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3I Atlas: Postagens enganam sobre características do cometa para dizer se tratar de espaçonave

ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE O OBJETO, VINDO DE FORA DO NOSSO SISTEMA SOLAR, TEM TODAS AS CARACTERÍSTICAS DE UM COMETA

30 out 2025 - 12h42
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O que estão compartilhando: que o cometa 3I Atlas, que está atravessando o Sistema Solar, na verdade seria uma espaçonave alienígena com estrutura metálica capaz de refletir a luz como se estivesse camuflada. O conteúdo ainda afirma que o objeto emite pulsos térmicos idênticos a cada 11 minutos e apresenta um movimento antigravitacional em sua rota.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. As evidências disponíveis até o momento indicam que o 3I Atlas é corpo celeste, provavelmente um cometa, de origem interestelar, ou seja, vindo de fora do nosso Sistema Solar. Especialistas da Academia Brasileira de Ciências e do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desmentiram o boato que circula nas redes sociais de que ele seria uma nave alienígena.

Saiba mais: Diferentemente do que aponta o conteúdo checado, que alcançou mais de 8 mil curtidas e 3 mil comentários no Facebook afirmando que se trata de uma espaçonave alienígena, o 3I Atlas é um corpo celeste de origem interestelar, ou seja, formado fora dos limites do Sistema Solar.

Segundo o geólogo Álvaro Penteado Crósta, professor da Unicamp e membro da Academia Brasileira de Ciências, todas as evidências disponíveis indicam que o objeto é provavelmente um cometa.

Ele explica que esta é apenas a terceira vez que a comunidade científica consegue detectar um corpo desse tipo — um visitante vindo de outro sistema planetário. Em 2017, astrônomos observaram o asteroide Oumuamua e, em 2019, o cometa Borisov.

"Isso não quer dizer que sejam os primeiros visitantes interestelares do Sistema Solar; é provável que outros já tenham passado por aqui antes, mas sem que houvesse instrumentos capazes de registrá-los", afirma.

De acordo com ele, o 3I Atlas compartilha características com cometas já conhecidos, mas sua trajetória hiperbólica mostra que não pertence ao Sistema Solar e, portanto, não permanecerá por aqui por muito tempo.

A expectativa é que o objeto atinja sua máxima aproximação com o Sol neste fim de semana, ainda a dezenas de milhões de quilômetros da Terra. O professor reforça que não há qualquer evidência de risco ou ameaça representada pelo cometa.

O astrofísico Thiago Gonçalves, diretor do Observatório do Valongo da UFRJ e pesquisador apoiado pelo Instituto Serrapilheira, confirma que o 3I Atlas apresenta todas as características de um cometa comum — incluindo a presença de uma cauda e o comportamento típico desse tipo de corpo celeste.

Ele explica que algumas propriedades químicas observadas, como a abundância de níquel na cauda, chamaram a atenção dos pesquisadores, mas não indicam qualquer tipo de anomalia ou tecnologia artificial. "Essas diferenças refletem apenas as condições de formação química em outro sistema planetário", comenta.

O astrofísico destaca que não há indícios de reflexos metálicos incomuns, pulsos térmicos regulares ou movimentos antigravitacionais, como afirmam algumas publicações nas redes sociais.

"O uso do termo antigravitacional já mostra que há um problema, porque não é um conceito científico. O que pode ocorrer, em alguns casos, é um leve desvio de trajetória causado pela emissão de gases ou poeira — algo comum em cometas — mas que não altera a ação da gravidade", explica.

Thiago também lembra que o interesse científico pelo 3I Atlas aumentou neste período por ele estar no periélio, o ponto de maior aproximação com o Sol. "A partir de novembro, quando o objeto sair da região ofuscada pela luz solar, haverá novas campanhas de observação para determinar com mais precisão sua órbita e composição", frisa.

Ambos os especialistas ouvidos pelo Verifica observam que conteúdos que associam cometas ou asteroides a civilizações alienígenas surgem com frequência sempre que há eventos astronômicos de grande repercussão, e que esse tipo de narrativa causa um desserviço à ciência e à defesa planetária.

"O papel dos cientistas é comunicar as evidências, e o da imprensa é ajudar a fazer essa informação chegar ao público de forma consistente", conclui Thiago.

Estadão
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