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América Latina

Buenos Aires segue sem luz após temporal que matou mais de 50

Em La Plata, na província de Buenos Aires, 48 pessoas morreram; na capital, foram pelo menos seis vítimas fatais

3 abr 2013 - 19h54
(atualizado às 19h59)
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Com a falta de luz, comerciantes fecham as portas
Com a falta de luz, comerciantes fecham as portas
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Passada a chuva, retirada a água do interior das casas, agora é hora de contabilizar o prejuízo e esperar que a energia elétrica seja reinstalada. A zona norte da capital argentina, em especial os bairros de Belgrano, Nuñez, Villa Flores, Villa Luro, Villa Martelli estão quase totalmente às escuras.

O bairro de Villa Luro, localizado na zona norte de Buenos Aires, que não tem um histórico de cheias, foi fortemente atingido pelas chuvas. Javier Garrido, estudante de 26 anos, contou que na casa onde vive sua família a água atingiu 15 centímetros: “Minha casa fica a mais ou menos 30 a 40 centímetros acima do nível da rua e, ainda assim, a água subiu quase 15 centímetros. Nos demos perda total no piso.”

<p>Algumas lojas funcionam com enegia de geradores</p>
Algumas lojas funcionam com enegia de geradores
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Na avenida Cabildo, por exemplo, onde estão localizadas muitas lojas de roupas e eletrodomésticos, a alternativa encontrada foi utilizar geradores de energia. “Nós estamos sem luz e sem telefone desde ontem; para o telefone nos deram um prazo de religação de 72 horas, e para a luz eles não têm nem previsão”, conta Liliana Vinci, 21 anos, gerente de uma das lojas que já tem seu próprio gerador dada a quantidade de vezes que ficaram sem energia por conta de temporais.

Federico Lopez, morador do bairro de Olivos, na zona norte da capital, contou que ontem à tarde passou cerca de dez horas ilhado na casa de um amigo que vive no mesmo bairro. "A água estava tão alta, que mesmo morando a uma quadra, eu não tinha como voltar pra casa."

O prefeito da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, deu duas entrevistas coletivas desde a tarde de ontem, declarando que colocou a disposição mais de 600 profissionais e cerca de 100 ambulâncias, além de guinchos e patrulheiros. “Devemos ter em mente que essa é uma tragédia de alta magnitude, são mais de 350 mil pessoas atingidas”, afirmou Macri em justificativa às reclamações por demora de atendimento em várias zonas da cidade, que geraram revoltas e os típicos panelaços ontem à noite.

La Plata contabiliza 48 mortos até o momento

Além das 48 mortes já oficialmente registradas pelo governo da província de Buenos Aires na cidade de La Plata, e das mais de 2200 evacuações, muitas casas foram completamente invadidas pela água. Como a que mora a brasileira estudante de educação física, que está em intercâmbio na Universidade de La Plata, Rafaela Bordin.

Chuva inunda La Plata e faz mais de 50 mortos na Argentina:

Ela relatou estar desde o início da manhã desta quarta-feira ajudando seus companheiros de república a impedir que a água tomasse a casa onde mora. "A gente tentou de tudo, usamos rodos para tirar a água que insistia em entrar, mas só resolveu quando bloqueamos a porta com sacos cheios de areia."

E os registros de atingidos não param por aó. A designer Belén Canale contou que seu irmão ficou mais de uma hora preso dentro de um ônibus, sem poder descer ou avançar, em decorrência a quantidade de água que havia nas ruas da cidade.

La Plata não é apenas conhecida por ser a capital da província de Buenos Aires, mas também porque nessa cidade nasceu e cresceu a atual presidente da Argentina, Cristina Kirchner, a qual cancelou uma cerimônia esta tarde para visitar a cidade em apoio às vítimas. “Eu sei o que é perder tudo porque minha casa se inundou quando eu era pequena”, contou a presidente durante a visita a La Plata.

Política por trás da tragédia

A tragédia tomou proporções de disputa política entre o governo federal e o governo da cidade de Buenos Aires. Em entrevista coletiva, Maurício Macri, voltou a afirmar que não pode dar continuidade às obras que resolveriam os problemas das cheias, que atingem a cidade já há vários anos, por conta da não liberação de recursos financeiros por parte do governo nacional. 

Chuva provoca mortes e inunda ruas de Buenos Aires:

Macri citou ainda o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social brasileiro (BDNES), o qual também não teria aprovado orçamento para as obras de melhoria nas bacia dos arroios Medrano e Vega.

Em contrapartida, o ministro de Planejamento, Júlio De Vido, afirmou que o governo da cidade “sabia do temporal e não fez nada”. De Vido chegou a colocar a disposição dos cidadãos os telefones celulares de seu pessoal para que pudessem dar mais atenção aos flagelados.

Fonte: Especial para Terra
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