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América Latina

Macri vence eleições legislativas e amplia poder para projeto de 'mudar Argentina para sempre'

Coalisão governista comandada pelo presidente argentino, vence em 13 das 23 províncias; ex-presidente Cristina Kirchner ganha cadeira no Senado mas tem menos votos que candidato macrista.

23 out 2017 - 07h08
(atualizado às 07h41)
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Macri sai fortalecido das eleições para o legislativo argentino, apesar de não contar com maioria absoluta no Congresso.
Macri sai fortalecido das eleições para o legislativo argentino, apesar de não contar com maioria absoluta no Congresso.
Foto: Reuters

Comandada pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, a coalizão governista saiu vitoriosa e fortalecida das eleições legislativas realizadas no domingo.

A Cambiemos, coligação de Macri, ganhou em 13 das 23 províncias, incluindo lugares onde o peronismo imperou por décadas. Cerca de 40% dos votos foi para o grupo do presidente, segundo autoridades eleitorais argentinas.

A ex-presidente Cristina Kirchner, do Unidad Ciudadana, é hoje o principal nome da oposição argentina e perdeu a batalha simbólica por força e poder político contra Macri.

Apesar de ter assegurado uma das três cadeiras no Senado para representar Buenos Aires, Kirchner conquistou menos votos que Esteban Bullrich, ex-ministro e aliado macrista.

As eleições de domingo elegeram um terço dos 72 assentos do Senado e metade dos 254 deputados da Câmara argentina.

As eleições deixam Macri em situação mais confortável para impulsionar reformas e negociar em melhores condições com peronistas, ainda que o presidente não tenha maioria absoluta no Congresso.

Depois do pleito, Mauricio Macri vai ter mais força para negociar com peronistas as reformas que quer aprovar
Depois do pleito, Mauricio Macri vai ter mais força para negociar com peronistas as reformas que quer aprovar
Foto: Getty Images

O presidente, que vai buscar reeleição em 2019, já disse ter um projeto de longo prazo para tentar mudar a "Argentina para sempre".

No discurso de vitória, Macri, contudo, manteve um tom mais precavido. "Estamos apenas começando a transformar nossa querida Argentina".

Acredita-se que, com o resultado das eleições, Macri tenha mais poder para acelerar a velocidade das reformas, mas vai insistir em mudanças graduais, a passos mais lentos.

"É um dia muito importante porque hoje confirmamos nosso compromisso com a mudança, que é um compromisso sério", disse, na sede da Cambiemos.

Macri também convidou a oposição para dialogar. "Sempre vamos escutá-los", disse, ciente de que uma fatia cada vez maior do peronismo prefere negociar com ele do que se aliar novamente com Kirchner.

A ex-presidente, por sua vez, projeta-se como protagonista da política argentina. Não apenas por ser uma das vozes anti-Macri mas também porque está sendo processada em vários casos de corrupção durante seu mandato presidencial, o que mantém seu nome nas manchetes da mídia argentina.

A capacidade de Kirchner de aglutinar a imprensa e interromper a "reforma de Macri", no entanto, depende de sua gestão como senadora. Ela já começa em desvantagem porque não foi quem teve mais votos em Buenos Aires.

Por que Macri ganhou

Cristina Kirchner começa em desavantagem como principal nome a oposição por não ter sido a mais votada em Buenos Aires na disputa pelo Senado
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Foto: Reuters

A Argentina foi às urnas no meio de uma disputa entre base e oposição pautada pelo debate da morte de Santiago Maldonado, um artesão de 28 anos que desapareceu quando participava de um protesto em defesa de uma terra indígena - o corpo dele foi encontrado na semana passada num rio no sul do país.

Em plena campanha, o sumiço do artesão desencadeou uma crise política uma vez que a oposição insinuou que Maldonado teria sumido ao fugir das forças de segurança do governo que reprimiam o protesto. Mas o Caso Maldonado parece não ter comprometido a performance dos aliados do presidente Macri.

Muita gente, no entanto, criticou a forma festiva com que os macristas comemoraram logo depois do resultado das eleições. Esperava-se uma celebração mais serena, mas acabou com dança e cúmbia.

A vitória da coalizão Cambiemos é atribuída à divisão da oposição, à resistência ao nome de Cristina Kirchner - com índices de rejeição entre 60% e 70% - e à expectativa de que as reformas de Macri, em especial na área econômica, gerem resultados a médio prazo.

Depois da recessão de 2016, os ajustes promovidos por Macri no início do mandato fizeram disparar a inflação, reduziram o consumo e aumentaram o deficit. Mas a economia argentina está acumulando pequenas melhoras este ano.

Mas, apesar da persistência de Cristina Kirchner como opositora, as denúncias contra ela e contra seus aliados permitiram que governistas buscassem uma narrativa nessas eleições de que estava em jogo a corrupção do passado e a prosperidade do futuro.

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