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Conservadores na Bavária rumam para "Brexit alemão" por causa de imigração, diz líder de partido

23 jun 2018 - 18h02
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A líder dos Sociais Democratas da Alemanha afirmou neste sábado que vai se opor à pressão de conservadores do Estado da Baviera para combate à imigração, em uma provocação à chanceler conservadora Angela Merkel e alertando que a disputa poderá gerar um "Brexit alemão".

Andrea Nahles, líder dos Sociais Democratas, de centro-esquerda, criticou o ministro conservador do Interior, Horst Seehofer, do União Social dos Cristãos da Baviera, em um discurso emocionado aos membros do partido na cidade de Bochum, no oeste da Alemanha.

"Horst Seehofer é um perigo para a Europa", disse Nahles aos delegados durante a convenção do partido. "Horst Seehofer e (o premiê bávaro Markus) Soeder estão no caminho para um Brexit alemão."

Seehofer prometeu dar ordem à polícia para começar a recusar imigrantes registrados em outros países da UE se Merkel não alcançar um acordo amplo sobre imigração com outros países europeus. Mas Merkel sustenta que é difícil obter um acordo em uma Europa politicamente dividida.

Os Conservadores da Baviera - o CSU - são aliados de longa data dos conservadores de Merkel - o CDU. A disputa ameaça a nova "grande coalizão" de Merkel, que inclui o SPD, e representa o mais sério desafio até agora à liderança da chanceler.

Nahles afirma que seu partido continua comprometido em governar com os conservadores, mas não está claro se os conservadores da Baviera ainda querem isso.

CAOS

Os planos para uma reunião de emergência da UE no domingo, focada em preparar o bloco para a cúpula europeia em 28 e 29 de junho, mergulharam no caos na quinta-feira, quando o novo primeiro-ministro da Itália afirmou que um acordo preliminar sobre imigração foi cancelado por causa de confronto com Merkel.

Nahles acusou os conservadores da Baviera de "fazer o país inteiro de refém" para conseguirem apoio antes das eleições regionais da região, em outubro.

Wolfgang Schaeuble, membro dos conservadores de Merkel e presidente do Bundestag, a câmara dos deputados do parlamento alemão, afirmou ao jornal Tagesspiegel que Seehofer eMerkel precisam chegar a um acordo.

O CSU, que tenta recuperar votos perdidos para o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de ultra-direita, nas eleições nacionais de setembro, vai se reunir em 1 de julho para avaliar um possível acordo a ser acertado por Merkel em Bruxelas, disseram fontes do partido na sexta-feira.

Seehofer tem ameaçado desafiar Merkel se um acordo "satisfatório" não for alcançado e vai começar a recusar imigrantes na fronteira alemã que pediram asilo em outros países da UE.

Controles nacionais de fronteira poderiam minar o sistema de liberdade de fluxo de cidadãos da UE. Schaeuble afirmou que Merkel não tem escolha além de demitir Seehofer se ele desafiar suas ordens.

A Alemanha aceitou receber 1,6 milhão de sírios e outros imigrantes desde 2014.

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