Democratas questionam SEC sobre potencial conflito de interesse em negócio de criptomoedas de Trump
Dois importantes parlamentares democratas pediram nesta quarta-feira ao regulador de valores mobiliários dos EUA que preservasse registros relacionados ao empreendimento de criptomoedas do presidente Donald Trump, a World Liberty Financial, e fizeram perguntas sobre potenciais conflitos de interesse.
Em carta enviada ao presidente interino da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, equivalente à CVM no Brasil), Mark Uyeda, vista pela Reuters, os parlamentares solicitaram informações para "nos ajudar a entender melhor até que ponto o interesse financeiro da família Trump na World Liberty Financial pode estar influenciando suas atividades e as da Comissão".
A senadora Elizabeth Warren, membro sênior do comitê bancário do Senado dos EUA, e a deputada Maxine Waters, membro sênior do comitê de serviços financeiros da Câmara, assinaram a carta, que citou uma reportagem da Reuters sobre o empreendimento de criptomoeda.
Os republicanos têm maioria tanto na Câmara quanto no Senado dos EUA, o que limita a capacidade dos democratas de convocar audiências públicas formais e conduzir investigações. A carta dos membros do Congresso à SEC não cita nenhuma autoridade legal que obrigaria a agência a cumprir as solicitações.
Um porta-voz da Casa Branca disse em uma declaração por e-mail que "os ativos do presidente Trump estão em um fundo administrado por seus filhos. Não há conflitos de interesse."
O Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, liderado por republicanos, considerou nesta quarta-feira uma legislação que regulamentaria a adoção mais ampla de stablecoins -- criptomoedas atreladas a outros ativos. O governo de Trump identificou a promoção de seu uso como uma prioridade legislativa.
A Reuters publicou uma matéria na segunda-feira documentando como, enquanto a World Liberty Financial arrecadava mais de meio bilhão de dólares nos últimos meses, a família de Trump assumiu o controle do empreendimento de criptomoedas e abocanhou a maior parte desses fundos.
No geral, a família Trump agora tem direito sobre 75% das receitas líquidas das vendas de tokens da World Liberty, além de 60% das operações assim que o negócio principal de "finanças descentralizadas" começar. O acordo significa que a família Trump tem atualmente direito a cerca de US$400 milhões em taxas, informou a Reuters.
LAÇOS SEM PRECEDENTES
A carta dos legisladores solicita que a SEC preserve e forneça cópias de quaisquer registros ou comunicações da Casa Branca para a comissão sobre a World Liberty, com uma lista de mais de meia dúzia de membros da família Trump e seus parceiros de negócios.
Ela questiona quais procedimentos podem estar em vigor para "impedir que os laços financeiros sem precedentes da família Trump com a indústria de criptomoedas influenciem ou orientem as decisões da SEC".
A Trump Organization anunciou em janeiro que os investimentos, ativos e interesses comerciais do presidente seriam mantidos em um fundo administrado por seus filhos e que ele não teria nenhum papel nas operações do dia a dia ou na tomada de decisões. O negócio da família também contratou um advogado para atuar como consultor de ética para "evitar quaisquer conflitos de interesse percebidos".