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Coronavírus

Para cumprir acordos, Butantan divide linhas de produção entre Coronavac e vacina da gripe em abril

Órgão paulista também sofre com atraso na chegada de insumos do imunizante contra a covid-19

9 abr 2021 - 05h10
(atualizado às 07h10)
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Principal fornecedor para a campanha nacional de vacinação contra a covid-19, o Instituto Butantan divide a sua produção entre a Coronavac e o imunizante da influenza (gripe comum). Para atender à demanda, o órgão paulista vai reduzir o ritmo de produção da Coronavac em abril, mas garante a entrega de 46 milhões de doses até o dia 30, conforme o contrato com o governo federal. O Butantan também enfrenta um problema de atraso na chegada de insumos da China, que era prevista para esta semana, mas deve ocorrer só até dia 20.

Em março, foram entregues 22,7 milhões de doses da Coronavac e outras 7,3 milhões de doses da vacina da influenza pelo instituto. Para isso, foi preciso criar uma força-tarefa com 1,6 mil funcionários trabalhando em quatro turnos. O ritmo de produção vai permanecer intenso em abril, mas com algumas mudanças. A vacinação nacional contra a gripe começa na próxima segunda-feira, 12.

Das duas linhas de produção de vacinas, apenas uma será exclusiva para Coronavac. Com isso, a previsão de produção cai para cerca de 10 milhões. Por outro lado, devem ser fabricadas 20 milhões de doses da vacina contra a gripe. Até junho, a meta é chegar aos 80 milhões de doses do imunizante contra a gripe.

"O Instituto Butantan se organizou para cumprir as entregas tanto da vacina contra o coronavírus quanto a da gripe para o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde", informou o órgão, em nota ao Estadão.

Epidemiologistas afirmam que é necessário produzir as vacinas simultaneamente para realizar as duas campanhas de imunização, contra covid e influenza. "A campanha da gripe precisa acontecer até julho, pois é o período de maior transmissão da doença", avalia a epidemiologista Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações entre 2011 e 2019.

"Não é possível pensar em alterar o calendário de vacinação. Temos de vacinar contra a influenza antes do nosso inverno", completa Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O segundo contrato do Butantan com o Ministério da Saúde, assinado em fevereiro, prevê o fornecimento de mais 54 milhões de doses da Coronavac até 30 de agosto. O instituto paulista informa que vem mantendo entendimentos com o laboratório chinês Sinovac no sentido de antecipar essa entrega de matéria-prima, vinda China.

Nesta quarta-feira, 7, o Butantan informou que interrompeu o envase de novas doses diante do esgotamento de insumos. O diretor do instituto, Dimas Covas, disse à GloboNews que o processo foi suspenso há dez dias e afirmou que houve um atraso no envio de um novo lote de insumos da China.

Nesta quinta-feira, o governo de São Paulo afirmou que receberá até o próximo dia 20 a matéria-prima necessária para produzir 5 milhões de doses. Não é a primeira vez que a linha de envase é paralisada à espera da chegada de novos lotes de IFA da China. Entre janeiro e fevereiro, a fábrica também ficou dias ociosa.

Já em relação à matéria-prima da vacina de gripe, esse não é um problema. "O IFA da vacina da influenza é produzido no Brasil, um dos maiores produtores mundiais deste imunizante", explica o virologista Rômulo Neris, mestre em Microbiologia pela Universidade Federal do Rio (UFRJ).

Somando a produção de 100 milhões de doses da vacina contra covid-19 e de 80 milhões de doses da vacina contra a influenza, o Butantan vai entregar 180 milhões de vacinas ao governo federal ao longo de 2021.

Duas campanhas

A vacina influenza protege contra três tipos de gripe. Sua composição é alterada anualmente, por causa da alta taxa de mutação do vírus. Bem conhecida dos brasileiros, ela é distribuída gratuitamente a crianças menores de 6 anos, gestantes, trabalhadores da saúde, idosos com 60 anos e mais, entre outras categorias. A previsão é de que 79 milhões de pessoas sejam imunizadas.

Neste ano, a vacinação contra a influenza, realizada entre 12 de abril e 9 de julho, vai coincidir com a vacinação contra a covid-19. "Em um cenário de saturação dos serviços de saúde, em razão do aumento no número de casos de covid-19, a vacinação contra a influenza assume particular relevância para proteger populações vulneráveis em risco de desenvolver formas graves da doença e reduzir o impacto das complicações respiratórias atribuídas à influenza na população", informou o Ministério da Saúde.

A epidemiologista Ethel Maciel faz alerta. "Após tomar a Coronavac, é preciso esperar duas semanas para tomar a vacina contra a gripe. E vice-versa. É muito importante observar o intervalo entre uma vacina e outra", afirma a especialista.

Esse cuidado é necessário porque ainda não foram estudados os possíveis efeitos de tomar a vacina contra a Covid-19 junto a outras vacinas.

Estadão
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