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Com mais de 91% dos votos apurados, clérigo populista Sadr praticamente vence eleição no Iraque

14 mai 2018 - 19h54
(atualizado às 20h17)
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O clérigo populista Moqtada al-Sadr, um adversário de longa data dos Estados Unidos, praticamente venceu a eleição parlamentar do Iraque, informou a comissão eleitoral, em uma surpresa para o líder xiita.

Na primeira eleição desde que o Estado Islâmico foi derrotado no país, o bloco do chefe da milícia xiita apoiada pelo Irã, Hadi al-Amiri, ficou em segundo lugar, enquanto o primeiro-ministro Haider al-Abadi, que já foi visto como principal candidato, ficou em terceiro.

Os resultados preliminares foram baseados em uma apuração de mais de 91 por cento dos votos feitos em 16 das 18 províncias do Iraque.

O bloco de Sadr não concorreu nas duas províncias restantes, a curda Dohuk e a província petroleira e etnicamente mista de Kirkuk. Os resultados nestas regiões, que podem ser adiados por conta de tensões entre partidos locais, não irão afetar a posição de Sadr.

Diferentemente de Abadi, um raro aliado tanto dos EUA quanto do Irã, Sadr é um adversário de ambos países, que têm exercido influência no Iraque desde uma invasão liderada pelos EUA que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein em 2003 e colocou a maioria xiita no poder.

Sadr liderou dois levantes contra forças norte-americanas no Iraque e é um dos poucos líderes xiitas que se distanciam do Irã.

Apesar do retrocesso na eleição, Abadi ainda pode receber um segundo mandato no cargo pelo Parlamento e nesta segunda-feira pediu para todos os blocos políticos respeitarem os resultados e sugeriu que está disposto a trabalhar com Sadr para formar um governo.

"Nós estamos prontos para trabalhar e cooperar para formar o governo mais forte para o Iraque, livre de corrupção", disse Abadi em discurso televisionado. O combate à corrupção está no topo da agenda de Sadr há anos.

Se projetando como um nacionalista iraquiano, Sadr tem seguidores fieis entre os jovens e pobres, mas foi colocado de lado por influentes figuras apoiadas pelo Irã.

Ele não pode se tornar primeiro-ministro, à medida que não concorreu na eleição, embora sua vitória aparente o coloque em uma posição para escolher alguém para o cargo.

Mas mesmo assim, pode ser que seu bloco não forme necessariamente o próximo governo. Quem vencer a maioria dos assentos deve negociar um governo de coalizão para ter a maioria no Parlamento. O governo deve ser formado dentro de 90 dias dos resultados oficiais.

A eleição de sábado é a primeira desde a derrota do Estado Islâmico, no ano passado. O grupo comandava um terço do Iraque em 2014.

O comparecimento foi de 44,52 por cento, com 92 por cento dos votos contados, informou o Alto Comissariado Eleitoral Independente, a menor taxa de participação na história iraquiana pós-Saddam. Resultados completos devem ser anunciados oficialmente mais tarde nesta segunda-feira.

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