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Autor de tiroteio racista na Itália tinha livro de Hitler

Pelo menos 6 pessoas ficaram feridas em Macerata neste sábado

4 fev 2018 - 10h55
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As autoridades italianas informaram neste domingo (4) que Luca Traini, o autor do tiroteio racista que deixou seis feridos na província de Macerata, possuía um exemplar do livro "Mein Kampf" ("Minha Luta", em tradução livre), escrito pelo ditador Adolf Hitler, além de diversos objetos de inspiração fascista.

    Os carabineiros de Macerata realizaram uma operação na casa da mãe do autor do ataque deste sábado (3). Imagens revelam o local em que o livro de Hitler, bandeiras com a cruz cética e publicações como um manual sobre a República Social Italiana instaurada por Benito Mussolini estavam.

    Traini, de 28 anos, foi responsável por percorrer as ruas de Macerata dentro de seu carro Alfa Romeo enquanto abria fogo contra pessoas negras, das quais seis ficaram feridas, inclusive da sede do partido Democrata.

    O atirador, que concorreu nas eleições administrativas de Corridonia pelo partido ultranacionalista Liga Norte, foi detido poucas horas depois aos pés de um monumento dedicado aos mortos da Segunda Guerra Mundial, fazendo a saudação fascista e coberto com uma bandeira da Itália. Fontes revelaram que, na ocasião, Traini gritava "Viva a Itália".

    O italiano passou horas prestando depoimento e, segundo a polícia, o criminoso "não demonstrou nenhum remorso pelo que fez. Não mostrou arrependimento".

    De acordo com o ministro de Interior, Marco Minniti, o episódio foi uma "clara questão racial" e aparentemente Traini agiu sozinho. Acusado de delitos como massacre com o agravante de racismo e porte ilegal de arma, ele foi transferido para a prisão de Montacuto, em Ancona, em regime de isolamento.

    Até o momento, o motivo que levou o atirador a realizar o tiroteio não foi esclarecido. Segundo um amigo de Traini, o italiano estava sendo tratado por um psiquiatra, além de estar apaixonado por uma viciada em drogas, que possivelmente seria Pamela Mastropiero.

    No entanto, durante o depoimento, o homem explicou que "estava no carro, indo ao ginásio, quando ouvi pela enésima vez no rádio a história de Pamela. Voltei, abri o cofre e peguei a arma".

    Por sua vez, os investigadores confirmaram que, neste primeiro momento, não foram encontradas ligações das vítimas com o nigeriano Innocent Oseghale, acusado de matar a jovem italiana de 18 anos encontrada desmembrada em duas malas na última semana. Ontem (3), o caso, que teve repercussão mundial, causou pânico na Itália. O prefeito de Macerata, Romano Carancini, chegou a pedir para a população não sair de casa. Após o episódio, ele afirmou que a cidade "respira aliviada", mas precisa aguardar a campanha eleitoral.

    "É um momento muito delicado, precisamos de respeito pelas pessoas e não podemos nos afogar com o ódio", disse.

    Segundo o líder da Liga Norte, Mateo Salvini, candidato a primeiro-ministro, numa provável aliança com o ex-premier Silvio Berlusconi, a culpa do ato de violência é a imigração fora de controle que acontece na Itália. Diversos políticos foram contra aos comentários. O primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, condenou o ataque e afirmou que o "ódio e a violência não serão capazes de nos dividir". O gesto de terror virou uma forte discussão política, principalmente porque a Itália está às vésperas das eleições nacionais.

Ansa - Brasil   
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