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RJ: ex-militares perseguidos na ditadura inauguram memorial

8 mai 2014 - 00h02
(atualizado às 00h13)
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Ex-militares da Força Aérea Brasileira (FAB) que foram perseguidos durante o regime militar fizeram um ato público na quarta-feira em frente ao Clube Militar, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. O objetivo foi inaugurar um monumento em memória à verdade e à justiça e em  homenagem aos homens e mulheres que resistiram à ditadura militar.

"Esse memorial é dedicado aos militares cassados e perseguidos por defenderem a democracia e os direitos constitucionais. Pela verdade, memória, reparação e justiça, para que não se esqueça e nunca mais aconteça", registra a placa do monumento.

Um dos militares perseguidos pela ditadura, Belmiro Demétrio disse à Agência Brasil que foi preso quando servia como cabo da Aeronáutica em Canoas, no Rio Grande do Sul. "Fui preso porque me manifestei simpatizante de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Depois, fui ameaçado de morte", conta. Demétrio acabou sendo expulso da Aeronáutica. "Fui dado como subversivo pelo regime". Depois disso, veio para o Rio de Janeiro, onde mora há mais de 43 anos e trabalha no ramo da construção civil. Anistiado, ele espera receber reparação financeira.

Evaldo Figueiredo também era cabo durante o regime militar e, no início do período ditatorial, servia no setor de arquivo do Hospital de Aeronáutica dos Afonsos (Haaf), na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele contou que foi perseguido e expulso da Aeronáutica pela Portaria 1.104/64, que impedia a estabilidade dos cabos. Segundo Figueiredo, a portaria estabeleceu um tempo para soldados e cabos deixarem o serviço militar. "Não podíamos mais continuar na carreira. Foi um ato de arbitrariedade", definiu.

Depois que saiu da Aeronáutica, ele fez um curso técnico de mecânica pesada no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) e passou a trabalhar no estaleiro Ishibrás e, depois, na empresa francesa Michelin, onde se aposentou.

Figueiredo destacou que, após a assinatura da Lei 10.559, de 2002, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, foi dado aos militares perseguidos durante a ditadura o direito de reaverem o que perderam. Naquele mesmo ano, ele deu entrada no pedido de indenização na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, mas ainda não recebeu nada.

Reunidos em seminário na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), os ex-militares da FAB cassados vão elaborar uma carta que será encaminhada à presidenta Dilma Rousseff, narrando a situação dos que foram perseguidos pelos próprios militares. A expectativa é que, décadas depois, a justiça seja restabelecida.

Agência Brasil Agência Brasil
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