Venezuela é processada para devolver objetos de Simón Bolívar
Miami (EUA) Um homem entrou com um processo civil contra a Venezuela em um tribunal da Flórida (EUA) por "apropriação indébita" de uma série de objetos, entre outros um "medalhão", que pertenceram a Simón Bolívar e que supostamente estavam em poder da família do litigante.
O processo, ao qual a agência EFE teve acesso nesta quarta-feira, foi interposto esta semana por Ricardo Devengoechea, que reivindica a propriedade de uma coleção de "antiguidades, artigos, documentos históricos e uma mostra de DNA (no "medalhão") do independentista Simón Bolívar.
Nas nove páginas da ação aponta-se que o Governo da Venezuela "se apoderou destes artigos (propriedade) de seu legítimo dono", Devengoechea, com o "pretexto" de realizar uma "pesquisa" sobre a história da Venezuela e as estranhas circunstâncias em que sobreveio a morte de Bolívar.
"Os antepassados de Devengoechea (uma das famílias fundadoras da Colômbia) se tornaram proprietários de vários artigos importantes de Bolívar (1783-1830)", diz a reivindicação.
De fato, acrescenta o texto da ação, os artigos em litígio "foram dados por Bolívar a Joaquín de Mier, tataravô de Devengoechea", cuja família vive atualmente nos Estados Unidos e "manteve em seu poder, durante gerações, estes artigos históricos".
Por isso, o processo solicita a devolução da denominada "Coleção Devengoechea" ou a "indenização por danos e reparação judicial" baseada na "desapropriação de bens pessoais" do litigante.
Sempre segundo a versão do litigante, o Governo venezuelano se apoderou da citada coleção e, apesar de repetidas solicitações por parte de Devengoechea para que devolvesse os objetos, até agora se negou.
A peça mais valiosa da coleção é provavelmente as mostras de cabelo de Bolívar "que deram à Venezuela provas autenticadas de DNA" do grande militar e líder político sul-americano.
Graças a estas amostras de cabelo, ressalta a ação, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, "tentou verificar cientificamente os restos mortais de Bolívar".
De fato, por meio das amostras de DNA obtidas, Chávez "exumou o suposto corpo de Bolívar para comprovar sua autenticidade".
Foi em 2007 que funcionários venezuelanos entraram em contato com Devengoechea e lhe propuseram levar a coleção ao país para sua "revisão e exame" por especialistas.
A pedido da Venezuela, Devengoechea "emprestou a coleção", sempre com o "entendimento expresso" de que o Governo venezuelano "devolveria de forma imediata" os objetos a seu proprietário, uma vez "completada a pesquisa ou a pedido deste".
"Apesar das várias tentativas de Devengoechea de conseguir a devolução da coleção, a Venezuela se negou a devolver estes artigos ao primeiro", argumenta a ação do litigante.