Em encontro com Zelensky, Trump diz que negociações sobre plano de paz na Ucrânia estão nas 'etapas finais'
Durante o encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky neste domingo (28), Donald Trump afirmou que as negociações pelo cessar-fogo no conflito com a Rússia estão próximas de seu desfecho. O líder norte-americano disse ainda que Vladimir Putin e Zelensky estavam "falando sério" sobre o fim das hostilidades na Ucrânia, depois uma série de conversas que ele considera a reta final do plano de paz.
Ao receber o líder ucraniano em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente dos Estados Unidos disse que não tinha outro "prazo" além do "fim" do conflito de quase quatro anos, acrescentando imediatamente que acreditava que as negociações estavam "em suas etapas finais".
Antes do encontro com Zelensky, Trump conversou por telefone com Putin, em uma troca de mensagens que considerou "muito produtiva", sem entrar em detalhes sobre a discussão.
Volodymyr Zelensky tinha muito em jogo neste compromisso, o primeiro entre os dois desde outubro, quando o líder ucraniano se reuniu com Trump para solicitar — sem sucesso — mísseis Tomahawk.
Desta vez, ele buscava a aprovação do norte-americano para uma nova versão do plano de paz para a Ucrânia, elaborado por Washington há quase um mês.
Zelensky apresentou esta semana a versão revisada do documento, reformulada após duras negociações exigidas por Kiev, que considerou a primeira muito próxima das exigências russas.
O novo modelo propõe um congelamento da frente nas posições atuais, sem oferecer uma solução imediata para as reivindicações territoriais russas, já que a Rússia controla aproximadamente 20% da Ucrânia.
Este documento também abandona duas exigências-chave do Kremlin: a retirada das tropas ucranianas da região de Donetsk e um compromisso juridicamente vinculativo da Ucrânia de não aderir à OTAN.
Inaceitável para os russos
No sábado (27), durante uma escala em Halifax, Canadá, o presidente ucraniano recebeu forte apoio de Ottawa, bem como dos europeus e da OTAN. Ainda neste domingo, após o encontro entre Trump e Zelensky em Mar-a-Lago, está agendada uma ligação telefônica entre os dois e líderes europeus.
Aumentando a pressão no terreno, a Rússia bombardeou Kiev e região no sábado, deixando mais de um milhão de casas sem energia por horas, e anunciou em seguida a captura de mais duas cidades no leste da Ucrânia.
Para a Rússia, que encontrou em Donald Trump um aliado para algumas de suas demandas, "a Europa e a União Europeia se tornaram o principal obstáculo à paz", segundo o Ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.
Falando após a ligação telefônica entre Vladimir Putin e Donald Trump, o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou que "a Rússia e os Estados Unidos compartilham a mesma opinião de que a proposta ucraniana e europeia de um cessar-fogo temporário (...) apenas prolongaria o conflito e levaria à retomada das hostilidades".
Ele ainda pediu à Ucrânia que tomasse a decisão "corajosa" de retirar suas tropas de Donbas para "pôr fim" à guerra.
Garantias de segurança
Além do destino de Donbas, a região leste da Ucrânia reivindicada por Moscou, e da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul, ocupada por soldados russos, espera-se que os líderes dos dois países discutam as garantias de segurança que as potências ocidentais poderiam fornecer como parte de um possível acordo de paz.
Essas "garantias de segurança devem vir ao mesmo tempo que o fim da guerra", insistiu Volodymyr Zelensky no sábado.
"Haverá garantias de segurança. Elas serão fortes. E os países europeus estão muito envolvidos", assegurou o presidente americano no domingo, nos degraus de Mar-a-Lago.
Ele também havia sugerido anteriormente que, em sua opinião, a Ucrânia tinha interesse em manter a linha de frente diante de futuros avanços russos, que ele considera inevitáveis.
Com AFP
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