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DW faz 65 anos: 30 idiomas, uma emissora

3 mai 2018 - 04h32
(atualizado em 5/6/2018 às 04h03)
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Deutsche Welle completa 65 anos como uma das maiores e mais influentes emissoras internacionais de notícias e com importância crescente em tempos de ameaças à liberdade de imprensa."Queridas e queridos ouvintes de um longínquo país..." Foi com um discurso do presidente alemão, Theodor Heuss, que a Deutsche Welle entrou no ar em 3 de maio de 1953. A missão da emissora, conforme dito na estreia da sua programação, é "transmitir aos ouvintes uma imagem política, econômica e cultural da Alemanha".

Nesta terça-feira (05/06), a DW celebrará seus 65 anos numa cerimônia no Bundestag, com participação da ministra alemã da Cultura, Monika Grütters, e deputados de todas as bancadas parlamentares.

Como convidada especial, a chanceler federal Angela Merkel fará um discurso e se informará sobre projetos atuais da emissora. Entre eles está um vídeo-guia animado em russo, mostrando como desmascarar fake news. Em seguida a ministra Grütters participa de um debate sobre liberdade de imprensa e de opinião.

Inicialmente apenas como emissora de rádio em ondas curtas em alemão, a DW logo conquistou audiência em muitas partes do mundo. Já em 1954, as primeiras línguas estrangeiras foram adicionadas. A redação de português para o Brasil foi criada oficialmente em 1º de julho de 1962. Em 1992 veio a televisão e, logo depois, os serviços na internet.

"Os tempos das ondas curtas eram bem mais fáceis", comenta o diretor-geral da DW, Peter Limbourg. "Era possível alcançar todos os cantos da Terra." Hoje, a transmissão de conteúdo aos espectadores, ouvintes e usuários é muito mais complexa. "Mas, através da internet, das redes sociais e da nossa rede de parceiros, temos a chance de alcançar muito mais pessoas do que antes", afirma Limbourg, que chefia a emissora há quatro anos e meio e busca fortalecer ainda mais sua presença internacional.

"Oferecemos, assim como antes, uma mescla de notícias, reportagens e análises, mas apresentada de forma mais moderna e mais alinhada aos interesses de nossos públicos-alvo, que são diversificados e frequentemente muito jovens", acrescenta o diretor-geral.

O que o termo "emissora" hoje exprime é algo bem mais amplo do que há 65 anos: canais de televisão em quatro idiomas, programas televisivos retransmitidos por parceiros locais, transmissões de rádio em várias línguas, jornalismo online em 30 idiomas e ampla presença nas mídias sociais. Smartphones são hoje cada vez mais importantes para o consumo de conteúdo jornalístico, e os ouvintes do passado deram lugar, muitas vezes, a jovens seguidores.

Para o Brasil, a DW oferece um site com notícias e análises sobre temas brasileiros e internacionais e dois programas semanais de televisão, o Futurando, sobre inovações científicas, tecnológicas e ambientais, e o Camarote 21, dedicado à cultura europeia e também à brasileira. Ambos podem ser vistos pela internet ou em inúmeras emissoras parceiras.

A tudo isso acrescenta-se ainda o trabalho da DW Akademie, a principal organização alemã de apoio ao desenvolvimento internacional da mídia, que desde 1965 já treinou milhares de profissionais do jornalismo de inúmeros países. Não é raro encontrar, também nas redações do Brasil, profissionais de jornalismo que falam sobre a influência e a importância que a passagem pela Deutsche Welle teve na vida deles.

Neste 65º aniversário, muitas coisas se assemelham à difícil situação política global da época de fundação da DW. Mais uma vez fala-se em "guerra fria", a liberdade de expressão e de imprensa está em risco em todo o mundo. "Os tempos tornaram-se mais ásperos, o que implica mais trabalho para a DW. Devemos informar, construir pontes e comunicar valores. Quer chamemos isso agora de 'guerra fria', quer 'ordem mundial multipolar' - os desafios impostos por propaganda, notícias falsas, migração, mudanças climáticas e terrorismo estão aumentando", diz Limbourg.

