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Coronavírus

Vacinados também podem espalhar covid-19, alerta médico do governo inglês

Vice-diretor médico do governo da Inglaterra pede para quem já tomou vacina obedecer regras de isolamento para conter nova onda de coronavírus

24 jan 2021 - 09h02
(atualizado às 12h01)
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Pessoas que receberam a vacina contra a covid-19 ainda podem transmitir o vírus para outras pessoas e devem continuar seguindo as regras de distanciamento social, advertiu o vice-diretor médico da Inglaterra Jonathan Van-Tam.

Governo pretende vacinar até 15 milhões de pessoas até meados de fevereiro
Governo pretende vacinar até 15 milhões de pessoas até meados de fevereiro
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Em artigo no jornal Sunday Telegraph, Van-Tam enfatizou que os cientistas "ainda não sabem qual é o impacto da vacina na transmissão".

Ele disse que as vacinas oferecem "esperança": segundo o governo do Reino Unido, 75% das pessoas com mais de 80 anos no país já tiveram a primeira dose da vacina.

À BBC, o ministro da saúde Matt Hancock disse que cerca de três quartos dos moradores de lares de idosos do país também foram vacinados.

Segundo Van-Tam, disse que "nenhuma vacina nunca foi" 100% eficaz. Portanto, segundo o especialista, não há garantia de proteção.

É possível contrair o vírus no período de duas a três semanas após receber uma injeção, disse ele.

Também segundo o médico, é "melhor" esperar "pelo menos três semanas" para que uma resposta imunológica se desenvolva totalmente em pessoas mais velhas.

"Mesmo depois de receber as duas doses da vacina, você ainda pode passar a covid-19 a outra pessoa e as cadeias de transmissão continuarão acontecendo", escreveu o professor Van-Tam.

"Se você mudar seu comportamento, ainda poderá espalhar o vírus, manter o número de casos elevado e colocar em risco outras pessoas que também precisam da vacina, mas estão mais atrás na fila."

Intervalo entre doses

Nesta semana, médicos pediram às autoridades de saúde na Inglaterra que reduzissem o intervalo entre a primeira e a segunda doses da vacina Pfizer-BioNTech.

O intervalo máximo foi estendido pelo governo de três para 12 semanas. O objetivo era garantir que mais pessoas recebessem a primeira dose com maiss velocidade em todo o Reino Unido.

Mas a Associação Médica Britânica disse que é "difícil de justificar" esta política e defendeu que a diferença seja reduzida a seis semanas.

O presidente da associação, Chaand Nagpaul, disse à BBC que há "preocupações crescentes" de que a vacina possa se tornar menos eficaz com doses de 12 semanas de intervalo.

O vice-diretor médico do governo inglês respondeu às críticas com uma pergunta.

"Aqueles que estão no grupo de risco devem ter acesso mais lento à sua primeira dose para que alguém que já tenha tomado uma dose (e, portanto, a maior parte da proteção) possa obter a segunda?"

Quase 6 milhões de vacinados

Mais de 5,8 milhões de pessoas no Reino Unido receberam sua primeira dose de uma vacina, de acordo com dados oficiais do governo sobre o coronavírus.

O serviço de saúde pública da Inglaterra anunciou a abertura de 32 novos locais de vacinação em todo o país a partir de segunda-feira.

Eles incluem o museu Black Country Living, de Dudley, que também serviu de cenário para a série de TV Peaky Blinders, o estádio Home Park do time Plymouth Argyle FC e uma loja de uma megarede de móveis e decoração em Stratford, Londres.

Os novos postos elevam para 49 o número de locais de vacinação em massa em toda a Inglaterra - além de 70 farmácias, mais de mil consultórios de clínica geral e 250 hospitais, que também oferecem a vacina.

Na Escócia, mais de um terço das pssoas com maiss de 80 anos receberam a vacina. Na Irlanda do Norte, o total de vacinados neste grupo supera 50%.

Variante encontrada no Reino Unido pode "matar mais"

O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johson, disse nesta sexta (22/01) que a nova variante do coronavírus descoberta no país pode matar mais do que as linhagens já conhecidas, de acordo com novas evidências científicas que estão surgindo.

Os dados foram coletados e analisados por pesquisadores do NERVTAG (sigla em inglês para Grupo de Aconselhamento para Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes), que repassou as informações para o governo.

No entanto, as pesquisas continuam em seu estágio preliminar. Outros estudos já haviam mostrado que essa nova variante pode se espalhar com mais facilidade do que outras versões do vírus.

A nova cepa surgiu em setembro no interior do Reino Unido, foi identificada em dezembro e, desde então, se tornou a principal versão do vírus na Inglaterra e na Irlanda do Norte - e se alastrou para mais de 50 países.

"Além de se espalhar mais rápido, agora parece que há evidências de que a nova variante pode estar associada com uma taxa maior de mortalidade", disse o primeiro ministro.

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