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BA: por falta de merenda, escolas fazem 'vaquinha' do açúcar

BA: na falta de merenda, professora "distrai" alunos com brincadeiras

6 jul 2011 - 12h30
(atualizado às 14h18)
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Maria Clara Dultra
Direto da Bahia

O retorno das férias nas escolas municipais do Subúrbio Ferroviário de Salvador (BA) evidenciou um problema que ocorre, pelo menos, desde abril desse ano: a falta de merenda. Para tentar suprir a falta de alimentos os professores acabam organizando "vaquinhas". Sem condições de dar segmento às aulas, algumas escolas chegam a liberar os estudantes mais cedo. Professora há 26 anos, Maria José Santana brinca com os alunos para distraí-los quando eles perguntam da merenda. "Mas eles são tão carentes que não adianta, eles não esquecem", observa.

"Há dois meses fazemos 'vaquinha' com os professores para comprar o açúcar, amenizando a situação. Mas quando falta vários itens, como agora, ficamos sem ter o que oferecer aos alunos", explica a diretora da Escola Municipal Cristóvão Ferreira, Tatiana de Oliveira, que disse não ter previsão de recebimento de mais alimentos.

Na dispensa da escola, localizada no bairro de Itacaranha, restos da última remessa de alimentos, fornecida no dia 14 de junho: macarrão e carne, mas nenhum tempero; tapioca, apenas um litro de leite e nenhum quilo de açúcar para a refeição de 426 alunos.

Com seis alunos em jejum na sala de aula, a professora de inglês, Luzinete Santos estimula que outros estudantes, que trouxeram o lanche de casa, compartilhem com os colegas. "Quando não tem merenda, os professores nos liberam uma hora mais cedo", conta o estudante Giovani Brito, 12 anos, que cursa o 5º ano na escola.

Segundo a diretora de outra escola municipal que não quis ser identificada, a 'vaquinha do açúcar' é uma "exceção que virou regra" em muitos colégios do Subúrbio Ferroviário.

O problema ocorre desde abril, e a despeito do que garantiu a Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), o fornecimento da merenda escolar ainda não foi normalizado. A falta de itens do cardápio acaba inviabilizando a oferta de merenda em algumas unidades.

A secretaria reconhece que não tem controle sobre os prazos de entrega dos fornecedores, problema causado por um modelo falho de gestão descentralizada da alimentação escolar. No entanto, assegura que o problema é circunstancial, e que não atinge mais do que 10% dos 160 mil alunos das 418 escolas da rede municipal de ensino. Ainda de acordo com a secretaria, o atraso na entrega de alguns itens este mês é por conta da finalização dos novos processos licitatórios.

Segundo Antônio Mello, assessor-técnico da Secult, um novo modelo centralizado de gestão da merenda está em fase de implantação para ainda este semestre. A partir de então, a própria secretaria, e não mais os fornecedores, vai cuidar da distribuição da merenda. "Garantimos aos gestores das escolas que, no máximo, na próxima semana, vamos regularizar os atrasos", adianta Antônio Mello.

Diretora da Escola Municipal Olga Metting, Ana Lúcia Silva, explica que desde março a secretaria fala em um novo modelo de gestão. Enquanto o problema não é solucionado, na unidade que administra, a gestora já chegou a pedir "contribuição voluntária" de alunos. "Pedimos, em reunião com os pais, que aqueles que quisessem colaborar trouxessem um tomate, uma cebola, um alho, enfim, algum item de hortifruti".

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Foto: AP
Fonte: Especial para Terra
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