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Em ato com sindicalista, Haddad é chamado de 'presidente' e expõe dilema do PT

Organizadores tentaram contornar a situação dizendo insistentemente que Haddad é o vice mas o estrago já estava feito

20 ago 2018 - 22h42
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Candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Operação Lava Jato - o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi anunciado como "futuro presidente do Brasil", nesta segunda-feira, 20, em um evento com sindicalistas em São Paulo.

Os organizadores e demais oradores da plenária "Compromissos com o Povo Brasileiro para a Soberania Energética", realizado na sede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), bem que tentaram contornar a situação dizendo insistentemente que Haddad é o vice mas o estrago já estava feito.

Quando o ex-prefeito chegou ao local do ato um dos mestres de cerimônia, Jadir Bonacina, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), anunciou: "Viva o nosso presidente da República, futuro". O ato falho de Bonacina expõe o dilema do PT, que tenta manter o discurso de manutenção da candidatura de Lula nas eleições 2018, possivelmente enquadrado na Lei da Ficha Limpa, quando a cada dia fica mais evidente que Haddad é o candidato de fato.

"Ele é (candidato a ) vice presidente da República e pode vir a ser, se o Lula for impedido, presidente", disse o ex-ministro Carlos Gabas, que participou do evento.

Em seu discurso, Haddad evitou citar nomes mas rebateu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu amigo pessoal, que entrevista ao jornal O Globo disse que o ex-prefeito é uma "marionete de Lula". "Eles (tucanos) estão nervosos, estão começando a ofender, a subir o tom. Por que? Hoje tem pesquisa. O 'homem' (Lula) cresceu cinco pontos. Preso!", provocou Haddad.

O ex-prefeito tentou associar o PSDB ao governo Michel Temer (MDB), citando a participação de tucanos em momentos importantes do atual governo como a Reforma Trabalhista, cujo relator foi o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES); a nova lei da partilha do pré-sal, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP) e o "desmonte" da Petrobrás, segundo Haddad comandado pelo tucano Pedro Parente. "Sempre tem um tucano por trás de uma maldade", afirmou.

Petistas viram no discurso de Haddad um movimento voltado para dentro do partido, onde ainda sofre resistências entre outras coisas por ser visto como "amigo" dos tucanos FHC e Geraldo Alckmin. Ao criticar Temer, Haddad parece ter esquecido que o presidente foi duas vezes candidato a vice na chapa do PT. "Não sei de onde o Temer saiu", disse.

Ao comentar a pesquisa do Ibope na qual aparece com 4% das intenções de voto, Haddad manteve o discurso de que Lula é o candidato. "Não sou candidato. Nem sei porque a pesquisa está sendo feita", disse Haddad. "A tendência é vitória do Lula no primeiro turno."

Indagado sobre o cenário com Lula, no qual o petista aparece na liderança com 37%, Haddad tentou ressaltar a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU que recomenda ao Estado brasileiro que o ex-presidente seja mantido na disputa eleitoral. "É decorrência sobretudo do fato de que as notícias do exterior estão chegando aos brasileiros em relação à decisão da ONU de exigir do Brasil que ele participe do primeiro turno", avaliou.

Estadão
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