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Cursos tecnológicos ligados ao agronegócio são aposta para suprir demanda por profissionais

Participação do setor correspondeu a 26,6% do PIB do Brasil em 2020

18 jul 2021 - 05h10
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Um dos segmentos que há décadas impulsiona a economia do País, o agronegócio amplia sua força e demonstra não ter sido tão afetado pelos problemas relacionados à pandemia. Conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 2,06% em dezembro de 2020 e concluiu o ano com uma expansão recorde de 24,31% em relação a 2019.

Com isso, a participação do setor no PIB do Brasil saltou de 20,5% em 2019 para 26,6% em 2020. Nesse contexto, cursos tecnológicos ligados ao agronegócio são apostas das instituições de ensino superior para suprir as demandas por profissionais alinhados aos avanços.

Na Universidade Paulista (Unip), o Curso Tecnológico de Gestão do Agronegócio, criado em 2014, propõe formar profissionais com domínio dos processos de gestão e das cadeias produtivas do setor, como definir investimentos, avaliar custos e controlar o uso de insumos. Esse tecnólogo pode atuar na prospecção de mercados, na identificação de alternativas de capacitação de recursos; em logística e comercialização dos produtos agrícolas. Outro campo promissor é o mercado futuro de ações, com negociações de contratos de commodities agrícolas (café, soja, milho etc) em bolsa de valores nacional e internacional.

"O Brasil precisa de profissionais familiarizados com o uso de tecnologias modernas na agricultura. Uma de nossas atividades é mostrar aos alunos como o uso de drones pode proporcionar uma agricultura de precisão", diz Rogério Traballi, coordenador do Curso Tecnológico de Gestão do Agronegócio da Unip. "Temos uma pequena fazenda experimental e, nela, o drone auxilia em monitoramento e obtenção de dados exatos para plantar, colher e irrigar."

Técnicas. Com a pauta da sustentabilidade ganhando cada vez mais relevância no universo agrícola, o curso da Unip também explora técnicas que buscam melhorar a produtividade com o mínimo impacto ambiental.

Uma delas é a aquaponia, um sistema que mescla o uso da água para o plantio com a criação de peixes. Os excrementos produzidos pelos animais, ricos em nutrientes, são utilizados para alimentar as plantas, ao mesmo tempo em que elas executam uma filtragem da água, que depois é devolvida aos peixes.

"Viajo bastante a outros países como professor visitante e vejo um interesse grande pela agricultura do Brasil. Mas, infelizmente, temos muito desperdício de recursos naturais e administrações baseadas em achismo", afirma Traballi. "Queremos mudar esse cenário, estimulando os alunos a terem um espírito empreendedor e inovador, dedicado a pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis criativas."

A busca por um aprimoramento dos processos de gestão foi a principal razão que levou o empresário Edson Pacífico Lopes, de 58 anos, a procurar o curso tecnológico da Unip. Ele é proprietário de uma corretora de seguros de equinos e bovinos, criada em 2002. Com o curso, que fez entre 2016 e 2019, sente que ampliou seus horizontes. "A graduação me ajudou a obter conhecimentos para ir além da parte de produção no agro, e envolver os aspectos comerciais, abrir mais possibilidades de atuação."

Lopes expandiu seus negócios no ramo agrícola, com produção de grãos e frutas. Resultado de um dos temas de aulas que mais chamaram a sua atenção: o estudo dos problemas de logística do País, uma deficiência histórica do agronegócio que contrasta com a excelência de outros fatores.

"Impactou bastante ver as diferenças entre o Brasil de dentro e de fora da porteira da fazenda. Por um lado, temos exemplos de ponta em tecnologia e produtividade de grãos e plantações, mas, por outro, um cenário amador de gargalos de transporte e escoamento. Isso faz o agricultor perder muito dinheiro e tem de ser levado em conta em qualquer planejamento de gestão agrícola", diz o empresário.

Estadão
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