Justiça manda prender prefeito por morte de PM a tiros em vaquejada no MA
A Justiça do Maranhão determinou a prisão preventiva do João Vitor Xavier (PDT), prefeito de Igarapé Grande, por envolvimento na morte do policial militar Geidson Thiago da Silva, em Trizidela do Vale. O crime ocorreu no domingo (6), durante uma vaquejada. A decisão, assinada pelo juiz Luiz Emílio Braúna Bittencourt Júnior, da 2ª Vara de Pedreiras, foi divulgada nesta segunda-feira (14).
Além da prisão, a Justiça autorizou busca na casa do prefeito e em seu gabinete. Também foi determinado o recolhimento da arma usada no homicídio, além da apreensão de celulares, computadores, e acesso a e-mails e redes sociais. O mandado deverá ser cumprido pela Polícia Civil em até 20 dias a partir da data do crime.
Por que o prefeito não foi preso logo após o crime?
Na segunda-feira (7), um dia após o homicídio, João Vitor se apresentou à Delegacia de Presidente Dutra. Prestou depoimento e foi liberado. Segundo o delegado Ricardo Aragão, da Superintendência de Polícia Civil do Interior, não houve flagrante que justificasse a prisão imediata.
A defesa do prefeito sustenta que ele agiu em legítima defesa. A versão apresentada afirma que o policial sacou uma arma durante uma discussão motivada pelo farol alto do carro do prefeito. Porém, de acordo com testemunhas e com a Polícia Civil, os disparos ocorreram pelas costas da vítima. "Foram cerca de cinco tiros, provavelmente todos pelas costas. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML de Timon, para perícia", disse o delegado Diego Maciel, de Pedreiras.
No depoimento, João Vitor afirmou ter jogado a arma fora no local do crime. No entanto, o revólver calibre .38 ainda não foi encontrado. Segundo ele, a arma foi um presente de um eleitor e não possuía registro.
Imagens de uma câmera de segurança mostram um homem se aproximando de um carro preto, pegando um objeto e caminhando até uma aglomeração. Em seguida, ele corre de volta ao veículo e deixa o local. As gravações não mostram o momento exato do disparo, mas reforçam a suspeita de que o PM foi atingido pelas costas.
Durante o evento, segundo relatos, João Vitor Xavier teria discutido com o policial conhecido como "Dos Santos", que estava de folga. A confusão começou após o PM pedir que o prefeito diminuísse o farol do veículo, que estaria incomodando o público presente.
O policial foi socorrido e levado a um hospital em Pedreiras. Depois, foi transferido, mas morreu durante o atendimento. Ele era lotado no 19º Batalhão da Polícia Militar e foi sepultado na terça-feira (8).
Afastamento do cargo e licença médica
Enquanto a investigação avança, a Câmara de Igarapé Grande aprovou o afastamento temporário do prefeito. Em sessão na quarta-feira (9), os vereadores autorizaram licença médica por 125 dias. A vice-prefeita Maria Etelvina assumiu o cargo.
João Vitor justificou o pedido afirmando estar "profundamente abalado (...), circunstância que demanda cuidados médicos específicos, sobretudo por ser um paciente bariátrico". Durante o afastamento, ele continuará recebendo o salário integral, de R$ 13.256,08 líquidos.
Testemunhas continuam sendo ouvidas pela polícia, e as imagens obtidas na vaquejada serão periciadas.