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Maduro anuncia câmbio que implica 96% de baixa na Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, anunciou uma taxa de câmbio única atrelada à criptomoeda petro

18 ago 2018 - 13h57
(atualizado às 16h10)
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O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, anunciou uma taxa de câmbio única atrelada à criptomoeda petro de seu governo socialista, desvalorizando efetivamente em 96%, medida que economistas dizem que estimularia a hiperinflação no país.

Nicolas Maduro segura uma nota da nova moeda venezuela, o Bolivar Soberano, enquanto discursa no Palácio Miraflores, em Caracas.
Nicolas Maduro segura uma nota da nova moeda venezuela, o Bolivar Soberano, enquanto discursa no Palácio Miraflores, em Caracas.
Foto: Miraflores Palace/Handout / Reuters

Em uma das maiores reformas econômicas do governo de cinco anos de Maduro, o ex-motorista de ônibus e líder sindical também afirmou que aumentaria o salário mínimo em 3.000 por cento, elevaria a taxa de imposto corporativo e aumentaria os preços do combustível subsidiado nas próximas semanas.

"Eu quero que o país se recupere e eu tenho a fórmula. Confie em mim", disse Maduro em discurso à noite transmitido pela televisão estatal.

Maduro disse que cada petro, equivalente a 60 dólares em barril de petróleo venezuelano, valerá 3.600 bolívares soberanos, ou 360 milhões dos atuais bolívares, o que implica uma nova taxa de câmbio de referência bem acima da atual e que pode acelerar ainda mais a hiperinflação.

Economistas, no entanto, expressam dúvidas de que o governo sem dinheiro da Venezuela, que enfrenta sanções dos Estados Unidos e deu calote será bem-sucedido.

Os venezuelanos verão seus escassos salários ainda mais reduzidos e as companhias vão lutar com os aumentos de impostos e do salário mínimo, disseram.

"Em meio a essa desvalorização agressiva e aumentos monetários devido aos salários e bônus, estamos esperando um estágio muito mais agressivo de hiperinflação. Ainda mais em um contexto onde a eliminação da impressão excessiva de dinheiro não é credível. O pior de todos os mundos", disse o economista venezuelano Asdrubal Oliveros, da consultoria Ecoanalitica.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a inflação na Venezuela atingiria 1 milhão por cento este ano.

Após uma década de bonança pelo petróleo, que gerou um boom de consumo no país membro da Opep, muitos cidadãos pobres estão agora sem comida, enquanto os salários mensais se resumem a alguns poucos dólares por mês.

Centenas de milhares de venezuelanos imigraram de ônibus pela América do Sul em uma das piores crises de migração da região.

"Campeões mundiais em desastres econômicos!" disse o líder da oposição Henrique Capriles em seu Twitter após o anúncio de Maduro. "Nenhum venezuelano merece viver essa tragédia ou que essas pessoas incapazes destruam nossa nação!"

Maduro afirmou que iria rever as taxas de câmbio díspares da Venezuela e fixar salários, pensões e preços ao petro, criptomoeda lançada pelo governo no início do ano.

Não ficou imediatamente claro como o governo pretendia realizar as mudanças financeiras e o Ministério da Informação não respondeu a um pedido de detalhes.

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'Estas notas não servem para outra coisa': o homem que faz bolsas com dinheiro da Venezuela:
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