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Alckmin muda campanha e anuncia Perillo para coordenar área política

Tucano diz que meta é união com 'Centrão', grupo com parlamentares de doze siglas

14 jun 2018 - 17h01
(atualizado em 15/6/2018 às 11h19)
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SÃO PAULO - Sob forte pressão de aliados, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, começou a fazer mudanças na equipe. Cobrado por não deslanchar nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin anunciou na quinta-feira, 14, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como coordenador político da campanha, procurando acalmar as várias correntes do partido. A missão de Perillo será tentar articular um bloco de centro em torno de Alckmin, movimento que vem sendo chamado pelos tucanos de "concertação".

Até agora, o PSDB não conseguiu alargar o arco de alianças, mas conta com a promessa de apoio de quatro partidos: PSD, PTB, PV e PPS. "A boa política é que vai ajudar. É importante ter parceiros", disse Alckmin, que espera aumentar o seu tempo de exposição no horário eleitoral de TV, em agosto.

A maior esperança do PSDB reside no apoio do DEM, uma vez que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), decidiu disputar a reeleição e sairá do páreo em julho. O DEM, no entanto, ainda não definiu com quem fará dobradinha.

Em busca de mais parceiros para engrossar a coligação, Alckmin tomou café da manhã, na quinta, com o presidente do PROS, Eurípedes Junior, um dia depois de ter se encontrado com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que comanda o Solidariedade. Nada, porém, foi fechado. O deputado disse a Alckmin que o bloco formado por SD, DEM, PP, PRB e PSC definirá até 15 de julho um candidato. Sugeriu, ainda, que ele tenha mais pulso na campanha.

Depois de ter defendido o diálogo entre o PSDB e Marina Silva, pré-candidata da Rede, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso gravou na quinta um vídeo de apoio a Alckmin, postado nas redes sociais. "A escolha de um presidente é sempre um momento crucial para um País, mas agora (...), mais do que nunca, porque nós precisamos escolher um presidente que reforce a democracia e que tenha o olhar competente para resolver as questões do povo", disse FHC. "Por que é minha opção Geraldo Alckmin? Porque ele é um homem preparado, é um homem que sabe que é preciso olhar para o gasto público, mas ele é sobretudo um homem pessoalmente simples e um homem ligado à população. Isso é importante, ligar o destino do País à vida de cada um".

Pré-candidato ao Senado, Perillo afirmou que pedirá auxílio de ex-presidentes do PSDB para aglutinar os partidos de centro, mas excluiu dessa lista o senador Aécio Neves (MG), réu da Lava Jato. "Ele está cuidando da vida dele como senador, cuidando da sua defesa. Não tem interesse nenhum em participar de qualquer coordenação na área política", desconversou.

O novo coordenador político da campanha tucana disse que até o MDB do presidente Michel Temer cabe na "concertação". Nos últimos tempos, no entanto, Alckmin e o MDB - que lançou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato - acabaram se distanciando.

"A meta nossa tem de ser uma concertação com o Centrão, o centro democrático", afirmou Perillo. "Temos, dentro do possível, de avançar nessa aliança. Quero tirar dos ombros do Geraldo todo esse peso, todas as cobranças. Ele não é onipresente. Está todo mundo preocupado com o futuro, ninguém quer polarização de extremos."

A escolha de Perillo, porém, causou desconforto em uma ala do DEM. Motivo: ele é ferrenho adversário do senador Ronaldo Caiado, que concorrerá ao governo de Goiás. A indicação reforçou o grupo do DEM que prega o apoio a Ciro Gomes (PDT), e não a Alckmin.

Na noite de quarta-feira, Maia jantou com o ex-governador do Ceará Cid Gomes, que coordena a campanha de Ciro, seu irmão. "Mas a nossa prioridade é o PSB. É um partido que, estrategicamente, está mais próximo do que nós representamos enquanto projeto para o Brasil", disse Cid. Para ele, o PSB daria à candidatura de Ciro "a moldura" que o PDT busca.

Perillo ignorou as críticas feitas pelo DEM. Ele foi um dos que participaram de uma reunião com Alckmin há onze dias, em São Paulo, que tinha no cardápio pizza e cobranças sobre falta de coordenação na campanha. Naquele encontro, o ex-governador paulista não escondeu a contrariedade quando foi cobrado por líderes do PSDB sobre sua paralisia nas pesquisas. Irritado, chegou a dizer até mesmo que, se preferissem, poderiam trocar o candidato.

"À medida que o Geraldo escala pessoas experientes para o time, vai tranquilizando não só o PSDB como os aliados e dando respostas a essas pessoas que estavam um pouco ansiosas e inquietas", argumentou Perillo.

Aeroporto

Para apagar o "fogo amigo" na equipe tucana, aliados de Alckmin providenciaram uma espécie de desagravo, no qual deputados federais do PSDB, além do próprio FHC, gravaram vídeos com mensagens de apoio a ele. Dirigentes do partido também estão convocando correligionários por WhatsApp para esperar Alckmin em aeroportos, como ocorreu em Brasília e em São Paulo, ontem. "Geraldo presidente", gritaram simpatizantes do tucano, no Aeroporto de Congonhas. O objetivo da manifestação é mostrar que ele não está isolado na corrida presidencial. / COLABOROU ISADORA PERON

Estadão
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