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Relatório da Petrobras diz que óleo no Nordeste é venezuelano

9 out 2019 - 07h18
(atualizado às 10h12)
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Investigação revelada pela imprensa brasileira sugere que manchas que atingem mais de cem pontos do litoral nordestino seriam mistura de óleos provenientes da Venezuela. Bolsonaro fala em possível ação criminosa.Um relatório da Petrobras divulgado nesta terça-feira (08/10) pela imprensa brasileira concluiu que as manchas encontradas em praias do litoral do Nordeste seriam uma mistura de óleos provenientes da Venezuela. O número de locais atingidos na região aumentou para 138.

Manchas de óleo em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco
Manchas de óleo em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco
Foto: DW / Deutsche Welle

Investigações sigilosas realizadas pela Marinha, Polícia Federal e pela estatal petrolífera concluíram que foram encontradas nas manchas na costa brasileira as mesmas características do petróleo produzido na Venezuela.

O laboratório de geoquímica da Petrobras analisou 23 amostras recolhidas e as comparou com o petróleo produzido pela empresa brasileira. As análises confirmaram que as manchas não seriam provenientes da extração ou da produção de produto no Brasil.

"Cada petróleo teria, entre aspas, um DNA específico. Esse conteúdo de moléculas que está em cada amostra é que me permite diferenciar um petróleo do outro e correlacioná-los, buscar semelhanças ou diferenças. Então a gente grosseiramente pode dizer que cada petróleo tem um DNA diferente", explicou o geólogo Mário Rangel, gerente do laboratório da Petrobras, citado pelo portal G1.

A Petrobras se limitou a dizer que o petróleo cru analisado nas amostras não é da empresa. "[A análise] atestou, por meio da observação de moléculas específicas, que a família de compostos orgânicos do material encontrado não é compatível com a dos óleos produzidos e comercializados pela companhia", disse a estatal em nota.

Questionado, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que ainda não é possível confirmar a origem das manchas de óleo, mas disse que considera três hipóteses: um navio naufragado, um acidente na transferência de óleo de um navio para outro ou até mesmo um despejo criminoso.

As possibilidades de que o petróleo tenha brotado de uma fissura no fundo do mar ou que seja resultado da limpeza de um tanque de navio são pouco prováveis.

"São aproximadamente mais de 500 barris de petróleo, o que indica que não é simplesmente a lavagem de um tanque de um navio. Alguma coisa extraordinária aconteceu", disse Castello Branco. "Existe a possibilidade de esse material ser liberado gradualmente."

Até o momento, as equipes do governo já recolheram desde o mês passado 133 toneladas de óleo no litoral nordestino. "Desde 12 de setembro, a Petrobras realizou, por solicitação do Ibama, limpeza de praias que apresentaram manchas de óleo nos últimos dias, nos estados de Alagoas, Sergipe, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia", afirmou a empresa.

O trabalho de limpeza das praias é realizado pelas equipes do Centro de Defesa Ambiental da Petrobras. Apenas no estado de Alagoas, 15 praias foram atingidas pela poluição. O óleo ameaça também os corais na região e impede o trabalho dos pescadores.

Alguns dos locais turísticos mais visitados do Nordeste foram atingidos, como Porto de Galinhas e Boa Viagem, em Pernambuco, Praia do Forte e Porto de Sauípe, na Bahia, Praia da Pipa e Natal, no Rio Grande do Norte, e João Pessoa, na Paraíba.

Antes da divulgação do relatório da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro insinuou que o governo sabia de qual país vieram as manchas de óleo e especulou que poderia se tratar de uma ação criminosa.

"Eu não posso acusar um país, vai que não é aquele país. Não quero criar problemas com outros países. É reservado", afirmou, sem mencionar a Venezuela. "Temos no radar um país que pode ser a origem do petróleo."

"É um volume que não está sendo constante, não é? Se fosse um navio que tivesse afundado, estaria saindo ainda óleo. Parece que [...] criminosamente algo foi despejado lá", acrescentou.

RC/ots/abr

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