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A síndrome da decadência

“... o mundo antigo, para mim, é a verdadeira morada do espírito humano, o que veio depois é lamentável.” Arnold Toynbee

8 jan 2018 - 12h53
(atualizado às 14h14)
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Atribui-se ao poeta grego Hesíodo – vivido no século 7 ou 8 a.C. - ter versado uma narrativa sobre os deuses enfocado a guerra movida por Zeus contra o seu pai Crônos. Não só isto, ele teria sido o primeiro a organizar uma cronologia das etapas percorridas pela humanidade, começando com a idade do Ouro, decaindo para a da Prata, desta para o Bronze, e finalmente a do presente de todos nós, a idade do Ferro. Período  amargo de muitos trabalhos, suor e violência. Expôs assim a sensação de mal-estar e nostalgia que acompanha sempre parte considerável das sociedades até hoje.

Detalhe da escultura de Zeus, na Piazza Navona de Trevi, Roma, Itália
Detalhe da escultura de Zeus, na Piazza Navona de Trevi, Roma, Itália
Foto: iStock

Quantos outros não se lançaram pelos séculos afora a referendar o pessimismo do grande grego?

Mais próximo a nós encontra-se Oswald Spengler com o famoso livro “A Decadência do Ocidente” publicado em 1918 e que tornou um sucesso de vendas nos anos do pós Iª GM. E com razão, a Europa, num acesso coletivo de estupidez, arrastara o mundo para quatro anos de guerra (1914-18).

O Ocidente estava perdido

O seu admirador mais célebre, o historiador Arnold Toynbee herdou-lhe o sentido do fim-dos-tempos  no Estudo de História, com 10 volumes (1934-1961). Nesta linhagem de pouco otimismo se insere Niall Fergunson, excelente prosador, que recentemente visitou a capital a convite do Fronteiras do Pensamento

No fundo eles, os dois britânicos, confundem a situação declinante do império em que nasceram (o inglês para Toynbee e Fergunson) com o naufrágio do Ocidente como um todo. Quando vemos é o contrario. Nunca ele foi tão seguido e copiado. Chineses, japoneses coreanos indonésios, africanos e tantos outros, vestem-se como executivos americanos, orientam sua produção mediada pelos padrões ocidentais de consumo e organizam-se, cada vez mais em instituições inspiradas por Washington, Londres, Paris ou Berlim. Que decadência é esta?

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Fonte: Especial para Terra
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