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Catalunha recua de declaração formal de independência para permitir conversas

10 out 2017 - 20h17
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O líder da Catalunha recuou de uma declaração formal de independência da Espanha nesta terça-feira, reivindicando um mandato para realizar a separação, mas dizendo que irá adiá-lo para permitir mais tempo para conversas com Madri sobre o futuro da região.

Presidente catalão Carles Puigdemont assina declaração de independência da Catalunha
10/10/2017 REUTERS/Albert Gea
Presidente catalão Carles Puigdemont assina declaração de independência da Catalunha 10/10/2017 REUTERS/Albert Gea
Foto: Reuters

O discurso de Carles Puigdemont ao Parlamento da região autônoma desapontou milhares de apoiadores pró-independência juntos do lado de fora na esperança de escutar a assembleia adotar uma proclamação unilateral de independência.

Puigdemont tem estado sob intensa pressão de todas as partes. O governo espanhol havia ameaçado ação mais firme, possivelmente incluindo imposição de governo direto da Catalunha por Madri, caso ele seguisse em frente com ações de separação.

O governo do primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, haviam pedido para Puigdemont não proclamar independência. O presidente da França, Emmanuel Macron, rejeitou o pedido de Puigdemont para mediação da União Europeia, dizendo estar confiante de que Madri pode lidar com a situação.

O governo de Puigdemont tem estado envolvido em um confronto com Madri desde que realizou um referendo em 1º de outubro, que foi declarado ilegal por um alto tribunal espanhol.

O governo catalão informou que 90 por cento dos que votaram apoiaram a independência, mas o comparecimento foi de apenas 43 por cento, conforme muitos opositores à independência ficaram em casa. Centenas ficaram feridos conforme a polícia espanhola interveio para fechar estações de voto.

Puigdemont disse ao Parlamento regional de Barcelona que o resultado forneceu um mandato popular por independência.

"Eu assumo... o mandato de que a Catalunha se torne um Estado independente na forma de uma República", disse, antes de prolongados aplausos na assembleia, que foi fortemente protegida pela polícia catalã.

"Eu proponho suspender os efeitos da declaração de independência para realizar conversas nas próximas semanas, sem as quais não é possível alcançar uma solução."

Ele e outros políticos regionais posteriormente assinaram um documento proclamando "total soberania" para a Catalunha, mas não é claro se a ação possuía qualquer valor legal.

"Nós convocamos todos os Estados e organizações internacionais para reconhecerem a República catalã como um Estado independente e soberano. Nós convocamos o governo catalão para tomar todas as medidas necessárias para tornar possível e totalmente efetiva esta declaração de independência e as medidas contidas nesta lei de transição que funda esta República", informou o documento.

O impasse catalão é a pior crise política da Espanha desde uma tentativa de golpe militar em 1981.

O governo conservador de Rajoy planejou decidir os próximos passos sobre a Catalunha durante um encontro na quarta-feira e ele estava em consultas com outros partidos sobre como prosseguir.

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