Ação do Air Max Day em São Paulo termina com tumulto e pessoas feridas
Ação organizada pelo coletivo Survival Energy, Nike e Guadalupe viralizou, culminando em superlotação, pisoteamento e pessoas feridas
Uma ação da Nike, Bil Guadalupe e Survival Energy no Air Max Day desencadeou uma confusão geral e deixou 6 pessoas feridas. O socorro demorou para chegar e algumas pessoas perderam o tênis que possuíam no meio da bagunça.
A expectativa inicial era de festa. Um dos melhores projetos originais de Air Max dos últimos anos, o Air Max DN, seria dado de graça (100 pares) em comemoração ao Air Max Day, celebrado em todo 26 de março desde 2014, quando o tênis fez 27 anos. Mas o resultado foi bem longe do esperado. Uma aglomeração muito acima da esperada pelos organizadores, o coletivo Survival Energy, a Nike e a loja Guadalupe, levou a uma confusão generalizada que deixou seis pessoas feridas segundo a Polícia Militar de São Paulo, três em estado mais grave.
A partir deste momento do texto passo a escrever em primeira pessoa. Eu estava lá e acompanhei bem de perto tudo que aconteceu. Cheguei às 19h, hora marcada para começar a ação, e a Rua do Paraíso já estava completamente tomada. Chuto de 1.500 a 2 mil pessoas. O ponto de encontro era a loja da Guadalupe no Paraíso, bem ao lado. Na interseção da loja com a Rua do Paraíso estava parado o caminhão que faria a ação de distribuição dos tênis, que foi anunciada apenas como uma dinâmica de sorte, sem muitas explicações.
Por volta das 20h as camisetas começaram a ser jogadas pela porta de trás do caminhão. Este foi o momento em que a multidão percebeu que algumas camisetas estavam com um vale tênis dentro, para ser trocado no dia seis de abril no evento oficial de lançamento do sneaker. A partir daí o que era apenas uma aglomeração intensa virou uma batalha campal pelas camisetas que valiam um tênis de graça. Eram 250 camisetas e 100 vales. Pelo que vi as 250 camisetas não foram arremessadas devido ao empurra-empurra que começou a sacudir até o caminhão.
A impaciência foi aumentando e algumas pessoas subiram no caminhão e na estrutura de proteção contra chuva de um ponto de táxi do lado para tentar pegar as camisetas logo na origem. Este foi o exato momento em que o evento saiu de controle. As pessoas começaram a se espremer na direção do caminhão, as que foram caindo foram pisoteadas e a estrutura do ponto de táxi desabou, levando junto alguns jovens que ainda foram pisoteados.
Diante do caos, o caminhão saiu, metade das pessoas foram atrás, ainda pensando se tratar da dinâmica, e o restante foi dispersando. Revelando a quantidade de feridos e os tênis perdidos e rasgados pelo caminho. Ironicamente, algumas pessoas foram tentar ganhar tênis de graça e perderam os que possuíam. Um adolescente aparentemente fraturou a costela, algumas pessoas estavam arranhadas e com o rosto vermelho e três rapazes, por volta dos 20 anos de idade, ficaram bem feridos. Os seis feridos foram enviados a cinco hospitais diferentes nas proximidades da região.
Apesar das inúmeras ligações o socorro demorou por volta de uma hora para chegar (não havia socorro no local contratado pela organização). A polícia chegou antes e foi dispersando as pessoas que estavam ali tentando ajudar de alguma forma. Um dos meninos que começou a receber atendimento estava sem camisa e foi envolto em uma manta térmica prateada, processo padrão de atendimento do SAMU, o que gerou nas redes sociais um boato de falecimento no local que definitivamente não procede. Eu estava exatamente do lado desse menino e falando com ele, inclusive.
Organizadores se pronunciam
Procurada, a Nike enviou uma nota oficial de posicionamento: "Em relação à ação realizada na última terça-feira, 26 de março, a Nike, a Guadalupe e a Survival esclarecem que o engajamento do evento superou as expectativas iniciais. No entanto, é com pesar que relatamos que durante o evento, algumas pessoas precisaram de atendimento médico. É importante ressaltar que, felizmente, nenhum dos casos apresentou maior gravidade. A organização está em contato com as respectivas famílias das pessoas afetadas para prestar assistência. Nossa prioridade é apoiar as pessoas que precisaram de atendimento médico para que se recuperem completamente."
