Novos ataques americanos contra barcos suspeitos de tráfico no Pacífico deixam 8 mortos
Em comunicado, os militares afirmaram que os alvos estariam ligados a organizações classificadas por Washington como terroristas
Ataques americanos a barcos no Pacífico, suspeitos de tráfico e ligados a organizações terroristas, resultaram em 8 mortes; a campanha militar, iniciada em setembro sob o governo Trump, enfrenta críticas por falta de provas e possível ilegalidade.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
As Forças Armadas dos Estados Unidos confirmaram nesta segunda-feira (15) que atacaram três embarcações no Oceano Pacífico por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Oito pessoas morreram nas operações, realizadas em águas internacionais.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, os militares afirmaram que os alvos estariam ligados a organizações classificadas por Washington como terroristas. Três pessoas morreram no primeiro barco atingido, duas no segundo e outras três no terceiro.
"Serviços de inteligência confirmaram que embarcações estavam transitando por rotas conhecidas do narcotráfico no leste do Pacífico e estavam envolvidas com o narcotráfico", afirmou a nota.
A publicação, acompanhada de um vídeo, mostra bombardeios às embarcações em alto mar.
On Dec. 15, at the direction of @SecWar Pete Hegseth, Joint Task Force Southern Spear conducted lethal kinetic strikes on three vessels operated by Designated Terrorist Organizations in international waters. Intelligence confirmed that the vessels were transiting along known… pic.twitter.com/IQfCVvUpau
— U.S. Southern Command (@Southcom) December 16, 2025
Campanha militar
Os ataques fazem parte de uma campanha militar iniciada em setembro pela administração do presidente Donald Trump, sob a justificativa de tentar conter o fluxo de drogas em direção aos Estados Unidos. Desde então, ao menos 95 pessoas morreram em 26 operações, de acordo com dados oficiais.
No entanto, até o momento, o governo americano não apresentou provas públicas das supostas atividades de narcotráfico. A falta de evidências leva especialistas e a ONU a questionarem a legalidade das operações.
No início de dezembro, a ONG Human Rights Watch pediu que aliados dos Estados Unidos condenem os ataques contra os barcos no Oceano Pacífico, que classifica de "ilegais".
"Segundo o direito internacional, o recurso intencional a uma força letal só é permitido em último caso contra um indivíduo que represente uma ameaça iminente à vida", também destacou, em outubro, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Conflito contra cartéis
Trump defende a ofensiva como uma escalada necessária no combate ao narcotráfico e afirma que os Estados Unidos enfrentam um "conflito armado" com cartéis de drogas. O líder republicano acusa diretamente o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de chefiar uma vasta rede de comércio ilícito de entorpecentes.
A estratégia, no entanto, tem provocado reações no Congresso americano. Parlamentares questionam a base legal das ações em águas internacionais e a falta de transparência na identificação dos alvos e o uso de força letal.
Um dos episódios mais criticados envolveu um ataque que matou dois sobreviventes que se agarravam aos destroços de uma embarcação já atingida em um primeiro bombardeio.