Ele também menciona o bloqueio parcial da DW em países como a China e o Irã. "Isso nos preocupa, mas também mostra que nosso trabalho é muito relevante", afirma.

"Os funcionários são a chave para o sucesso da Deutsche Welle", diz a declaração de princípios da DW. Em suas duas sedes, em Bonn e Berlim, trabalham cerca de 3.400 pessoas de mais de 60 nacionalidades. Assim, a emissora é provavelmente a instituição mais multicultural da Alemanha. O número de correspondentes na África, na Ásia e na América Latina está crescendo.

"Essa diversidade é um tesouro e um dos pontos fortes da Deutsche Welle", ressalta Limbourg. "Nós aprendemos uns com os outros e vemos que, através do intercâmbio de culturas, religiões e tradições, pode surgir algo novo e bom. E tudo isso acontece dentro de um ambiente liberal e democrático. Para mim, é um grande prazer trabalhar aqui, com tantos colegas diferentes e inspiradores", diz, acrescentando que a Deutsche Welle, mesmo não sendo "uma start up, é uma empresa moderna, com funcionários dispostos a novas experiências em comunicação".

Correspondentes relatam com frequência sobre a presença da DW no exterior. A jornalista Sandra Petersmann, que tem vários anos de experiência em regiões em crise, teve uma prova disso em Eritreia. Em 2000, ainda trainee da DW, ela viajava com médicos de uma organização de ajuda humanitária no Chifre da África. "Nós passávamos no final da tarde por uma pequena aldeia onde algumas dezenas de pessoas estavam reunidas em torno de um pequeno rádio a pilha, sob um magnífico cousso. O som de identificação da estação deixava claro: eles ouviam a Deutsche Welle. Eu não entendia uma palavra sequer do programa em amárico, mas quando deixei claro que eu era jornalista da DW, fui imediatamente convidada para uma cerimônia tradicional com café", conta a jornalista.

Mais tarde, ela vivenciou situações semelhantes no Afeganistão. "Bem longe, nas aldeias, onde as pessoas vivem sem TV e têm fome de informação". Ela lamenta que a DW tenha deixado de transmitir em rádio na maioria de suas línguas.

Repórteres que entram em um dos campos de refugiados na Jordânia ou na Turquia com um microfone da DW na mão também são logo reconhecidos. E quando Jaafar Abdul-Karim, de 36 anos, apresentador mais famoso do canal árabe da DW, está em Beirute, Amã e Cairo, é sempre abordado pelos jovens locais. Seu programa, Shabab talk, fala de questões que as emissoras locais evitam e atinge, assim, um público jovem de milhões de pessoas.

Outro exemplo: quando artigos online recebem um número elevado de cliques em línguas como urdu, pashto ou chinês, isso acontece porque eles abordam temas como liberdade de expressão, direitos das mulheres, corrupção ou educação - e também a política do governo alemão sob Angela Merkel, em tempos de líderes como Donald Trump e Vladimir Putin.

Em tempos globalmente instáveis, os deputados alemães reconhecem a importância da emissora. Recentemente, o Bundestag debateu o trabalho da DW, com elogios vindos de quase todas as bancadas, da esquerda à direita. O reconhecimento pelo Parlamento alemão, onde estão os representantes do povo, é importante, pois desde 1960 a existência da emissora, bancada com recursos públicos, é garantida por lei, conhecida como Lei da Deutsche Welle.

E foi no Bundestag que um deputado especializado em mídia, Martin Rabanus, do SPD, fez um elogio um não recebeu nenhuma objeção: "Esta emissora transmite fatos em vez de fake news, de forma imparcial, inovadora, com respeito aos valores e com coração".

Nada menos que 96% dos usuários, ouvintes e espectadores da DW atestam uma alta credibilidade à emissora, segundo pesquisas em vários países, e isso dentro de uma audiência semanal de mais de 150 milhões de pessoas - e que continua aumentando.

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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram

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