Greve de comissários paralisa principal companhia aérea do Canadá
A companhia aérea Air Canada cancelou centenas de voos e suspendeu suas operações neste sábado (16), em resposta à greve de seus comissários de bordo, que reivindicam melhores salários em plena alta temporada turística. Segundo a empresa, cerca de 130 mil passageiros por dia serão afetados pela paralisação.
A companhia aérea Air Canada cancelou centenas de voos e suspendeu suas operações neste sábado (16), em resposta à greve de seus comissários de bordo, que reivindicam melhores salários em plena alta temporada turística. Segundo a empresa, cerca de 130 mil passageiros por dia serão afetados pela paralisação.
No Aeroporto Internacional Pearson, em Toronto, um dos principais centros de conexão da Air Canada e de sua subsidiária, a Air Canada Rouge, o Terminal 1 estava vazio na manhã de sábado, segundo um jornalista da AFP.
"Estamos oficialmente em greve", anunciou em comunicado o Sindicato Canadense da Função Pública (SCFP), que representa cerca de 10 mil comissários de bordo.
Em resposta, a Air Canada declarou que está iniciando um lockout dos funcionários da Air Canada Rouge representados pelo SCFP. O lockout é uma suspensão temporária das atividades decidida pelo empregador em resposta a um conflito trabalhista. Segundo a empresa, a medida deve durar 72 horas, e 700 voos previstos para sábado foram suspensos.
A Air Canada, que atende diretamente 180 cidades ao redor do mundo, recomendou que os clientes afetados não se dirijam ao aeroporto, e afirmou que lamenta profundamente os impactos da greve sobre os passageiros.
A paralisação começou por volta da 1h da manhã (2h da manhã em Brasília) de sábado, após o fim do prazo de 72 horas do aviso prévio entregue pelo sindicato.
Antes mesmo do início oficial da greve, a companhia já havia começado a reduzir suas operações. Na noite de sexta-feira (15), foi anunciado o cancelamento de 623 voos, afetando mais de 100 mil passageiros nos últimos dias.
Reivindicações: salário e trabalho em solo
Além do aumento salarial, os comissários de bordo exigem remuneração pelas horas de trabalho em solo, incluindo o tempo de embarque, o que até agora não era pago.
Na quinta-feira, a Air Canada apresentou uma proposta final de compromisso, prevendo elevar o salário anual médio de um comissário sênior para 87 mil dólares canadenses (cerca de US$ 65 mil) até 2027. O SCFP, no entanto, considerou a oferta insuficiente, especialmente diante da inflação.
O sindicato também rejeitou os pedidos da companhia e do governo canadense para resolver o impasse por meio de arbitragem independente.
Pressão sobre a principal companhia aérea do país
O conflito, em pleno verão, coloca a Air Canada, principal transportadora do país, com sede em Montreal, sob forte pressão.
Em entrevista à AFP, Rafael Gomez, diretor do Centro de Relações Industriais e Recursos Humanos da Universidade de Toronto, afirmou não esperar uma greve prolongada:
"É alta temporada. A companhia não quer perder centenas de milhões de dólares em receita", avaliou.
Embora a economia canadense demonstre sinais de resiliência, o país começa a sentir os efeitos da guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump, com tarifas que afetam setores cruciais como automóveis, alumínio e aço.
Antes do início da greve, o Conselho de Negócios do Canadá, que reúne líderes de mais de 100 grandes empresas, alertou para o risco de agravamento das dificuldades econômicas.
"Num momento em que o Canadá enfrenta pressões sem precedentes sobre suas cadeias de suprimento críticas, a interrupção dos serviços nacionais de transporte de passageiros e carga aérea causaria um prejuízo imediato e significativo a todos os canadenses", declarou a organização.
(Com AFP)