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Mundo

Caravana de migrantes: México faz oferta para migrantes que se dirigem aos EUA

"Hoje o México estende a mão para vocês", disse o presidente mexicano Enrique Peña Nieto aos imigrantes

27 out 2018 - 21h12
(atualizado em 28/10/2018 às 14h49)
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O grupo de imigrantes que caminha em direção aos EUA tem grande número de crianças
O grupo de imigrantes que caminha em direção aos EUA tem grande número de crianças
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O México ofereceu vistos temporários de trabalho para migrantes da caravana com milhares de pessoas que está passando por seu território em direção aos EUA,

A oferta também inclui carteiras de identidade temporária, auxílio médico, habitação temporária e acesso ao sistema educional para as crianças.

Mas para serem aceitos, os migrantes precisam permanecer nos Estados de Chipas e Oaxaca, no sul do país.

Os EUA avisou que pode mandar tropas para a fronteira com o México para impeder a entrada da caravana nos EUA.

"Eu estou trazendo os militares para (lidar com) essa emergência nacional", disse o presidente americano Donald Trump em sua página do Twitter. "Eles serão parados!"

Trump também ameaçou cortar auxílio financeiro dos EUA à Guatemala, El Salvador e Honduras e tem feito pressão sobre o presidente mexicano para que o país ajude na crise migratória.

As eleições parlamentares americanas vão acontecer em duas semanas e Trump tem recebido críticas de que está usando a ameaça de imigração ilegal para dar gás a seus apoiadores.

A maioria dos imigrantes não tem onde dormir durante a jornada
A maioria dos imigrantes não tem onde dormir durante a jornada
Foto: AFP/Getty Images / BBC News Brasil

A caravana, que saiu de Honduras há semanas, ainda está a 1,6 mil km da fronteira do México com os EUA.

Sob pressão

O plano, anunciado pelo presidente mexicano Enrique Peña Nieto, cobre migrantes da América Central que fizeram pedidos oficiais de refúgio no México ou pretender fazê-lo num futuro próximo.

O projeto foi chamado de Estas en Tu Casa (Você Está em Casa, em espanhol).

"Hoje o México estende a mão para vocês", disse o presidente.

Mas acrescentou: "Essa oferta é apenas para quem respeitar as leis mexicanas. É o primeiro passo para uma solução permanente para quem conseguir status de refugiado no México."

O presidente não falou, no entanto, o que acontecerá com os migrantes se eles deciderem continuar caminhando em direção ao norte.

A caravana foi parada pela polícia da Guatemala durante várias horas
A caravana foi parada pela polícia da Guatemala durante várias horas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As autoridades mexicanas estão sob pressão cada vez maior do governo Trump para encontrar uma solução para a crise migratória, informa Will Grant, o correspondente da BBC na América Central.

Os mexicanos estão tentando encontrar um equilíbrio entre atender aos EUA e não dar sinal verde para potenciais caravanas no futuro.

Onde está a caravana agora?

Neste sábado (27), a caravana está na cidade mexicana de Arriaga.

A maiorias dos migrantes diz que não tem inteção de abandonar seus planos de ir para os Estados Unidos.

"A maioria pretende cruzar a fronteira. É minha intenção também", diz o hondurenho José Santos à BBC.

"Porque, embora a vida aqui seja mais calma do que em casa, ainda não é como nos EUA, onde ficaria melhor. Esse é o objetivo: ter uma vida melhor."

A caravana tem centenas de idosos e crianças tentando chegar aos EUA
A caravana tem centenas de idosos e crianças tentando chegar aos EUA
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Anna Lisset Velazquez, também nascida em Honduras, diz que é uma "oferta gentil", mas que não vai aceitá-la. "Não é plano parar aqui no meio do caminho", afirma.

Alguns imigrantes, no entanto, descreveram a proposta mexicana como um "plano B" decente.

"Não podemos voltar para Honduras. Então, como segunda opção, estamos melhor aqui", diz Greville Juan Villanova.

Um porta-voz das Naçõs Unidas disse que mais de 7 mil pessoas formavam a caravana em 22 de outubro, citando estimativas da Organização Internação para Migração.

No entanto, o grupo se dividiu, o que torna mais difícil de determinar o número exato de pessoas.

Os migrantes dizem que estão fugindo de perseguição, pobreza e violências em seus países natais: Guatemala, Honduras e El Salvador.

Como tudo começou?

A marcha partiu de San Pedro Sula, em Honduras, no dia 13 de outubro, formada inicialmente por cerca de mil hondurenhos, que fogem do desemprego e da violência - a cidade é conhecida pelos altos índices de criminalidade.

A notícia rapidamente se espalhou pela imprensa e pelas redes sociais, fazendo com que mais hondurenhos e pessoas de outros países da América Central se juntassem à marcha ao cruzar a Guatemala em direção à fronteira com o México.

A polícia mexicana tentou sem sucesso conter os milhares de imigrantes na ponte que liga o país com a Guatemala
A polícia mexicana tentou sem sucesso conter os milhares de imigrantes na ponte que liga o país com a Guatemala
Foto: AFP/Getty / BBC News Brasil

A região tem uma das maiores taxas de homicídio do mundo, segundo dados da ONU, e Honduras lidera o ranking global, com 55,5 mortes para cada 100 mil habitantes em 2016 - o Brasil ocupa a sétima posição, com 31,3 para cada 100 mil.

Cerca de 10% da população da Guatemala, El Salvador e Honduras já deixou seus países para fugir da criminalidade, o recrutamento forçado por gangues e as poucas oportunidades de trabalho.

Porque eles formaram uma caravana?

Caravanas de imigrantes desse tamanho são um fenômeno recente.

Embora as pessoas da região migrem para os EUA há bastante tempo e às vezes se unam no caminho, a natureza mais organizada dessas caravanas é algo relativamente novo.

A primeira caravana que saiu de Honduras e chegou à fronteira em abril foi organizada por um grupo que tem se autodenominado Pueblo Sin Fronteiras (Povo Sem Fronteiras).

Para os imigrantes mais vulneráveis - como mulheres com crianças pequenas - a caravana oferece proteção.

A caravana começou em Honduras e foi atraindo mais gente pelo caminho
A caravana começou em Honduras e foi atraindo mais gente pelo caminho
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O grupo afirma que está tentando chamar atenção aos suplícios sofridos pelos imigrantes em casa e aos perigos que eles correm em sua tentativa de chegar aos EUA em segurança.

Para os imigrantes - especialmente os mais vulneráveis, como idosos e mulheres com crianças pequenas - a caravana oferece mais segurança do que a migração solitária.

Migrantes são frequentemente sequestrados por traficantes de pessoas e por gangues de tráfico de drogas que os obrigam a trabalhar para eles.

Um grupo grande é um alvo mais difícil, portanto, ofecere mais proteção.

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