Em Israel, Netanyahu pede indulto presidencial em processo por corrupção
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu oficialmente um indulto presidencial em seu processo por corrupção, para pôr fim, segundo ele, às divisões provocadas no país por seus problemas judiciais. Ele conta com o apoio de Donald Trump.
Netanyahu, que nega qualquer culpa nesses casos, tem sido ouvido em pelo menos três processos judiciais, nos quais ainda não foi proferida nenhuma sentença.
Os serviços do presidente israelense Isaac Herzog anunciaram neste domingo (30) que ele recebeu "um pedido de indulto excepcional, com consequências significativas".
"Após a recepção de todos os pareceres, o presidente do Estado examinará a solicitação com responsabilidade e seriedade", acrescentaram em comunicado.
Embora tenha afirmado querer levar o processo até o fim para provar sua inocência, o primeiro-ministro justificou o pedido em nome do "interesse público", em um vídeo divulgado por seus serviços, destacando os "imensos desafios" que o país precisa enfrentar.
O presidente americano, Donald Trump, havia escrito a Herzog no início deste mês pedindo que concedesse um indulto a Netanyahu.
"A continuação do processo nos dilacera por dentro, provocando fortes divisões e intensificando as fraturas", declarou Netanyahu em sua mensagem, em meio às intensas divisões políticas entre seus apoiadores e seus opositores. "Estou certo, como muitos outros no país, de que o fim imediato do processo contribuirá enormemente para aliviar as tensões e promover a reconciliação geral de que nosso país tanto necessita", prosseguiu.
Candidato novamente
Recordando que seu processo começou há quase seis anos, Netanyahu também afirmou que depor três vezes por semana era "uma exigência impossível de cumprir".
O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou em comunicado apoiar o pedido de indulto para "pôr fim à profunda ruptura que acompanha a sociedade israelense há uma década e permitir que o Estado volte a se reunir diante dos desafios e oportunidades que se apresentam".
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich (do partido Sionismo Religioso, de extrema direita), por sua vez, considerou que "Netanyahu foi perseguido durante anos por um sistema judicial corrupto que fabricou casos políticos contra ele".
Na oposição, as críticas não tardaram: o líder oposicionista, Yaïr Lapid, pediu em vídeo ao presidente Herzog que "não conceda o indulto a Netanyahu sem que ele reconheça sua culpa, expresse arrependimento e se retire imediatamente da vida política".
Yaïr Golan, líder do partido "Os Democratas" (esquerda), também apelou, na rede X, para que o primeiro-ministro "assuma suas responsabilidades, reconheça sua culpa, deixe a política e libere o povo e o Estado, única maneira de alcançar a unidade nacional".
Em setembro, Herzog havia dado a entender que poderia conceder o indulto, declarando em entrevista à rádio do Exército que o processo do primeiro-ministro "pesava fortemente sobre a sociedade israelense".
Netanyahu é acusado, junto com sua esposa, Sara, de ter aceitado produtos de luxo avaliados em mais de US$ 260 mil (cerca de € 225 mil), como charutos, joias e champanhe, de bilionários em troca de favores políticos.
Em outros dois casos, ele é acusado de ter tentado negociar uma cobertura mais favorável em dois veículos de imprensa israelenses.
Aos 76 anos, Netanyahu é o primeiro-ministro israelense que mais tempo permaneceu no cargo, com mais de 18 anos à frente de Israel desde 1996. Ele anunciou que será candidato nas próximas eleições, previstas para ocorrer até o fim de 2026.
Durante seu atual mandato, iniciado no fim de 2022, seu partido propôs reformas judiciais de grande alcance que, segundo seus críticos, visavam enfraquecer os tribunais.
O projeto desencadeou manifestações massivas que só terminaram após o início da guerra na Faixa de Gaza, provocada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
No passado, o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, investigado pela polícia em um suposto caso de corrupção, renunciou em 2009 antes de ser julgado e condenado a 27 meses de prisão por fraude.
Benjamin Netanyahu é o primeiro chefe de governo em exercício na história de Israel a ser indiciado por corrupção.
Com AFP