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Coronavírus: o padre russo que nega a pandemia e desafia autoridades com tomada de convento

Famoso por causar polêmicas, ele está sendo julgado pela Igreja Ortodoxa Russa.

22 jun 2020 - 12h24
(atualizado em 24/6/2020 às 04h27)
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O sacerdote mudou legalmente seu nome para homenagear a última dinastia russa
O sacerdote mudou legalmente seu nome para homenagear a última dinastia russa
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Um sacerdote russo ultraconservador que nega a existência do novo coronavírus tomou à força um convento e agora está desafiando as autoridades do país.

Na terça-feira, o padre entrou no convento Sredneuralsk, nos arredores da cidade de Ecaterimburgo, no centro-oeste do país, provocando a fuga da madre superiora e de várias freiras.

Em abril, o clérigo já havia sido proibido de pregar.

E em maio, ele foi proibido de portar uma cruz, depois que tentou encorajar seus fiéis a desobedecer as ordens das autoridades sanitárias contra o coronavírus.

A Rússia teve pelo menos 7 mil mortes por coronavírus
A Rússia teve pelo menos 7 mil mortes por coronavírus
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O padre Sergei ajudou a fundar o convento de Sredneuralsk no começo dos anos 2000 e ao longo dos anos atraiu centenas de fiéis para seus sermões.

As autoridades russas fecharam as igrejas em 13 de abril em meio à pandemia de covid-19 e só as reabriram agora em junho.

O país já tem mais de 560 mil casos de covid-19, com mais de 7,6 mil mortos. Críticos dizem que o número real pode ser muito maior.

O que está acontecendo no convento?

O padre Sergei declarou que o atual surto de coronavírus era uma "pseudopandemia" e acusou os líderes da igreja de "trabalhar com os ancestrais do anticristo" para fechar os centros de oração.

Depois de suspendê-lo em maio, a Igreja Ortodoxa Russa organizou um tribunal eclesiástico para determinar o seu futuro.

O sacerdote Sergei Romanov tem muitos seguidores fiéis
O sacerdote Sergei Romanov tem muitos seguidores fiéis
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Mas na sessão do tribunal na semana passada, o padre Sergei disse que estava de consciência limpa e declarou que seria necessário retirá-lo à força do convento.

Depois disso ele abandonou o tribunal e tomou o convento.

Informações começaram a circular na região de que homens armados veteranos do conflito na Ucrânia estão ajudando a manter o convento sob comando do padre.

A imprensa não teve acesso ao local. Mas um jornalista do Novaya Gazeta conseguiu driblar a segurança e se encontrar com o padre.

"A diocese me proíbe de servir minha comunidade, me proíbe de falar. Mas tive sorte de poder fazer isso", disse ele.

O tribunal eclesiástico voltará a se reunir no dia 26 de junho.

A diocese de Ecaterimburgo disse que a Madre Superiora Varvara, que comandava o convento desde 2005, deixou o lugar temporariamente "para evitar conflitos desnecessários".

E disse que o religioso deve, antes sua próxima visita ao tribunal, "corrigir seus atos e se arrepender".

Quem é o padre Sergei?

O padre Sergei é um ex-policial que passou 13 anos preso por assassinato. Seus apoiadores dizem que a acusação contra ele era falsa.

No final dos anos 1960, ele foi solto.

Ele trocou seu nome para Nikolai Romanov, em homenagem a Nicolas 2, o último czar russo.

Acredita-se que o imperador e sua família foram enterrados perto de Ecaterimburgo após terem sido assassinados em 1918.

Dentro da igreja, o padre Sergei é visto como sendo líder de um movimento obscuro de "devotos do czar".

No passado, ele deu várias declarações polêmicas, como a de que o anticristo voltará na Rússia na forma de uma companheira de Vladimir Putin.

Ele também criticou leis que combatem violência doméstica e discursos semitas.

Na Rússia, alguns políticos e atletas famosos são devotos dele.

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