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Democratas dizem que Trump trabalhou duro para encobrir caso da Ucrânia e não mostra remorso

24 jan 2020 - 19h08
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O presidente norte-americano, Donald Trump, liderou um esforço para coagir a Ucrânia a investigar um rival político doméstico, "trabalhou duro" para encobrir o caso e não mostrou remorso, disseram parlamentares democratas na sexta-feira em seu julgamento de impeachment.

24/01/2020
REUTERS/Jonathan Ernst
24/01/2020 REUTERS/Jonathan Ernst
Foto: Reuters

No terceiro e último dia de argumentos iniciais, parlamentares democratas no papel de promotores tentam conquistar o apoio dentro do Senado, controlado pelos republicanos, e com o povo americano no geral para remover Trump do cargo. 

"O presidente Trump tentou trapacear, foi pego e depois trabalhou duro para encobrir isso", disse o deputado Hakeem Jeffries, um dos democratas que servem como procuradores no caso. Jeffries acrescentou que havia uma "bagunça tóxica" na Casa Branca que precisava ser limpa em nome do povo norte-americano.

Nos seus artigos de impeachment, a Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, acusou Trump, mês passado, de abuso de poder por ter pressionado o governo da Ucrânia para encontrar irregularidades do ex-vice-presidente Joe Biden, pré-candidato democrata para a eleição presidencial de 2020, e depois obstruir a investigação do Congresso. 

Em uma ligação telefônica, em 25 de julho, Trump pressionou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy por uma investigação contra Biden e seu filho Hunter, que trabalhou no conselho da empresa ucraniana de energia Burisma. Trump temporariamente reteve 391 milhões de dólares de auxílio militar dos EUA para a Ucrânia, que, afiram os democratas, foram usados como barganha em troca de suas exigências. 

Trump nega qualquer irregularidade, enquanto seus aliados republicanos argumentam que sua conduta não chega ao nível de uma ofensa passível de impeachment. A Constituição dos EUA estabelece que o processo de impeachment retira o presidente do cargo em casos de "crimes e delitos graves".

"Ele não demonstrou remorso nem admite irregularidades", disse o deputado democrata Adam Schiff, que liderou a acusação de Trump no julgamento. "Você acha que se não fizermos nada, isso vai parar agora?"

A ABC News relatou na sexta-feira que ouviu uma gravação de áudio de abril de 2018, na qual se ouve Trump dizendo que quer a demissão da então embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch.

"Livre-se dela!", diz Trump na gravação, de acordo com a ABC News. "Tire ela amanhã. Eu não me importo. Tire ela amanhã. Tire ela. Ok? Faça isso."

Trump fez essas declarações enquanto falava a um pequeno grupo de pessoas que incluía Lev Parnas e Igor Fruman, dois ex-associados do advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, informou a ABC News. Parnas e Fruman foram acusados em Nova York de violar as leis de financiamento de campanhas eleitorais.

Se for verdade, isso reforçaria o argumento dos democratas de que os associados de Trump passaram quase um ano tentando derrubar Yovanovitch porque a viam como um obstáculo em seus esforços para pressionar a Ucrânia.

Trump disse que tinha o direito de demitir Yovanovitch, o que ele fez em maio de 2019.

"Todo presidente de nossa história tem o direito de colocar pessoas que apoiam sua agenda e as políticas de sua administração", disse a porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham.

O presidente deve ser absolvido pelo Senado, onde uma maioria de dois terços é necessária para condená-lo e retirá-lo do cargo. Nenhum dos senadores republicanos, que são maioria na Casa, expressou publicamente apoio pela sua destituição.

"VALE DA MORTE"

Assim que os democratas concluírem seus argumentos iniciais, a equipe jurídica de Trump terá até 24 horas ao longo de três dias para apresentar a defesa. 

Nesta sexta-feira, Trump retuitou dúzias de apoiadores ecoando suas críticas de que os procedimentos são injustos e motivados por política. Trump, ex-personalidade de televisão, também reclamou que seus advogados teriam que começar a apresentar seus argumentos no sábado, quando, segundo ele, ninguém vê televisão. 

"Parece que meus advogados serão forçados a começar no sábado, que é chamado de Vale da Morte na televisão", escreveu Trump, no Twitter. 

Os democratas têm centrado sua atenção em um pequeno grupo de republicanos moderados que podem apoiar suas tentativas de reforçar o caso contra Trump com a inclusão de novas testemunhas e mais evidências. 

"Este é um momento grave. E vocês não sabem como o senso de responsabilidade constitucional e histórica pesa sobre nossos ombros", afirmou o senador Chuck Schumer, principal democrata no Senado, em uma entrevista coletiva. 

"Sabemos que nunca conseguiremos Trump", acrescentou. "Mas quatro senadores republicanos podem dizer que precisamos de mais testemunhas e documentos. E há 12 ou 13 que nunca disseram nada contra testemunhas e documentos." 

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