Em dia de crise política, premiê italiano fala em 'campo minado'
Conte ressaltou grave dano ao país após saída de sigla de Renzi
Na abertura da reunião do Conselho de Ministros da Itália, na noite desta quarta-feira (13), o primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, falou que tentou evitar ao máximo a crise política que se instaurou hoje, mas que estava em um "campo minado". As afirmações foram repassadas para a mídia por fontes presentes no encontro.
"Eu tentei até o último minuto útil evitar esse cenário, e vocês são testemunhas dos esforços feitos em cada ponto, em cada nível desse confronto. Há dois dias e hoje eu tinha preparado uma lista de prioridades para um novo debate a ser feito assim que aprovássemos o Plano de Recuperação, as medidas anti-Covid nesta noite, e amanhã a alteração do orçamento", disse Conte segundo as fontes.
O premiê ressaltou que "nunca fugimos da mesa de confronto mesmo se, objetivamente, é complicado estar em um confronto quando o terreno está repleto de minas dificilmente superáveis".
Conte disse aos aliados que "infelizmente" o partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, Itália Viva (IV), "assumiu a grave responsabilidade de abrir uma crise de governo".
"Fiquei sinceramente decepcionado, e acredito que posso interpretar os pensamentos de vocês, pelo notável dano que está sendo produzido para o nosso país com uma crise de governo em plena pandemia e com uma prova duríssima que o país está atravessando", ressaltou ainda o líder do governo aos aliados.
Sobre a saída das duas ministras Teresa Bellanova (Agricultura) e Elena Bonetti (Família), que são do IV e que foram o fim simbólico da aliança com Renzi, Conte informou que "aceitou as demissões" que foram comunicadas para ele através de um e-mail.
"Naturalmente, à noite, eu informei o presidente [Sergio] Mattarella", acrescentou.
Ainda é incerto o que vai acontecer com o governo italiano, já que sem o IV, Conte não terá mais a maioria no Senado para a aprovação de matérias. Há duas possibilidades mais prováveis: a primeira, é que o premiê entregue o cargo a Mattarella, que iniciaria as conversas para verificar se há como formar uma nova base aliada. Essa possibilidade, porém, já foi rechaçada pelo bloco de centro-direita, que pediu a renúncia do primeiro-ministro e a convocação de novas eleições.
A segunda seria Conte pedir um voto de confiança ao Parlamento, apostando em receber apoio de dissidentes do IV ou até mesmo de parlamentares conservadores que são contrários a ir às urnas no meio da pandemia de Covid-19.
Caso nenhuma das duas seja possível, Mattarella teria que convocar novas eleições para o país, que ocorreriam em um momento que a Itália enfrenta uma forte segunda onda de casos de coronavírus Sars-CoV-2.
Se for necessário um novo governo, esse seria o 67º em quase 75 anos de República. .