PUBLICIDADE

Mundo

Embaixador e policial italianos foram mortos em floresta na RDC

Polícia acredita que ação tenha sido feita por grupo de Ruanda

22 fev 2021 - 13h20
(atualizado às 13h29)
Compartilhar
Exibir comentários

O embaixador da Itália na República Democrática do Congo, Luca Attanasio, o carabineiro italiano Vittorio Iacovacci, e o motorista do carro onde os três estavam teriam sido mortos em momentos diferentes no ataque em Goma, segundo mostrou a primeira reconstrução da polícia local nesta segunda-feira (22).

Attanasio estava na RDC desde 2017
Attanasio estava na RDC desde 2017
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Os seis homens que atacaram o veículo mataram o motorista imediatamente no local da abordagem, mas os dois italianos foram retirados do carro e conduzidos até uma área florestal próxima.

Quando os agentes policiais locais estavam se aproximando, os criminosos mataram primeiro Iacovacci e depois o diplomata.

Os três estavam em um comboio da missão da Organização das Nações Unidas no país (Monusco) e ainda não se sabe quem realizou o atentado ou qual o motivo, apenas que os carros da comitiva das Nações Unidas foram o alvo.

Fontes policiais e do governo apontam que o ataque pode ter sido cometido pelas Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR). O grupo atual é uma espécie de dissidência dos rebeldes hutus, responsáveis pelo genocídio da etnia tutsi entre os meses de abril e julho de 1994.

Segundo a principal hipótese, os dois foram alvo de uma "tentativa de sequestro". O portal "Actualite", citando fontes do governo, disse que "os autores do ataque tinham como objetivo principal o próprio diplomata italiano". Ainda conforme o portal, o atentado "ocorreu próximo a Goma no território Nyiragongo", onde interviram as Forças Armadas da RDC e "os guardas do Parque Nacional de Virunga".

Horas após o ataque, a Procuradoria de Roma abriu uma investigação formal sobre a morte dos dois italianos por sequestro de pessoa com finalidade de terrorismo.Os magistrados romanos têm competência legal para crimes cometidos no exterior e que têm como vítimas cidadãos italianos. As investigações ficarão com o Grupo de Operações Especiais (ROS) da capital.

Governo italiano -

Após a manifestação oficial do Ministério das Relações Exteriores da Itália, o ministro Luigi Di Maio "manifestou imensa dor" pelo ocorrido e que as circunstâncias do "brutal ataque" ainda "não são claras", mas que "nenhum esforço será poupado para por luz sobre o que ocorreu".

"Hoje o Estado chora a perda de dois filhos exemplares e se aproxima às famílias, aos amigos e aos colegas da Farnesina e dos Carabineiros", disse.

Pouco depois, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, manifestou suas "profundas condolências" pelas mortes e estendeu suas condolências aos familiares, colegas da Farnesina e da Arma dos Carabineiros.

Também se manifestou o presidente da Itália, Sergio Mattarella.

Recebi com consternação a notícia do vil ataque que há poucas horas atingiu um comboio internacional próximo à cidade de Goma, matando o embaixador Luca Attanasio, o carabineiro Vittorio Iacovacci e o seu motorista. A República Italiana está de luto por esses servidores do Estado que perderam suas vidas no cumprimento dos seus deveres profissionais na República Democrática do Congo", escreveu o mandatário.

"Ao deplorar esse ato traiçoeiro de violência, todos os italianos se unem nas condolências às famílias das vítimas, às quais desejo transmitir as mais profundas condolências e a maior solidariedade", finaliza.

Quem eram as vítimas -

Attanasio tinha 43 anos e iniciou na carreira da diplomacia em 2003. Na Farnesina, atuou em diversas funções internas, sendo algumas, inclusive voltada para os africanos.

Na carreira internacional, foi chefe do Escritório Econômico na embaixada italiana em Berna (2006-2010) e cônsul-geral em Casablanca, no Marrocos (2010-2013). Também já foi conselheiro em Abuja, na Nigéria, em 2015, e desde 2017, era o chefe da missão Ninkhasa, na RDC - tendo sido confirmado como embaixador no país em outubro de 2019. Ele deixa três filhos na Itália.

Já o policial da Arma dos Carabineiros Vittorio Iacovacci tinha 30 anos e estava desde setembro do ano passado em missão no continente africano. Segundo informações do 13º Regimento de Gorizia, ele estava em vias de finalizar sua atuação na RDC.

O motorista não teve a identidade revelada, apenas que se trata de uma pessoa natural do Congo.

Monusco -

A Monusco foi criada em julho de 2010 com a missão de proteger os civis, as entidades humanitárias e defensores dos direitos humanos no país durante o processo de estabilização do governo.

A região leste da RDC, onde fica Goma, é considerada bastante problemática por conta da presença maciça de grupos armados das mais diferentes vertentes, que atacam tanto a população civil como as ONGs internacionais que atuam na área para ajudar a fornecer ajuda humanitária.

Após o ataque, um dos chefes da missão da ONU na República Democrática do Congo, David McLachlan-Karr, disse estar "devastado com a morte do embaixador Luca Attanasio" e "condenou fortemente" o ataque ao comboio da Monusco.

"Os responsáveis desse ataque devem ser identificados e perseguidos com a máxima determinação", acrescentou. .

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade