrovias do Paquistão, Ghulam Ahmed Bilour, é inapropriada e serve para inflamar ainda mais os ânimos. Desde que um trailer do vídeo foi publicado na internet, dublado em árabe, há quase duas semanas, uma série de protestos violentos vem varrendo diversos países muçulmanos.
Ontem (22), um porta-voz do primeiro-ministro do Paquistão, Rajá Pervez Ashraf, disse à BBC que o governo paquistanês não tinha qualquer ligação com as declarações do ministro e considerava adotar medidas contra ele.
Filme anti-islamismo desencadeia protestos contra EUA
Na última terça-feira, 11 de setembro, protestos irromperam em frente às embaixadas americanas do Cairo, no Egito, e de Benghazi, na Líbia, motivados por um vídeo que zombava do islamismo e de Maomé, o profeta muçulmano. No primeiro caso, os manifestantes destroçaram a bandeira estadunidense; no segundo, os ataques chegaram ao interior da embaixada, durante os quais morreram, entre outros, o embaixador e representante de Washington, Cristopher Stevens.
O vídeo que desencadeou esta onda de protestos no mesmo dia em que os Estados Unidos relembravam os atentados terroristas de 2001 traz trechos de Innocence of Muslims, filme produzido nos Estados Unidos sob a suposta direção de Nakoula Basseky Nakoula. Ele seria um cristão copta egípcio residente nos Estados Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O filme, de qualidades intelectual e cultural amplamente questionáveis, zomba abertamente do Islã e denigre de a imagem de Maomé, principal nome da tradição muçulmana.
A Casa Branca lamentou o conteúdo do material, afirmou não ter nenhuma relação com suas premissas e ordenou o reforço das embaixadas americanas. No dia 15 de setembro, a Al-Qaeda emitiu um comunicado no qual afirmava que a ação em Benghazi foi uma vingança pela morte do número 2 da rede terrorista no Iêmen em um ataque do Exército.
Após os violentos protestos no mundo islâmico, representantes dos atores disseram ao jornal Los Angeles Times que o produtor do filme enganou o elenco, reescreveu o roteiro e mudo as falas gravadas posteriormente. Cindy Lee Garcia, de Bakersfield, na Califórnia, afirmou em entrevista ao website Gawker que teve um pequeno papel e que teriam dito a ela que o filme falaria sobre a vida no Egito há 2 mil anos e se chamaria Desert Warriors (Guerreiros do Deserto)
Foto: Reprodução
Frame mostra exibe momento no filme em que cristã é morta gratuitamente por muçulmanos. O filme foi exibido na íntegra apenas uma única vez em uma sessão vazia em Hollywood e desde julho a versão reduzida pode ser vista na internet. Segundo o autor, o orçamento gasto no vídeo foi de US$ 5 milhões, dinheiro que teria sido fornecido por doadores judeus, e contou com a participação de 60 atores americanos
Foto: Reprodução
Muçulmanos são caracterizados como extremamente violentos na obra. O divulgação de um trecho de 13 minutos do filme com legendas em árabe no YouTube provocou uma onda de protestos no mundo islâmico, especialmente contra representações diplomáticas americanas. No mais grave deles, o embaixador americano na Líbia, Chris Stevens, morreu asfixiado durante o ataque ao consulado do país em Benghazi
Foto: Reprodução
Frame mostra momento de filme que o profeta Maomé é mostrado em um aparente ato sexual. O filme atraiu o repúdio de autoridades de países muçulmanos. A Inocência dos Muçulmanos, retrata Maomé como um tolo, um mulherengo e um falso religioso. Para muitos muçulmanos, já é considerado uma blasfêmia mostrar qualquer representação de Maomé
Foto: Reprodução
Frame retirado do YouTube exibe ator no papel do profeta Maomé no polêmico filme Innocence of Muslims (Inocência dos Muçulmanos, em tradução livre). O filme foi produzido por um homem que se apresentou à mídia americana como Sam Bacile, corretor imobiliário de origem israelense do Estado da Califórnia. No entanto, acredita-se que este seja um pseudônimo utilizado por Nakula Basseley Nakula, cristão copta egípcio que é o proprietário da empresa que produziu o filme
Foto: Reprodução
Em entrevista reproduzida pelo jornal americano The Wall Street Journal na quarta-feira, o autor afirma que o Islã é "uma religião do ódio". "O Islã é um câncer", disse o homem, identificado no artigo como Sam Bacile. O longa-metragem foi defendido pelo polêmico pastor Terry Jones, que atraiu muitas críticas no passado, especialmente por queimar um exemplar do Alcorão e ter se oposto à construção de uma mesquita perto do Marco Zero, em Nova York