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Nunca é tarde demais para largar seu emprego e se tornar um comediante

Shaun Eli Breidbart foi banqueiro em Wall Street por 19 anos, mas desistiu de uma carreira lucrativa pela felicidade

31 dez 2021 - 05h10
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Ao subir no palco fora de Nova York, o comediante stand-up Shaun Eli Breidbart geralmente começa com uma piada: "Olá, sou Shaun Eli e estou muito feliz por estar aqui. Mas eu sou um nova-iorquino - estou feliz por estar em qualquer lugar onde possa estacionar de graça!"

Breidbart, 59, foi banqueiro em Wall Street por 19 anos, os últimos 13 trabalhando com gestão de portfólio de renda fixa ("A descrição mais fácil desse trabalho é transformar uma grande pilha de dinheiro de outra pessoa em uma pilha um pouco maior de dinheiro de outra pessoa", ele disse).

Pelos padrões de Nova York, ele tinha uma vida bastante tranquila, normalmente trabalhando das 9h às 17h. Por escolha, ele disse que sempre trabalhou para empresas que não exigiam tanto dele, mas também não pagavam muito bem. Era uma boa troca. "Se eu trabalhasse 80 horas por semana, não teria tempo de escrever e fazer comédia stand-up", disse Breidbart, que é solteiro e mora em Pelham, Nova York.

Enquanto estava crescendo em Bayside, Queens e Scarsdale, no subúrbio de Nova York, a educação era algo fundamental para seu pai nascido no Brooklyn, um contador, e sua mãe, que imigrou da Ucrânia. Não havia ilusões sobre seu caminho. "Meus pais não colocaram muita pressão em mim", ele disse. "Eles disseram que eu poderia ir para qualquer faculdade de medicina que eu quisesse."

Breidbart acabou se formando em economia pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Mas ele disse que foi ficando muito desgastado com a monotonia de sua carreira. Uma mulher com quem ele saía sugeriu que ele experimentasse a comédia stand-up e fizesse um curso de comédia. Na época, Breidbart estava escrevendo piadas e vendendo-as como freelancer para os apresentadores de talk shows noturnos Jay Leno, Jimmy Fallon e Conan O'Brien.

Ele inicialmente rejeitou a ideia de sua amiga por causa do medo do palco. Mas a curiosidade o venceu, então ele tentou - e ficou felizmente surpreso ao ver que o curso o ajudou a se sentir confortável no palco. Seis anos depois, em 2009, houve o "adeus ao emprego". Confira trechos da entrevista a seguir.

Por quanto tempo você pensou em ser um comediante antes de dar o primeiro passo?

Esse seria um número negativo porque eu não planejava ser um comediante. Quando fiz o curso, não tinha certeza de que funcionaria. Mas depois do curso, comecei a me apresentar em noites de microfone aberto e de novos talentos. Eu tentava estar no palco cinco ou seis vezes por semana, pelo menos. Seis anos depois de começar a comédia stand up, percebi que tinha dois empregos de tempo integral. Essencialmente, eu era um comediante e banqueiro e, para a decepção de meus pais, desisti do emprego lucrativo pela felicidade.

O que é que te deixa feliz em ser um comediante?

Para reduzir meu trabalho a seus elementos: sou pago para fazer as pessoas felizes. O que poderia ser melhor que isso? Acho que era a mesma coisa quando eu trabalhava na Baskin-Robbins no colégio e na faculdade, pegando e servindo sorvete, mas o riso não tem gordura, nem calorias, nem sal e você pode fazer isso por uma hora e meia de cada vez.

Como sua busca mudou sua vida?

Eu não preciso usar um despertador, a menos que eu tenha um voo de manhã cedo. E eu não pego voos de manhã cedo. Eu sou meu próprio chefe, então se alguém é um idiota, eu não tenho que trabalhar com ele. Se eu quiser fazer uma pausa, posso fazer uma pausa. Se eu quiser viajar para algum lugar, faço apresentações de comédia lá e isso vira uma dedução de impostos.

Qual o seu próximo passo?

Eu gostaria de retomar as viagens internacionais. Mais ou menos um ano e meio antes da Covid, comecei a fazer apresentações internacionais. Trabalhei na Irlanda, no Reino Unido, na Holanda, na África do Sul, na Austrália, na Nova Zelândia e na Tailândia. Mas muitos países ainda têm números ruins da Covid e muitas pessoas que assistem a apresentações de comédia em inglês no exterior são turistas, então provavelmente há bem menos deles atualmente.

O que você gostaria de ter sabido quando era mais jovem?

Eu gostaria de ter sabido que não tinha que fazer tudo o que me disseram para fazer, a minha vida era uma espécie de "isso é o que você faz quando se torna adulto." A ideia de trabalhar com artes nunca ocorreu a ninguém da minha família. Na minha família existem médicos, advogados e cientistas. Ser inteligente não significa que você precisa ganhar a vida sendo médico, advogado ou cientista.

O que você diria a outras pessoas que se sentem paralisadas e estão procurando por uma mudança?

Liberte-se. Se você puder encontrar algo que queira fazer que valha a pena, faça. Eu também diria, se você está interessado em comédia stand up - não faça! Eu não preciso de competição. Mas qualquer outra coisa, se você sempre quis fazer algo, experimente.

Que lições as pessoas podem aprender com sua experiência?

Esta é a lição que quero que todos aprendam: pare de contar piadas para comediantes. Não é assim que funciona. É nosso trabalho contar piadas para vocês, não o contrário. Uma lição séria que as pessoas podem aprender? Eu não sei. Eu não penso mais em termos sérios. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

Estadão
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