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Como está a Síria um ano após a queda de Bashar al-Assad

7 dez 2025 - 19h21
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País comemora conquistas, como avanços na política externa, reabertura de embaixadas e o fim de sanções. Mas ainda sofre com infraestrutura destruída, pobreza extrema, desemprego e temor de virar autocracia.Esta segunda-feira (08/12) marca o primeiro aniversário da queda do ditador sírio Bashar al-Assad.

A família Assad governou a Síria por mais de 50 anos, primeiro com Hafez al-Assad (a partir de 1971) e, após sua morte em 2000, com seu filho Bashar.

O regime autocrático dos Assad levou a uma revolta popular em 2011, seguida por uma brutal guerra civil que durou quase 14 anos.

Mas, em 8 de dezembro de 2024, uma ofensiva relâmpago liderada pelo grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS) fez o regime de Assad cair quase sem resistência . Assad e sua família fugiram para a Rússia e, em janeiro, o líder do HTS, Ahmad al-Sharaa, tornou-se presidente interino da Síria.

Passado um ano, como está a situação da Síria? Confira um resumo.

Segurança e estabilidade

Não há mais bombas lançadas de helicópteros nem ataques aéreos russos contra clínicas médicas. Mas "a Síria continua lidando com um cenário de segurança fragmentado", relatou em novembro um briefing do Conselho de Segurança da ONU.

A capital, Damasco, está relativamente calma. Segundo a Syria Weekly, um boletim regular de Charles Lister, especialista do Middle East Institute, os níveis de violência estão diminuindo.

No entanto, ainda ocorrem confrontos entre as forças de segurança do novo governo sírio e outros grupos pelo país, como aqueles pertencentes às minorias curdas e drusas , conforme destacou um briefing da ONU.

Forças pró-Assad ainda estão presentes, embora ocultas, e o ressurgimento do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) também é problemático, já que ele se aproveita da segurança precária.

Está claro que as novas autoridades sírias não têm controle total do país, segundo um relatório recente da Agência da União Europeia para o Asilo (AUEA). "Incidentes de anarquia, criminalidade e violência retaliatória são relatados", observou a agência.

Justiça de transição

Uma das principais razões para os incidentes contínuos de violência é a perseguição a pessoas consideradas ex-colaboradoras do regime de Assad. É por isso que a justiça de transição — um processo que reconheceria os crimes cometidos tanto pelo regime de Assad quanto por outros grupos — é importante, argumentou o Centro de Justiça e Responsabilização da Síria (SJAC, na sigla em inglês), com sede em Washington, em um artigo publicado em setembro.

Em maio, o governo criou duas comissões independentes — uma focada em encontrar os milhares de sírios ainda desaparecidos após a guerra e outra sobre crimes cometidos pelo regime de Assad.

O SJAC relata que a primeira tem sido a mais ativa, enquanto a segunda "tem mostrado menos progresso, possivelmente devido ao menor apoio do governo central".

A comissão de justiça de transição também foi criticada por analisar apenas crimes cometidos pelo governo Assad e não por outros grupos, como — potencialmente — o próprio HTS de al-Sharaa e seus aliados.

Democratização

A Síria realizou sua primeira eleição relativamente livre este ano. Devido às circunstâncias, os organizadores argumentaram que o pleito não poderia ser direto — em vez disso, foi realizado por meio de colégios eleitorais.

O país também está elaborando uma nova constituição e realizou um diálogo nacional para consultar sobre este e outros temas.

No entanto, sérias divergências sobre a futura governança do país entre o governo interino e outras comunidades permanecem. Os críticos também afirmam que al-Sharaa está consolidando o poder e se comportando cada vez mais como um autocrata. Por enquanto, os analistas ainda mantêm uma postura de "esperar para ver".

"Certamente é cedo demais para falar sobre uma Síria em processo de democratização, mas as novas instituições que surgiram representam uma modesta reinserção na política eleitoral", escreveu Patricia Karam, pesquisadora do Arab Center Washington, em novembro. "Esses desenvolvimentos colocam a Síria em um ponto crucial: o país pode avançar para uma governança genuinamente participativa ou recair no autoritarismo."

Política externa

Este é provavelmente o setor em que a Síria viu as maiores mudanças. Embaixadas estão sendo reabertas e novos políticos nomeados, como o ministro das Relações Exteriores da Síria e o presidente al-Sharaa, têm viajado pelo mundo.

Antes, al-Sharaa — que já trabalhou com o grupo terrorista al-Qaeda — figurou em várias listas de sanções e tinha uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua captura. Mas, em setembro, ele conseguiu discursar na Assembleia Geral da ONU e, em novembro, tornou-se o primeiro líder sírio a visitar a Casa Branca desde 1946.

Autoridades sírias têm buscado contato com todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, incluindo Rússia e China. Isso é visto como um sinal de quão pragmática se tornou a política externa da Síria: a Rússia era aliada do regime Assad e, antes, al-Sharaa e muitos de seus colegas seriam considerados alvos da Rússia.

O maior problema atual da política externa síria são as incursões contínuas de Israel em território sírio. "As operações militares israelenses colocam civis em risco, inflamam tensões regionais, minam o frágil ambiente de segurança e ameaçam a transição política", disse Najat Rochdi, vice-enviado especial da ONU para a Síria, em novembro.

Sociedade

Muitos sírios que fugiram do país durante a guerra estão retornando para casa. Dados recentes mostram que cerca de 2,9 milhões de sírios voltaram — isso inclui aproximadamente 1,9 milhão de deslocados internos e mais de um milhão que retornaram do exterior.

Mas eles enfrentam problemas significativos. De acordo com dados do Conselho Norueguês de Refugiados, "muitas famílias retornam à [Síria] e encontram apenas ruínas […] as pessoas estão voltando para infraestrutura danificada, escolas e hospitais destruídos e disputas sobre a posse de suas casas."

Em novembro, o Comitê Internacional de Resgate informou que "mais da metade das redes de abastecimento de água e quatro em cada cinco redes elétricas estão destruídas ou não funcionam".

As estimativas para a reconstrução da Síria variam entre 250 e 400 bilhões de dólares (R$ 1,3 trilhão a R$ 2,1 trilhões), podendo ser ainda maiores.

Os sírios têm feito esforços para mudar isso. Entre outras coisas, uma análise recente da organização humanitária Mercy Corps, baseada em imagens de satélite da iluminação noturna no país, constatou que a produção de eletricidade tem melhorado — embora as melhorias ainda não sejam abrangentes.

E, no início de novembro, a Sana, agência oficial de notícias da Síria, informou que 823 escolas em todo o país foram renovadas, enquanto o trabalho continua em outras 838.

Economia

Muitos dos que retornam para casa não conseguem emprego. A guerra civil devastou a economia do país. Hoje, cerca de um quarto dos sírios ainda vive em extrema pobreza.

Há boas notícias, porém. Um relatório do Banco Mundial publicado em julho deste ano prevê que a economia síria deve crescer 1% em 2025.

A maioria das sanções da era Assad foi suspensa permanentemente ou temporariamente, o que deve ajudar na recuperação econômica. Além disso, o apoio financeiro de países como Arábia Saudita e Catar, na forma de bilhões de dólares em acordos de investimento, também pode contribuir — embora, como apontou o Instituto Tahrir para Políticas do Oriente Médio, "o impacto material na vida cotidiana dos sírios ainda não seja sentido".

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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