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PT define Haddad como vice de Lula e fecha com PCdoB

Partido põe em prática 'plano B' e Manuela d'Ávila abre mão de sua candidatura

5 ago 2018 - 21h53
(atualizado em 6/8/2018 às 07h26)
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A Executiva Nacional do PT aprovou na noite deste domingo, 5, o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato a vice na chapa presidencial do partido e fechou uma aliança com o PCdoB, que passa a integrar a coligação formada também pelo PROS e PCO.

O acordo foi orientado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Com isso, Manuela d'Ávila deixa de ser candidata ao Palácio do Planalto pelo PCdoB, que terá o direito de assumir a vice na chapa após a Justiça Eleitoral definir a validade da candidatura de Lula.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-presidente Lula em evento em São Paulo, em 2016
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-presidente Lula em evento em São Paulo, em 2016
Foto: Gabriela Biló / Estadão

Mesmo cumprindo pena de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente foi oficializado no sábado candidato do PT. Ele, porém, está potencialmente inelegível com base na Lei da Ficha Limpa após a condenação em segunda instância. Por isso, na prática, a indicação de Haddad deflagra o "plano B" da sigla na disputa presidencial.

O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que as chapas precisam estar oficializadas até 24 horas após o fim das convenções acelerou a decisão do PT e de outros presidenciáveis.

Carta de Lula

Antes de o partido oficializar a aliança, Lula havia encaminhado da prisão em Curitiba uma carta para a Executiva Nacional do partido na qual indicava o nome de Haddad. Na carta, Lula orientou a possibilidade de Manuela compor a chapa, mas deixou a decisão para a direção petista, que iniciou negociações com o aliado histórico. Dirigentes petistas deixaram a sede nacional do partido para uma nova reunião com líderes do PCdoB, em São Paulo. O acordo foi anunciado já no início na madrugada deste domingo.

"A Manuela disse que nunca foi óbice à unidade política e nós vamos fazer a unidade que for possível construir no primeiro turno", disse Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB.

Segundo fontes do partido, embora o nome de Lula seja mantido até o limite da Justiça, a escolha de Haddad significa que a sigla optou por desencadear o "plano B". A Executiva do PT, no entanto, nega que o ex-prefeito seja o "plano B". Na condição de candidato a vice, Haddad, que também é o coordenador do programa de governo do PT, passa a ser o principal porta-voz de Lula, representante da candidatura petista em debates e sabatinas e centro dos holofotes no partido.

Conforme dirigentes petistas, o ex-prefeito vai ter no mínimo um mês para consolidar a posição até a Justiça Eleitoral tomar uma decisão sobre a situação eleitoral de Lula. O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pela 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e deverá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de pessoas condenadas em órgãos colegiados.

O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exigindo que os partidos definissem candidato e vice até este domingo, prazo final para realização das convenções partidárias, obrigou o PT a antecipar a decisão. A estratégia original do partido e de Lula era levar as conversas com outros partidos até o dia 15, quando termina o prazo para registro das candidaturas.

Haddad era o favorito de Lula e de setores do PT desde quinta-feira passada. Em reunião com dirigentes petistas e advogados na sexta-feira, em Curitiba, Lula determinou que a legenda fosse consultada sobre três nomes: Haddad, a presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffomann, e o ex-ministro Jaques Wagner.

No sábado, Wagner declinou da possibilidade de ser vice e confirmou que vai disputar uma vaga no Senado pela Bahia. No fim de semana, Haddad e seus aliados ajudaram a derrubar as últimas resistências ao seu nome, impostas principalmente por líderes de movimentos sociais e por parte dos integrantes da bancada paulista do PT na Câmara, que preferiam Gleisi ou Wagner.

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Estadão
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