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Mundo

Alitalia faz hoje seu último voo cercada de incertezas

8 mil pessoas devem ficar sem emprego

14 out 2021 - 13h01
(atualizado às 13h31)
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Após uma longa crise que se arrasta há vários anos, a Alitalia, maior empresa italiana de aviação civil, faz nesta quinta-feira (14) o último voo de seus 75 anos de história e dá lugar a uma nova companhia controlada pelo governo.

A viagem derradeira partirá de Cagliari, na Sardenha, às 22h05 (horário local) e pousará no Aeroporto de Fiumicino, nos arredores de Roma, por volta de 23h10.

A partir do dia seguinte, o lugar da Alitalia será ocupado - ao menos em parte - pela Italia Trasporto Aereo (ITA), mas o processo de passagem de bastão entre as duas empresas ainda está cercado de incertezas.

O voo inaugural da ITA está marcado para 6h20 de sexta-feira (15), entre Milão-Linate e Bari, mas a nova companhia começará a operar em tamanho muito menor e em meio ao leilão público da marca Alitalia.

Controlada totalmente pelo governo, a ITA só nasceu após um acordo entre a Itália e o poder Executivo da União Europeia para que houvesse uma total "descontinuidade econômica" em relação à Alitalia.

Ou seja, a ITA partirá praticamente do zero e precisará obter os ativos e serviços de sua predecessora, inclusive a marca, por meio de ofertas e leilões públicos. Por outro lado, a nova empresa não herdará as dívidas da Alitalia, que serão pagas com a venda de seus bens.

Ainda assim, as duas companhias manterão alguns laços, como o código "AZ", que sempre identificou os voos da Alitalia.

Marca e funcionários

O edital do leilão da marca foi publicado em 17 de setembro, e os interventores nomeados pelo governo para administrar a tradicional companhia aérea pediram pelo menos 290 milhões euros.

A ITA, no entanto, teria oferecido apenas 90 milhões, de acordo com o jornal econômico Il Sole 24 Ore, enquanto a Comissão Europeia estima que o valor da marca seja de 110 milhões de euros.

Outro impasse diz respeito ao contrato de trabalho dos funcionários da ITA. Os sindicatos pedem uma contratação coletiva, mas a nova empresa quer impor os vínculos de forma unilateral. A Italia Trasporto Aereo iniciará sua trajetória com 2,8 mil funcionários, enquanto a Alitalia tem 10,5 mil.

"Hoje não é um dia de funeral, mas sim o início de uma resistência. Não vamos nos resignar, e a ITA não pode ser o futuro do transporte aéreo na Itália. 8 mil pessoas não sabem como será seu futuro, foram abandonadas pelo governo e pela política", disse Francesco Staccioli, líder de um sindicato de assistentes de voo, durante uma manifestação em Fiumicino.

Em um dos terminais do aeroporto, trabalhadores estenderam faixas com as palavras "resistência" e "vergonha" e foram aplaudidos por passageiros presentes no local.

A nova companhia terá uma frota de 52 aviões, quantia que será aumentada para 78 em 2022 e 105 até o fim de 2025, e usará como hubs os aeroportos de Fiumicino e Linate. As rotas cobrirão inicialmente 45 destinos (podendo chegar a 74 até 2025), incluindo Nova York, Miami, Tóquio, São Paulo e Buenos Aires.

Crise

Pertencente oficialmente à holding Compagnia Aerea Italiana (51%) e à Etihad Airways (49%), a Alitalia está sob intervenção do governo desde maio de 2017 por causa de uma crise de liquidez que a deixou à beira da falência.

A empresa sobreviveu nesse período graças a empréstimos públicos que totalizam 1,3 bilhão de euros - todos eles feitos entre 2017 e o fim de 2019 -, sendo que a UE já determinou que o repasse de pelo menos 900 milhões desse montante foi ilegal e terá de ser restituído.

O bloco possui normas rígidas sobre ajudas estatais a empresas privadas, o que fez o governo italiano optar pela estratégia de fundar uma nova companhia aérea ao invés de simplesmente reestatizar a Alitalia.

Ansa - Brasil   
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