PUBLICIDADE

Ações inclusivas e comunitárias entram na lista de prioridades das escolas

Primeiro passo é o fim da segregação de alunos com necessidades especiais

28 out 2021 - 05h11
Compartilhar
Exibir comentários

A promoção da diversidade, com valorização das características próprias de grupos e indivíduos, está na pauta de diversos setores da sociedade. Poder público, iniciativa privada e instituições variadas estão mais conscientes da urgência em reconhecer, respeitar e promover a multiplicidade que compõe a sociedade.

Políticas inclusivas estão no centro de tais medidas e, nas escolas, começam na quebra de um paradigma clássico: a segregação de alunos com necessidades especiais. Dados do Censo Escolar de 2020 mostram que 90% dos estudantes, público-alvo da educação especial, já estão matriculados em escolas comuns, algo que dá ao Brasil uma posição privilegiada no cenário de inclusão educacional internacional. Mas é preciso ficar atento para que não haja retrocesso.

A Escola Nossa Senhora das Graças criou o setor de apoio à aprendizagem e à participação para acompanhar, de forma pontual ou sistemática, a escolarização dos alunos que vivenciam alguma barreira no processo educativo. "Vemos o tipo de particularidade que constitui uma barreira de aprendizagem e fazemos um planejamento, para que o aluno tenha acesso ao mesmo currículo da turma, mas com sua subjetividade respeitada", diz a psicóloga Simone Devito Burse.

Em parceria com a equipe pedagógica, as famílias, e os especialistas que atendem os estudantes fora da escola, os profissionais do setor buscam identificar as dificuldades construídas na relação escolar e problematizam as concepções e práticas institucionais, a fim de produzir caminhos para o desenvolvimento de cada aluno.

Se for necessário, são utilizados recursos didáticos específicos. Em casos como dislexia, há um material diferenciado para ajudar o aluno a acompanhar o ritmo da turma. Em situações nas quais o aluno necessita de um apoio maior, há profissionais para o acompanhamento individualizado.

No centro das ações de inclusão, há uma outra quebra de paradigma clássico: a ideia de que problemas de aprendizagem acontecem apenas com quem apresenta uma condição diagnosticada. "Um estudante pode estar em um momento emocional difícil, sofrendo com a separação dos pais, por exemplo. Ou talvez possa ter problemas em uma escola, e não em outra", explica Simone. "Qualquer estudante pode necessitar de um apoio mais intenso em algum momento. As barreiras de participação e aprendizagem podem acontecer com qualquer um."

Escolas ampliam papel social

A solidariedade sempre foi necessária frente aos problemas do País. Com a pandemia, tornou-se imprescindível. A partir de agora, é esperado que as instituições ampliem o papel social para uma urgente reestabilização do bem-estar coletivo. No contexto educacional, ser solidário pode ir além de ações pontuais. Há 55 anos, o Colégio Visconde de Porto Seguro mantém o projeto Escola da Comunidade, que oferece bolsas de estudo integrais para alunos com renda per capita de até 1,5 salário mínimo, moradores do entorno do colégio.

Atualmente, são atendidos 1.386 alunos. Além do conteúdo regular, eles têm acesso à educação musical e à expressão artística, participando de projetos como a Banda, a Companhia de Dança e o Coral da Escola da Comunidade. Também recebem orientações para o ingresso na faculdade e no mercado de trabalho.

Diante dos desafios da pandemia, a Escola da Comunidade providenciou ações emergenciais. Com as instalações físicas fechadas pelo isolamento social, a escola adaptou o espaço para funcionar como um centro de distribuição de doações à comunidade.

Para a continuidade dos estudos dos alunos, foi criado um aplicativo por meio do qual os estudantes puderam acessar as aulas com o tráfego de dados pago pela escola. "Fizemos parceria com as operadoras de telefonia móvel", conta Marcos Bitelli, presidente da Fundação Visconde de Porto Seguro. "A maioria dos alunos mais carentes usa o celular para estudar, em planos de dados pré-pagos. Se não tivéssemos feito esse investimento, inviabilizaria o acesso."

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade