EUA retiram tarifaço de 40% sobre carne, café e outros produtos após avanço em negociações com o governo Lula
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nesta quinta-feira (20) uma nova ordem executiva que altera o tarifaço imposto ao Brasil desde julho, quando a Casa Branca declarou emergência nacional acusando o governo brasileiro de representar uma "ameaça incomum e extraordinária" à segurança e à economia americanas.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
A medida original aplicava uma tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos brasileiros — que, somada à primeira sobretaxa de 10% anunciada em abril, elevou para 50% o total cobrado sobre diversas exportações do Brasil, uma das tarifas mais altas em vigor hoje contra produtos estrangeiros.
Segundo a nova ordem executiva, houve uma mudança no cálculo da Casa Branca após a conversa telefônica entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de outubro, quando ambos concordaram em iniciar negociações formais para tratar das preocupações dos Estados Unidos.
Desde então, autoridades americanas vêm monitorando o andamento das conversas e relataram ao presidente que houve "progresso inicial", especialmente no setor agrícola.
Com base nessas recomendações, Trump decidiu retirar alguns produtos agrícolas brasileiros da tarifa adicional de 40%, classificando a flexibilização como "necessária e apropriada" diante da evolução das negociações.
O governo americano publicou uma lista com 1.279 produtos brasileiros que ficam isentos da nova tarifa. Entre os mais relevantes para a economia brasileira estão:
- carne bovina, em todos os tipos e cortes
- café (verde, torrado, solúvel e extratos)
- suco de laranja (congelado e não congelado)
- cacau e derivados
- castanhas, coco, frutas tropicais e polpas
- produtos siderúrgicos, como ferro, aço, alumínio e ferronióbio
- combustíveis e derivados de petróleo
- celulose e madeira
- uma extensa lista de peças aeronáuticas e componentes industriais, incluindo itens usados por empresas como a Embraer
As mudanças entram em vigor para todas as mercadorias despachadas aos Estados Unidos a partir de 13 de novembro de 2025.
A ordem executiva não faz qualquer menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro nem às restrições impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, temas utilizados para justificar a aplicação das tarifas pelo governo americano.