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Em voto na Sardenha, Salvini tenta superar última barreira

Ministro pode levar a Liga a vitória inédita no sul do país

23 fev 2019 - 15h25
(atualizado às 15h55)
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A Itália pode presenciar um acontecimento histórico em sua política interna neste domingo (24): a Liga, partido que nasceu com a pretensão de lutar pela independência do norte do país, tenta conquistar agora seu primeiro governo regional no sul, em mais um sinal do fortalecimento de seu líder, o vice-premier e ministro do Interior Matteo Salvini.

Salvini com Giorgia Meloni e Silvio Berlusconi, seus aliados na direita, e o candidato Christian Solinas (ao fundo)
Salvini com Giorgia Meloni e Silvio Berlusconi, seus aliados na direita, e o candidato Christian Solinas (ao fundo)
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Entre 7h e 22h deste domingo, os eleitores da Sardenha vão às urnas para escolher o novo governador da ilha, em meio aos protestos de produtores de leite de ovelha e de cabra contra a queda no preço da bebida.

Sete candidatos disputam o cargo, e as últimas pesquisas apontam como favorito Christian Solinas, que pertence à legenda autonomista Partido Sardo de Ação, mas no ano passado foi eleito senador pela Liga.

O partido ultranacionalista já participa de governos de direita e centro-direita em regiões do chamado "Mezzogiorno", como Abruzzo, Molise e Sicília, mas nunca elegeu um governador vestindo suas próprias cores no sul do país.

A Liga surgiu em 1989, então como "Liga Norte", com o objetivo de alcançar a independência da Padania, planície rica e industrializada situada na Itália setentrional. Salvini milita no partido desde 1990, mas, após se tornar secretário federal, em 2013, promoveu uma deriva rumo à extrema direita, abandonou a bandeira separatista e catapultou seu capital eleitoral.

O ápice dessa estratégia chegou no início de 2018, quando o hoje ministro tirou a palavra "Norte" de todos os símbolos do partido e conseguiu 17% dos votos nas eleições legislativas. O resultado credenciou a legenda a formar uma aliança de ocasião com o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que governa o país há quase nove meses.

Desde então, Salvini vem colecionando vitórias eleitorais: a Liga já governava a Lombardia e o Vêneto, mas conquistou também a região de Friuli Veneza Giulia e a província autônoma de Trento. Além disso, integra coalizões de governo nas regiões de Abruzzo, Ligúria, Molise e Sicília e na província autônoma de Bolzano.

Uma vitória na Sardenha representaria para a Liga a queda da última barreira simbólica para se tornar o principal partido do país. "Acredito que as eleições darão a enésima surra na esquerda, que está perdendo em todos os lugares, e a enésima confirmação de que o bom governo da Liga é apreciado em toda a Itália", comentou o ministro do Interior neste sábado (23), falando sobre as eleições sardas.

Salvini também aguarda com expectativa a votação para o Parlamento Europeu, entre 23 e 26 de maio, que deve confirmar a Liga como partido mais votado do país, superando o M5S, o que fortalecerá sua posição no governo italiano.

Na última sexta-feira (22), a agência de classificação de risco Fitch disse ter constatado um "aumento da probabilidade" de eleições antecipadas na Itália no segundo semestre. O prognóstico nasce dos rumores - sempre negados por Salvini - de que, após as eleições europeias, a Liga romperá com o M5S para tentar levar ao governo uma coalizão exclusivamente de direita.

Sardenha

O salviniano Christian Solinas tem como principal adversário o prefeito de Cagliari, Massimo Zedda, que é apoiado pelo Partido Democrático (PD) e tenta evitar mais uma derrota da centro-esquerda no país.

O PD ainda comanda 10 das 20 regiões da Itália, incluindo a própria Sardenha, mas apenas nos últimos 12 meses já perdeu os governos de Abruzzo, Friuli Veneza Giulia e Molise, todos para a direita.

O postulante do M5S, Francesco Desogus, corre por fora. As eleições acontecem em meio às manifestações dos leiteiros sardos, que bloquearam rodovias nas últimas semanas para protestar contra a queda do preço do leite de ovelha e de cabra, vendido a menos de 60 centavos por litro.

Salvini se empenhou pessoalmente nas tratativas entre os pastores e produtores de queijo, principais compradores de leite ovino, mas a situação está longe de uma solução. Os leiteiros ameaçam protestar em colégios eleitorais durante a votação deste domingo.

Ansa - Brasil   
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